segunda-feira, 30 de junho de 2008

Vampire Weekend | Oxford Comma

Os nova-iorquinos Vampire Weekend, uma das grandes sensações de 2008, estão de regresso aos singles e aos vídeos. «Oxford Comma» sucede aos excitantes «Cape Cod Kwassa Kwassa», «Mansard Roof» e «A-Punk». O ritmo é um pouco mais moderado, mas a entusiasmo por este quarteto não sai em nada beliscado.

domingo, 29 de junho de 2008

Viagens à tasca

Nos últimos tempos tenho optado por efectuar as minhas investidas tasqueiras em estabelecimentos situados nos arredores de Lisboa. Porquê? Principalmente porque só aí a oferta me tem surpreendido: ora pelos discos que dominam o momento na «blogosfera» nacional e que desaparecem num abrir e fechar de olhos dos escaparates das principais tabernas da capital, ora pelas mais variadíssimas edições especiais, com principal enfoque para as importações nipónicas. Foram, precisamente, algumas destas últimas «encomendas» que surgiram nos meus movimentos bancários dos últimos meses.
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Começamos com «Creep – 4 Track E.P.» dos Radiohead. Tanto a banda como a canção dispensam quaisquer apresentações. «Creep» continua a ser o maior sucesso comercial dos Radiohead. Originalmente lançado em Setembro de 1992, «Creep» foi o primeiro single de «Pablo Honey», o debut da banda de Thom Yorke, e um dos maiores sucessos radiofónicos do início dos anos 90. Numa altura em que o grunge ainda dominava o panorama rock, «Creep» surgiu em cena como um autêntico «outsider». Mostrou ao mundo o «weirdo» Thom Yorke e classificou os britânicos Radiohead como mais uma banda «one hit wonder». Inesperadamente e ouvindo agora esta edição japonesa do E.P. «Creep», a história revelou-nos o primeiro caso «one hit wonder» com credibilidade. Os álbuns que se seguiram evidenciavam cinco músicos em estado de graça. O sucesso comercial ficou relegado para segundo plano e «Creep» acabou por se tornar numa das composições mais indistintas dos Radiohead. No entanto, os riffs são incisivos e a tensão é inquietante. Sentimos um leve desconforto emocional e fazemos nossas as palavras de Thom Yorke («But I’m a creep / I’m a weirdo / What the hell am I doin’ here / I don’t belong here»). Dos restantes três temas incluídos neste precioso E.P. encontramos «Yes I Am», um dos lados-b de «Pablo Honey», a interessante remistura de Phil Vinall para «Blow Out» e uma versão ao vivo de «Inside My Head» (original editado no single de «Creep»), registada na mítica sala Metro de Chicago. Nada de extraordinário na discografia dos Radiohead, mas um doce para qualquer admirador dos Radiohead.
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Seguimos em solo japonês e na companhia de Thom Yorke. 2006 foi o ano da sua estreia a solo. «The Eraser» seguiu as pisadas de «Kid A» e «Amnesiac» e as opiniões dividiram-se, tal como aquando da edição dos dois álbuns mais electrónicos dos Radiohead. O E.P. «Spitting Feathers», exclusivo para o mercado japonês, reúne os «leftovers» de «The Eraser» (lados-b dos singles «Harrowdown Hill» e «Analyse») e o vídeo de «Harrowdown Hill». Mais uma vez o disco revelar-se-á mais apetecível para os seguidores dos Radiohead e Thom Yorke. Dos cinco temas que compõem «Spitting Feathers», é a «Extended Mix» do soberbo «Harrowdown Hill» que mais brilha: as electrónicas são delicadas e sonhadoras, a cadência gerada é afectuosa e a interpretação de Thom Yorke oferece-lhe uma sedutora tensão emocional. Ouvimos ainda a noctívaga e embriagada «The Drunkk Machine», a despretensiosa e divagadora «A Rat’s Nest», o frenesim dopado de «Jetstream» e a tresloucada declaração «Iluvya» (I Luv Ya). Importante complemento a «The Eraser». Menção final para o extraordinário vídeo, realizado por Chel White, de «Harrowdown Hill».
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Falemos agora dos Kaiser Chiefs. Depois da auspiciosa estreia discográfica com «Employment» (2004), álbum que incluía os singles «Oh My God», «I Predict A Riot», «Everyday I Love You Less And Less» e «Modern Way», houve quem vislumbrasse um qualquer renascimento da britpop dos anos 90. Apesar de evidenciarem uma postura rock mais agressiva, Ricky Wilson e companhia não conseguiam disfarçar as constantes piscadelas de olhos a nomes como Blur, Elastica, The La’s, Supergrass e Pulp. Referências às quais adicionavam, habilmente, uma vertente cénica para apresentarem inebriantes exercícios pop. Cenário que se transmutou com o segundo e pouco inspirado álbum «Yours Truly, Angry Mob». Porém, e antes de «Your Truly, Angry Mob» surgiu, no mercado japonês, a compilação de lados-b «Lap Of Honour». Do single «I Predict A Riot» encontramos o frenesim pop de «Sink That Ship» e a empolgante versão live, gravada na sala Fillmore de San Francisco, do também lado-b «Take My Temperature». De «Oh My God» são repescados dois apontamentos: o divertido «Hard Times Send Me» e o slow dissimulado e em crescendo que é «Think About You (And I Like It)». Da edição maxi-single do mega-sucesso «Everyday I Love You Less And Less» surgem «Not Surprised», retirado do imaginário Morrissey + Johnny Marr, e um dos temas mais swingantes e dançáveis dos Kaiser Chiefs com «Seventeen Cups». Registe-se, ainda, a inclusão, exclusiva para este E.P., da remistura mais acelerada e mecânica do tema «Na Na Na Na Naa» (autoria do colectivo japonês Polysics). Desta forma, e com apenas sete temas retirados das sessões de «Employment», os Kaiser Chiefs superam «Yours Truly, Angry Mob», dando-nos algumas esperanças para futuros registos.
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Chegamos à derradeira proposta do presente post. Julgo que esta será a primeira passagem dos «manos» The White Stripes por este espaço. O duo de Detroit lançou em 2007 «Icky Thump», o sexto álbum de uma notável carreira discográfica. O disco acabou por ser galardoado com o Grammy de melhor álbum alternativo do ano. Porém, o que me traz aqui é a autêntica pérola que é «Walking With A Ghost», E.P. datado de Dezembro de 2005 (seis meses após «Get Behind Me Satan», provavelmente o registo menos inspirado da banda, mas igualmente bom). O tema título desta edição é um original do «twin-duo» canadiano Tegan & Sara, uma composição pop que respira o indie blues rock que faz mover os The White Stripes. Razão pela qual «Walking With A Ghost» é tão bem tratada por Jack & Meg White, que lhe dão uma imagem mais eléctrica e radiosa e um pouco mais acelerada. Como extras encontramos alguns dos lados-b dos singles de «Get Behind Me Satan», os quais passam pelas versões live, registadas a 1 de Junho de 2005 em Manaus (Brasil), de «Same Boy You’ve Always Known» e «Screwdriver» (um clássico dos The White Stripes que surge aqui anexada a «Passive Manipulation»); pela passagem da banda em Agosto de 2005 nas sessões radiofónicas «Morning Becomes Electric» da KCRW com os temas «As Ugly As I Seem» e «The Denial Twist»; e, exclusivamente para esta edição japonesa, a brilhante cover (mais uma) de «Shelter Of Your Arms», original dos The Greenhornes (banda onde militam alguns dos elementos que compõem os The Raconteurs, de Jack White). Enfim, mais uma extraordinária aposta dos norte-americanos The White Stripes.

Para terminar não deixo uma, mas sim duas propostas audiovisuais das edições agora apresentadas: o arrebatador «Harrowdown Hill» de Thom Yorke e a vibrante cover dos The White Stripes para «Walking With A Ghost».



sábado, 21 de junho de 2008

The Dandy Warhols | Mission Control

Os norte-americanos The Dandy Warhols estão de regresso aos discos com «...Earth To The Dandy Warhols...», álbum que sucede ao menor «Odditorium Or Warlords Of Mars» (2005). A banda de Courtney Taylor-Taylor, responsável por sucessos indie como «Not If You Were The Last Junkie On Earth», «Everyday Should Be A Holiday», «You Were The Last High» ou «Bohemian Like You», deixou a Capitol Records para fundar a sua própria editora. No entanto, apesar de «...Earth To The Dandy Warhols...» já ter sido editado em formato digital, o disco só chegará às lojas no final do Verão. Por enquanto fica o vídeo de «Mission Control», um dos novos temas dos The Dandy Warhols.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Hercules & Love Affair | You Belong

Depois do sucesso alcançado com «Blind», tema que revelou uma faceta mais disco de Antony Hegarty, «You Belong» é a mais recente aposta dos Hercules And Love Affair para promover o álbum de estreia. Enquanto esperamos pelo concerto do próximo dia 10 de Julho, inserido no cartaz do festival Optimus Alive! 08, deixo em alta rotação o novo vídeo da banda.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Viagens à tasca

Para a presente postagem optei por efectuar um apanhado de alguns dos artigos adquiridos em longínquas viagens às tascas de Lisboa e arredores. Os locais escolhidos foram: a Fnac de Almada, onde descobri a colectânea «HELP: A Day In The Life» e o aditamento, em formato Maxi-Single, a «The Immaculate Collection» de Madonna através do EP «The Holiday Collection»; e aquando da abertura da nova tasca de Alfragide «alegrei-me» com os € 7,00 de «Pocket Symphony» dos franceses Air e com duas memórias dos norte-americanos !!! (Chk Chk Chk).
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Numa altura em que se comemoram os dez anos de «Moon Safari», o fantástico debut dos Air (facto que resultou numa edição ampliada do álbum), trago a este espaço «Pocket Symphony», a proposta de 2007 do duo francês. Após terminada a empreitada «5:55», de Charlotte Gainsbourg, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel entraram em estúdio para gravar o sucessor do elegante «Talkie Walkie» (2004). Da experiência com Charlotte Gainsbourg os Air trouxeram Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (The Divine Comedy), que escrevem e cantam dois dos temas apresentados. Das restantes experiências musicais recuperam as electrónicas idealistas e, por vezes, «sonâmbulas» de início de carreira para nos oferecerem um disco introspectivo e muito atmosférico. É certo que para muitos fãs esta poderá ser a faceta mais apelativa da banda: temas como «La Femme D’Argent» e «Talisman», de «Moon Safari», ou mesmo «Alone In Kyoto», de «Talkie Walkie», continuam a merecer nota máxima. Contudo, apesar da qualidade indiscutível dos citados temas, em «Pocket Symphony» estas mesmas electrónicas andam à deriva e apesar de sonhadoras em muitos casos percorrem terrenos maçadores e redundantes, saindo poucas vezes do ponto de partida. Excepções para «Mer Du Japon» e «Photograph», os melhores temas aqui apresentados e pedaços da melhor pop oferecida pela equipa Nicolas Godin, Jean-Benoît Dunckel e Nigel Godrich.
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Seguimos na novíssima Fnac de Alfragide para falarmos do dance-punk dos !!! (Chk Chk Chk). Foi através do empolgante «Louden Up Now» (2004) que iniciei a dança ao som destes norte-americanos. Movimentações que entretanto se intensificaram com «Myth Takes» (2007). Por isso, foi um regalo encontrar o debut «!!!» e o EP «Take Ecstasy With Me/Get Up». Por incrível que pareça, as labaredas !!! incendeiam os ouvidos de muito melómano desde o longínquo ano de 2000. A estreia homónima contabiliza quarenta e cinco minutos repartidos por sete estruturas abrasadoras. «The Step», tema de abertura, é um autêntico manifesto à folia que corre nas veias desta banda: «There ain't no givin' up, we're just now movin' on up / Straight to the top» canta Nic Offer; para mais tarde se demarcar: «They used to say we were crazy / Well look at us now, we’re amazing / And the best is still to come». «Louden Up Now» é de facto um dos discos mais marcantes e ímpares da década de 2000. Porém, o mesmo não faria tanto sentido sem estes primeiros quarenta e cinco minutos dopados de energia e não só (ouça-se, por exemplo, «Storm The Legion», no qual se ouve «LSD taught me a lot about me» e/ou «I learned a lot from smokin' pot»). Hedonismo à séria em música não aconselhável a menores de idade. Menções finais para a autêntica montanha russa de ritmos e emoções que é «There’s No Fucking Rules, Dude» e a quase brincadeira «Feel Good Hit Of The Fall» (descansem pois não se trata de nenhuma reinvenção do greatest hit «Feel Good Hit Of The Summer» dos stoner-rockers Queens Of The Stone Age).
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O EP «Take Ecstasy With Me/Get Up» (2005) é um autêntico achado. Já aqui mencionei várias vezes a minha admiração pelas covers. Ora bem, este disco com cerca de vinte minutos de música é composto por duas versões: a primeira originalmente editada em 1994 pelos The Magnetic Fields, de Stephin Merritt, e a segunda de Nate Dogg (2003). «Take Ecstasy With Me» é shoegaze incandescente embebido em sintetizadores Kraftwerk, ritmos e coros Happy Mondays e ambientes Stone Roses. Simplesmente perfeita. Relativamente a «Get Up», a outra metade desta proposta !!!, encontramos a banda numa encruzilhada entre a soul de um Marvin Gaye e uma mistura R&B com o melhor hip-hop norte-americano. Todavia, os seus dez minutos de duração e a psicadélica segunda metade do tema dissipam algum do entusiasmo sentido no início, mas o espírito, esse é: «Twist and twist / And turn and turn / Got my, got my body burning».
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Mudamos de tasca, de distrito e de bebidas. Na margem sul os copos começaram a rolar ao som de Madonna, que surge aqui com o EP «The Holiday Collection». Pequena compilação, em formato Maxi-Single, que resulta de uma autêntica adenda ao greatest hits «The Immaculate Collection» (1990). A ideia para esta edição surgiu após os protestos dos fãs de Madonna sobre a não inclusão de alguns dos maiores hits da cantora no alinhamento final da primeira compilação da sua carreira. Vai daí a Warner Bros. junta a versão original de «Holiday» a «True Blue», «Who’s That Girl» e a Silver Screen Single Mix de «Causing A Commotion» (original editado na banda sonora de «Who’s That Girl»). O disco não traz nada de novo, registe-se que o grafismo é idêntico ao utilizado na «obra-mãe» «The Immaculate Collection», mas é, hoje em dia, uma edição muito procurada pelos sempre sedentos seguidores da rainha da pop. Contudo, e no final parece-me que continuam a faltar alguns hits.
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Mantenho as atenções nas compilações para destacar o álbum «HELP: A Day In The Life». Editado em 2005, esta iniciativa de alguns dos nomes mais importantes da música contemporânea celebra os dez anos sobre o lançamento do álbum «HELP Album». Ambas as colectâneas serviam para «combater» o flagelo que ainda hoje marca a vida de muitos países: a guerra. Do alinhamento final constam nomes como os Radiohead (mais um bom exercício de Thom Yorke e companhia em «I Want None Of This»); os Gorillaz (pop world music de primeira linha com o soberbo «Hong Kong», posteriormente utilizado em «D-Sides»); os Coldplay (num verdadeiro lado-b de «A Rush Of Blood To The Head», com «How You See The World N.º 2»); os The Kaiser Chiefs (através duma interessante revisitação a «I Heard It Through The Grapevine», tema notabilizado por Marvin Gaye); os The Magic Numbers (com uma das melhores propostas aqui apresentadas em «Gone Are The Days»); os Bloc Party (sentimos que «The Present» mostra-se ainda numa fase embrionária, mas a imagem de marca da banda de Kele Okereke está lá e não se saem nada mal); a dupla Keane & Faultline (com uma simpática a cover de «Goodbye Yellow Brick Road» de Elton John); e os The Go! Team (apropriação do mundo Tarantino pela banda, em «Phantom Broadcast»). Encontramos ainda faixas dos Razorlight, Emmanuel Jal, The Manic Street Preachers, Damien Rice, Tinariwen, The Coral, Mylo, Maxïmo Park, Elbow, Hard-Fi, Babyshambles e uma colaboração entre George e Antony. Contudo, o todo acaba por se superiorizar à própria soma das partes e «HELP: A Day In The Life» além de representar uma importante causa humanitária revela-se numa excelente colheita musical.
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Para terminar da melhor forma apresento «Lucky» dos Radiohead, um dos temas que compunham o original «HELP Album» de 1995.
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domingo, 15 de junho de 2008

The Last Shadow Puppets | Standing Next To Me

Já é conhecido o segundo single da estreia do duo britânico The Last Shadow Puppets. Depois da aventura soviética e muito ao estílo de 007, em «The Age Of The Understatement», Alex Turner e Miles Kane recuperam a pop dos sessenta e adicionam-lhe uma deliciosa secção de cordas para um dos momentos mais inspirados do debut, com «Standing Next To Me».

sábado, 14 de junho de 2008

Martha Wainwright | You Cheated Me

Outro dos regressos mais aguardados de 2008 é o da canadiana Martha Wainwright. Depois do homónimo e surpreendente debut de 2005, a irmã mais nova de Rufus Wainwright regressa com o álbum «I Know You're Married But I've Got Feelings Too» (um dos títulos que marcará o ano). «You Cheated Me» é o seu primeiro single.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Feistança na Aula Magna

O que dizer do «concertaço» oferecido pela canadiana Leslie Feist a uma Aula Magna esgotadíssima e rendida aos seus encantos? O público mostrava-se deveras satisfeito (a segunda vitória no Europeu e o consequente apuramento para a segunda fase faziam esquecer eventuais problemas com combustíveis e afins); Feist e a sua banda suporte revelavam-se contentes por concluírem mais uma digressão europeia; o delicioso «The Reminder» era o mote para a segunda visita a palcos nacionais, mas «Let It Die», não fazendo-se rogado, voltou a mostrar todo o seu encanto em alguns dos momentos chave do espectáculo.

Convém aclarar que o fio condutor dos concertos de Feist é o mesmo que corre nos álbuns da canadiana: musicalidade simples, melodias deleitosas e uma voz capaz de refrescar qualquer alma numa tórrida tarde de Verão. Feist sabe disso e explora essas características: vejam-se as recriações vocais realizadas na abertura do concerto e, por exemplo, em «Sealion» e a fase em que dispensou a banda para, sozinha em palco, nos dar alguns dos rebuçados mais açucarados da sua discografia. Adicionalmente, Feist revelou-se numa autêntica «one woman show» e através de um aguçado sentido de humor aliado a uma forma inteligentíssima de lidar com o público prendeu-nos de início ao fim. Porém, a hipnotizante figura de Leslie Feist e o extraordinário trabalho de projecção parecem ter deixado o público num aparente estado de apatia, quebrado somente ao som de «1 2 3 4», que obrigou os presentes a saltarem das suas confortáveis (ou talvez não) cadeiras para abanar a anca e aplaudir de forma empolgante. Outros êxitos passaram pelo palco da Aula Magna, como são os casos de «My Moon, My Man», «Mushaboom», «I Feel It All», «Secret Heart» (com referência especial a Ron Sexsmith), «The Water» (já no encore), «Inside And Out» (numa versão «lounge», mais compassada e surpreendente), «Past In Present», «Gatekeeper», «Sealion» ou «Let It Die». Pena «One Evening» ter ficado de fora. Razão pela qual deixo em repeat o vídeo de um dos temas mais fortes e aveludados de Feist.

Joan As Police Woman | To Be Loved

aqui revelei que nutro uma simapatia especial por Joan Wasser (a.k.a. Joan As Police Woman). A ex de Jeff Buckley deu nas vistas enquanto colaboradora habitual de variadíssimos artistas como os Scissor Sisters, Lou Reed, Rufus Wainwright, John Cale, Antony ou mesmo Joseph Arthur. Nomes que viriam a influenciar «Real Life», a sua estreia discográfica de 2006. «To Survive» é o segundo álbum de Joan As Police Woman e «To Be Loved» é o seu fantástico primeiro single.

Aimee Mann - Dois em um

Quem também está de regresso aos discos e aos vídeos é Aimee Mann. «@#%&*! Smilers» é a mais recente aposta discográfica da norte-americana e «31 Today» e «Freeway», temas revelados há cerca de um ano no Coliseu de Lisboa, são as suas pimeiras amostras.
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«31 Today»
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«Freeway»

Goldfrapp | Caravan Girl

Os Goldfrapp prepram-se para editar o terceiro single de «Seventh Tree», quarto álbum de originais do duo britânico. «Caravan Girl», single que sucede a «A&E» e «Happiness», será editado a 30 de Junho e contará com uma remistura dos Animal Collective. Por enquanto fica o vídeo promocional.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Animal Goodies

Após o empolgante espectáculo oferecido pelos Animal Collective decidi divulgar alguns goodies adquiridos à saída do concerto do passado dia 28 e outros que esperavam a sua oportunidade para se mostrarem neste espaço.
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Seguindo uma metodologia cronológica dou início a esta autêntica viagem no tempo com a compilação «Spirit They’re Gone, Spirit They’ve Vanished / Danse Manatee» (aquisição tasqueira), álbum duplo que reúne as duas primeiras aventuras discográficas do clã Animal Collective. Enquanto «Spirit They’re Gone, Spirit They’ve Vanished» (2000) regista o fervilhar de ideias e emoções compartilhadas entre Avey Tare (a.k.a. David Porter) e Panda Bear (a.k.a. Noah Lennox), em «Danse Manatee» (2001) encontramos, também, as demências musicadas de Geologist (a.k.a. Brian Weitz). Porém, é a dupla que mais brilha, apresentando uma combinação da pop beatlesca com o psicadelismo pink floydiano: ouça-se, por exemplo, o soberbo «April And The Phantom». Do início sonhador e, simultaneamente, revelador da morbidez de David Lynch em «Spirit They’ve Vanished», Avey Tare e Panda Bear seguem caminhos fantasiosos e o resultado final é um autêntico conto de fadas electro acústico tribal. Os oito minutos de «Penny Dreadfuls» e «Chocolate Girl» são hipnóticos (para não dizer psicadélicos) e visionários. Pressentimos o germinar de ideias e melodias Animal Collective. A harmonia sonora é apurada, os ruídos são polidos, as vocalizações são acriançadas e habituais para o mundo Avey Tare e exercícios como «April And The Phantom», «Someday I'll Grow To Be As Tall As The Giant» e o arco-íris musicado «Alvin Row» compõem um dos discos mais criativos e arrojados dos últimos anos.
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Por sua vez «Danse Manatee» parece perdido em si mesmo. Se «Spirit They’re Gone, Spirit They’ve Vanished» é quase um álbum a solo de Avey Tare, dado Panda Bear se limitar a explorar a «perfect percussion», em «Danse Manatee» o protagonismo é compartilhado em simultâneo entre Avey Tare, Panda Bear e Geologist. Há sons animalescos, ruídos de feedback, experimentação a rodos e muita loucura à mistura, o que apesar de se colarem aos devaneios habituais dos Animal Collective, aqui vagueiam sem destino e sem qualquer orientação audível. À excepção de «Essplode», que recupera os espíritos perdidos da estreia, destaque-se a galopante percussão de «Running The Round Ball» que anos mais tarde resultou na pérola que é «Peacebone». «Danse Manatee» é, assim, um álbum de esboços e ideias que viu a luz do dia cedo demais.
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«Here Comes The Indian» (adquirido à saída do concerto do passado dia 28 de Maio) data de 2003 e é o primeiro trabalho em que encontramos os quatro Animal Collective juntos. Deaken (a.k.a. Conrad Deaken) junta-se aos restantes para equilibrar a equação «Danse Manatee». «Here Comes The Indian» contém algumas das composições mais explosivas e tresloucadas deste colectivo animal. Orgia sonora em ritual tribal, dirão alguns. Animal Collective a brincar aos índios, dirão outros. O que é certo é que a criatividade fervilha a cada novo tema apresentado e «Here Comes The Indian» é o primeiro grande caleidoscópio musicado do imaginário colectivo de Avey Tare, Panda Bear, Geologist e Deaken: a irmandade Animal Collective. Com uma atitude experimentalista q.b., os quatro exploradores do som misturam a aspereza dos Sonic Youth com ritmos e vocalizações indígenas, oferecendo-nos um disco envolvente e deveras cativante.
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Após os ovacionados «Sung Tongs» (2004) e «Feels» (2005), os Animal Collective recuperaram «Hollinndagain» (2006): disco originalmente editado em vinil e com tiragem limitada a trezentos exemplares que regista alguns dos temas que compunham os espectáculos dos Animal Collective em 2001 (altura de «Danse Manatee» em que partilhavam o palco com os Black Dice). Contrariamente a «Danse Manatee», as jam sessions aqui gravadas mostram-se mais trabalhadas e completas. Há, mais uma vez, experimentação para dar e vender. Procura-se a textura perfeita, a combinação sonora mais hipnotizante, a percussão mais diabólica, o ruído mais harmonioso, a música mais estranha e paralelamente mais sonhadora. «Hollinndagain» consegue-o a espaços, mas é o conjunto de músicas, ora perfeitas ora disformes, que marca pontos e revela que desde muito cedo esta banda norte-americana sabia o que queria e para onde ia: fazer boa música e divertir-se com isso.
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Chegamos finalmente ao EP «Water Curses», a mais recente edição discográfica dos Animal Collective e o que podemos identificar como o EP da praxe que desde «Sung Tongs», de 2003, sucede a cada álbum de originais. Depois da dreamy folk pop de «Prospect Hummer» (EP que sucedeu a «Sung Tongs»), «People» revelou alguns dos temas que não encaixaram em «Feels», de 2005. Agora é «Water Curses» que junta três temas retirados das sessões de «Strawberry Jam» e um outro gravado no estúdio de Brooklyn, o Rare Book Room. «Water Curses», a canção, é mais um excelente exemplo de como os Animal Collective conseguem atingir o nirvana indie pop como mais nenhuma banda consegue. O ritmo é mais moderado, as vocalizações são mais radio-friendly, mas a sua melodia circula ao som da cadência de um carrossel alegria. Razões pelas quais este «Water Curses» é mais um excelente momento pop oferecido pela banda. Os restantes três temas («Street Flash», «Cobwebs» e «Seal Eyeings») não beliscam em nada a qualidade musical dos Animal Collective, mas são claramente lados-b do soberbo «Strawberry Jam».
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Para finalizar destaco, uma vez mais, o vídeo promocional de «Water Curses», realizado por Andrew Kuo.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

N*E*R*D | Everybody Nose

O regresso aos discos do trio norte-americanos N*E*R*D está marcado para o próximo dia 10 de Junho. «Seeing Sounds» sucede a «In Searh Of...» (2001) e «Fly Or Die» (2003). «Everybody Nose» é o primeiro single.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Madonna | Give It 2 Me

Cá está o segundo single de «Hard Candy», o novíssimo álbum de Madonna. «Give It 2 Me» é produzido pelos The Neptunes e o vídeo conta com a presença do inevitável Pharrell Williams.

Encontro marcado para Setembro

segunda-feira, 2 de junho de 2008

'Eectro tribal jam' na noite de Lisboa

Depois do serão morno presenteado por Cat Power, a agenda de concertos em Lisboa marcava encontro, no Lux, com Bradford Cox e o seu projecto Atlas Sound e os Animal Collective. Numa noite em que a chuva assegurou o papel principal nas ruas de Lisboa, no Lux tanto Atlas Sound como os Animal Collective não deixaram os seus créditos em mãos alheias e à sua própria maneira mostraram como a qualidade dos seus últimos álbuns não se perde quando ensaiados em palco.
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Se Bradford Cox conseguiu transmitir na perfeição o sentimento que corre nas entrelinhas sonoras de «Let The Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel», o de estarmos no seu próprio quarto a ouvir os seus devaneios musicados (destaque especial para o etéreo «Recent Bedroom»); os três Animal Collective (faltou o guitarrista Deakin), de uma forma galopante e entusiasmante, transpuseram-nos para os quatro cantos do mundo e divulgaram algumas das suas maiores maravilhas. Assim, e enquanto Atlas Sound preferiu uma postura low profile, actuando sentado e longe dos olhares da maioria dos presentes, o que poderá ter dispersado a atenção de grande parte do público, os Animal Collective desde cedo mostraram que o final da noite seria festivo. É certo que depois dos álbuns «Feels» (2005) e «Strawberry Jam» (2007) a banda de Baltimore, sedeada em New York, vive em autêntico estado de graça. Porém, também ficou evidente que os espectáculos dos Animal Collective são raros em experimentação pop e enquanto energia electro indie pop tribal. Apresentaram, durante uma hora e meia, algumas das composições pop mais marcantes dos últimos anos, de «Leaf House» a «Fireworks», passando pelos inevitáveis «Grass» e «Peacebone». Aventuraram-se e exploraram as potencialidades de temas como «Who Could Win A Rabit?» e «Brother Sport» (o tema que vai surgindo nos alinhamentos dos vários concertos do colectivo, mas que ainda não viu edição discográfica) e tiveram tempo ainda para mostrar temas novos e «Comfy In Nautica» (um dos rebuçados mais deliciosos da colheita de 2007, extraído do admirável «Person Pitch», de Panda Bear). Houve energia a rodos e os músicos destilaram-na de um forma colorida e em todos os sentidos, mostrando que são, hoje em dia, um dos pólos mais criativos da música contemporânea.
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Aproveitando, uma vez mais, a ocasião de um concerto em palcos nacionais agarro numa das últimas aquisições tasqueiras para revelar um dos segredos mais bem guardados de 2008. «Let The Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel» é, até à data, um dos grandes álbums do ano. Bradford Cox, vocalista do grupo norte-americano Deerhunter, aproveitou a paragem da banda para se enfiar no quarto e gravar o que podemos intitular o «Person Pitch» de 2008. Seguindo a metodologia «copy + paste», Cox apresenta sons envolventes, melodias simples e ambientes caseiros, num álbum despretensioso e sonhador. Na voz, Bradford Cox, aproxima-se do timbre e das deambulações vocais de Chino Moreno, dos Deftones, mas musicalmente a jornada é etérea e devaneada, piscando o olho aos minimalismos de Björk, Spiritualized, Animal Collective e à característica caixinha de música à la Sigur Rós. Todavia, note-se que «Let The Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel» não é de fácil audição. Caso tenha apreendido «Person Pitch», o debut de Atlas Sound deverá ser bem recebido. Se o «bedroom record» de Panda Bear não lhe encheu o olho, então passe à frente que aqui não encontrará nada de estimulante.
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Para terminar em beleza deixo o vídeo de «Peacebone», um dos singles de «Strawberry Jam».