quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lady Gaga | Speechless

É capaz de ser a grande figura deste meu final de ano. Tropecei em Lady Gaga e agora não quero outra coisa. Se os excessos glam pop de «Bad Romance» me surpreenderam, agora é a simplicidade e perícia interpretativa que me cativam. «Speechless» é um dos oito novos temas que surgem no alinhamento de «The Fame Mons†er» e é mais uma grande canção da norte-americana. Bravo!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Jay-Z | D.O.A. (Death Of Auto-Tune) & Empire State Of Mind

Não sei se alguma vez tive a oportunidade de o referir, mas sigo com alguma atenção a carreira do rapper norte-americano Jay-Z. Confesso, também, que nunca fui muito dado ao rap e ao hip-hop, mas que há algo na música de Shawn Corey Carter que me seduz. Tal como acontece nas composições/produções dos conterrâneos Kanye West, Lil Wayne e OutKast. No entanto, como diz a velha máxima: «são poucos, mas bons». Ora, se Kanye West, depois do triste incidente nos Video Music Awards, decidiu afastar-se um pouco da ribalta. Lil Wayne optou por explorar a sua faceta mais rockeira e, igualmente, mais foleira. Já os grandes OutKast parecem estar a preparar o verdadeiro sucessor de «Speakerboxxx/The Love Below». Razão pela qual o meu 2009 fica mais associado a Jay-Z e ao eficaz «The Blueprint 3». Não estando ao nível do original «The Blueprint» (2001), um dos meus álbuns da década, é um disco bem pensado e muito bem produzido. «D.O.A.», o single de apresentação, é uma canção magnífica que mantém o aparente fascínio pela soul que marcou o anterior registo «American Gangster».

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«Empire State Of Mind», o mais recente single, também não lhe fica nada atrás e conta com a participação de Alicia Keys.
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Volcano Choir | Island, IS

Depois do mediatismo alcançado com «For Emma, Forever Ago», o soberbo debut álbum de Bon Iver, uma das facetas musicais de Justin Vernon, o músico norte-americano aproveitou a ocasião para reavivar uma das suas «outras» bandas. O sítio electrónico da editora Jagjaguwar define os Volcano Choir como uma assembleia de velhos amigos de Wisconsin que pontificam nos projectos Bon Iver e Collections Of Colonies Of Bees. Portanto, melancolia a rodos associada ao math rock progressivo dos Collections Of Colonies Of Bees que resulta numa sonoridade bucólica capaz de seduzir qualquer um. Como primeiro avanço do álbum de estreia «Unmap» temos este «Island, IS».

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

The Fiery Furnaces | Even In The Rain

Os irmãos Matthew e Eleanor Friedberger, a.k.a., The Fiery Furnaces editaram em 2009 o oitavo e discreto registo «I'm Going Away». No entanto, o duo de Brooklyn continua a mostrar-se como um dos pólos de criatividade pop mais activos da actualidade e as suas esquizofrenias indie rock confirmam o talento da família Friedberger. Vejamos então o mais recente vídeo «Even In The Rain». Registe-se que a banda tem concerto marcado para o próximo dia 26 de Fevereiro, no Santiago Alquimista.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Holly Miranda | Lover, You Should’ve Come Over

Já há algum tempo que não trazia aqui uma cover. Nada que esteja relacionado com um qualquer desinteresse dos artistas em revisitar canções de outros músicos, mas sim porque normalmente não existem vídeos aceitáveis para promover tais gravações. Todavia, existem sempre excepções à regra e o mais recente vídeo de natal de David Fonseca é um excelente exemplo. Outro desses recentes registos audiovisuais que mais me cativou foi a convincente interpretação de Holly Miranda de «Lover, You Should’ve Come Over» (original de Jeff Buckley). Voz muito peculiar e uma excelente revisitação de uma das melhores composições de Jeff Buckley.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Washed Out | New Theory

Washed Out é Ernest Greene, um jovem norte-americano que editou há poucos meses «Life Of Leisure», o seu primeiro EP. Synthpop caseira que percorre os caminhos desbravados pelos OMD e corre ao lado de projectos como Air France, Chromatics, Neon Indian, Memory Cassette e Caribou. Cut / Copy meets Pet Shop Boys, portanto. Psicadelismo pop que mais parece um qualquer sonho de verão.

David Fonseca | Last Christmas

David Fonseca oferece, desde 2006, um pequeno presente/vídeo de natal aos seus fãs. Depois de «Little Drummer Boy» (2006), «Amazing Grace» (2007) e «O Come All Ye Faithfull» (2008), este ano a escolha recaiu sobre o clássico «Last Christmas» e o resultado é surpreendente.

Lady Gaga | Bad Romance

Não, não se trata de nenhuma brincadeira de mau gosto, mas antes de um alerta à navegação. Lady Gaga, senhora que, em 2008, tomou de assalto os tops de todo o mundo (com o debut «The Fame») e acabou por passar a léguas do meu radar, é a responsável por uma das melhores canções pop de 2009. «Bad Romance», tema que promove «The Fame Mons†er», registo composto por oito novas canções e ao qual vem apenso «The Fame», é pop até não poder mais. Um autêntico «monstro» pop criado em torno dos excessos do audiovisual e das capacidades interpretativa e artística de Lady Gaga. Excessivamente bom para o/a ignorar...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Julian Casablancas | 11th Dimension

2009 fica marcado pela estreia a solo de Julian Casablancas, o vocalista dos nova-iorquinos The Strokes. «Phrazes For The Young», o álbum, surpreendeu pela diversidade e pelo súbito interesse de Casablancas em temperos pop rock de '80 que mais se parecem com os seus próprios «guilty pleasures». O disco é excelente e «11th Dimension», o primeiro single, é um autêntico mimo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Late Of The Pier | Blueberry

Os britânicos Late Of The Pier foram uma das grandes surpresas de 2008 e «Fantasy Black Channel», debut album da banda, um dos discos mais ouvidos em finais de 2008 e inícios de 2009. British New Rave que encontra as suas maiores referências nas electrónicas de uns Roxy Music e Gary Numan e no apurado sentido pop de uns Duran Duran e/ou Depeche Mode. 2010 marcará o regresso deste quarteto de Castle Donington e o duplo a-side single «Blueberry» / «Best In The Class» é um primeiro aperitivo.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Editors | You Don't Know Love

«You Don't Know Love» será editado a 25 de Janeiro de 2010 como o segundo single de «In This Light And On This Evening», o terceiro álbum de originais dos britânicos Editors. O sucessor de «Papillon», o soberbo primeiro single, mantém a aposta nos sintetizadores de '80 e promete continuar a alimentar a discussão gerada em relação a esta nova fase dos Editors.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fuck Buttons | Surf Solar

«Surf Solar», do «experimental-electro-noise duo» Fuck Buttons, é a canção do momento por estas paragens. O tema, extraído de «Tarot Sport», recupera as electrónicas emotivas de um Jean Michel Jarre e adiciona-lhe um extraordinário sentido dançável a la MSTRKRFT. Simplesmente espectacular!

The Dodos @ Santiago Alquimista

Se Dezembro de 2008 ficou marcado pela estreia dos norte-americanos The Dodos em palcos nacionais, Dezembro de 2009 assinalou o aplaudido regresso da banda de San Francisco. Confesso, no entanto, que «Time To Die», o terceiro álbum de originais do trio, que em 2008 se apresentava como duo, revelou-se um disco sem surpresas. Aviso à navegação: o disco não é mau. A questão prende-se com o facto de «Time To Die» ser uma extensão um pouco mais esmorecida de «Visiter», o admirável trabalho de 2008. Todavia, no registo «ao vivo» Meric Long, Logan Kroeber e Keaton Snyder, mantêm toda a intensidade e mestria performativa evidenciada há um ano. Musicalmente, poderão ser definidos como a versão folk de uns Animal Collective. Esquizofrenia q.b. ao serviço da canção folk que, neste caso particular, é seduzida pela melancolia pop de uns The Magnetic Fields e/ou Elliott Smith. Elementos que ganham ainda mais vida no formato «live» e que cativam o público do início ao fim. Foi assim em 2008 e voltou a ser assim em 2009. Porém, este ano o palco do Santiago Alquimista proporcionou à banda e ao público uma maior «aproximação». Para gáudio dos presentes, Meric Long solicitou à plateia que preenchesse os espaços vazios do palco e foi bonito ver a banda e o público tão “chegadinhos” uns dos outros. A noite até estava fria, mas os The Dodos souberam aquecê-la da melhor forma, ao som de «Fools», «Fables», «Joe's Waltz», «Longform», «Jodi», «Red And Purple»... Para ajudar, contaram com a preciosa colaboração dos jovens doismileoito (disco que até agora me passou ao lado, mas que a actuação da passada terça-feira me obrigará a descobrir). Para terminar deixo aqui um «vídeo caseiro» com um excerto do que se passou no Santiago Alquimista. Excerto esse que apresenta, já no encore, «Walking» e o extraordinário «Red And Purple».

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

John Frusciante | Going Inside

De acordo com o sítio electrónico da MusicRadar, John Frusciante deixou os Red Hot Chili Peppers. Alegadamente, o guitarrista até já foi substituído por Josh Klinghoffer, músico que acompanhou a banda norte-americana na última digressão e que é presença assídua nos álbuns a solo de Frusciante. Caso se confirme, esta será a segunda desistência de John Frusciante, na minha opinião um dos melhores guitarristas da actualidade e o autor de um dos singles mais deliciosos da última década.

sábado, 12 de dezembro de 2009

The Killers | Happy Birthday Guadalupe

«Happy Birthday Guadalupe» é o novo vídeo dos norte-americanos The Killers e o quarto single de Natal que a banda grava para a campanha de beneficência (RED), sucedendo a «A Great Big Sled» (2006), «Don't Shoot Me Santa» (2007) e «Joseph, Better You Than Me» (2008). Este ano os rapazes do Texas contaram com a ajuda dos parceiros de digressão Wild Light e Mariachi El Bronx. A canção não surpreende, mas o que interessa é a iniciativa. O vídeo é realizado por Chris Callister e conta com a participação de Luke Perry (ainda se lembram dele?). Registe-se, também, que as receitas deste single reverterão a favor da Organização Não Governamental Global Fund.
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Portishead | Chase The Tear

Ena, ena! Os Portishead têm um novo single e o vídeo já roda pelos blogues de todo o mundo web. «Chase The Tear» é a primeira gravação da banda a ser conhecida após a edição de «Third», o soberbo terceiro álbum de orignais dos britânicos. Registe-se que o tema foi disponibilizado no sítio electrónico da Amnistia Internacional no dia 10 de Dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos) e que todas as receitas do single irão reverter a favor da mesma organização.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Junior Boys | Bits & Pieces

Os Junior Boys, dupla canadiana que em 2009 completa dez anos de existência, editou este ano o magnífico «Begone Dull Care». Aquele que é o terceiro álbum de originais de Jeremy Greenspan e Matt Didemus é um dos mais apurados exercícios pop dos últimos anos e um dos discos obrigatórios de 2009. Música extraordinariamente elegante que recupera electrónicas do passado e lhe confere, com um admirável requinte, um espírito contemporâneo e, igualmente, intemporal. Talento que já havia sido revelado em «So This Is Goodbye» (álbum de 2006) e no seu single «In The Morning» e que poderá ser comprovado no novo vídeo da banda para «Bits & Pieces» (tema extraído de «Begone Dull Care»).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

EELS | In My Younger Days

«End Times», o oitavo trabalho de estúdio de Mark Oliver Everett enquanto EELS, será editado só em Janeiro de 2010 e já conta com dois vídeos promocionais. Depois do saudoso «Little Bird», surge agora o não menos nostálgico «In My Younger Days». Melancolia que parece recuperar os ambientes de «Electro-Shock Blues», o marcante álbum de 1998, e que tanto me encantaram na última década. Enquanto o disco não nos chega às mãos, deixo em alta rotação o vídeo de «In My Younger Days».

The Antlers | Two

«Hospice» é já o terceiro álbum dos nova-iorquinos The Antlers, banda que surgiu e se formou através do projecto pessoal do guitarrista, vocalista e letrista Peter Silberman. Originalmente editado pela banda, em Março de 2009, e reeditado e remasterizado pela Frenchkiss Records, em Agosto, «Hospice» relata a história de um homem que se vê obrigado a enfrentar a doença terminal de um dos seus. Melancolia q.b. que segue os ambientes negros/lúgubres de uns Arcade Fire, mas que mantém sempre a tranquilidade eloquente de um Justin Vernon (a.k.a. Bon Iver). «Two» é o excelente single de apresentação deste não menos estupenso trabalho.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Super Bock em Stock II

O roteiro para a segunda edição do Super Bock em Stock passava por assistir aos concertos de Wild Beasts, The Legendary Tigerman, Beach House, Little Joy, Patrick Watson e tentar espreitar as actuações de Voxtrot, Os Golpes, Ebony Bones, The Invisible e Wave Machine.
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Na primeira noite os britânicos Wild Beasts apresentaram o magnífico «Two Dancers» (segundo álbum da banda, editado este ano) e saíram claros vencedores deste primeiro tomo Super Bock em Stock de 2009. Incrível como a singularidade do falsete de Hayden Thorpe se mantém em formato live e a envolvência da sonoridade de «Two Dancers» sobrevive às fracas condições que a sala 1 do cinema São Jorge oferece. O público reagiu muito bem e deu a entender que canções como «The Fun Powder Plot», «We Still Got The Taste Dancin’ On Our Tongues», «All The King’s Men», «The Devil’s Crayon» e «Hooting & Howling» constam da actual playlist da maioria dos presentes. Actuação que, a meu ver, merecia uma nova visita ao nosso país, mas agora em nome próprio e numa sala como o Lux. Terminada a actuação dos Wild Beasts atravessámos a Avenida da Liberdade para assistir à salganhada funk pop rock tribal urbana da britânica Ebony Bones que muito tem dado que falar. Ebony Bones é uma mistura de Santigold, Karen O (Yeah Yeah Yeahs) e Skin (Skunk Anansie). Muita energia em palco, mas canções menores (muito menores) que qualquer composição das senhoras supracitadas. O espectáculo é empolgante, mas revela-se, igualmente, inconsequente e inconsistente (aproximação falhada aos Buraka Som Sistema). Seguiu-se The Legendary Tigerman que trouxe consigo algumas vozes femininas para apresentar «Femina», mas cedo se viu que esta não era a noite do Homem Tigre. O próprio, a determinada altura, e apercebendo-se da monotonia que estava a assolar a sua prestação, atirou com a guitarra ao chão e deu inicio à fase rock n’ roll blues que tanto o identifica. De louvar a metamorfose, mas para mim já era tarde e acabei por ir descansar de mais uma longa semana de trabalho…
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Na segunda noite a primeira cerveja teve o selo do Cabaret Maxime. Porém, rapidamente percebi que a música de Mocky resultaria muito melhor na sexta-feira, após uma intensa semana de trabalho e já em fase de descompressão, que no sábado. Segui para o Teatro Tivoli e aguardei pela estreia em palcos nacionais do duo norte-americano Beach House. Dream pop com travo melancólico que encontra nas entrelinhas da sonoridade dos conterrâneos Mazzy Star (de Hope Sandoval) o segredo do seu «aparente» sucesso. Temas simples e certeiros que cativaram uma sala muito perto de esgotar e justificou o agendar de novo concerto para Março de 2010 (dia 17 no Lux e dia 18 no Centro Cultural Vila Flor). Registe-se que Victoria Legrand e Alex Scally editam já no final de Janeiro «Teen Dream», o terceiro álbum de originais. Com mais uma caminhada até ao outro lado da Avenida da Liberdade espreitámos a competente actuação dos The Invisible. Já ouvi uma ou outra coisinha do novo álbum deste trio que soa a TV On The Radio, mas que aposta mais num experimentalismo indie pop ambiental enraizado na sonoridade dos Sonic Youth e que conta com o precioso auxílio de Matthew Herbert. Voltamos ao Tivoli para assistir ao concerto mais festejado do festival. Os Little Joy, banda que nasceu em Lisboa e que reúne Rodrigo Amarante (Los Hermanos), Frabrizio Moretti (The Strokes) e Binki Shapiro, mostraram ter uma forte legião de seguidores em solo português. A sala estava a abarrotar e o público celebrou cada tema como se tratasse do último single de sucesso que tanto nos seduziu nas últimas semanas. Confesso que o álbum é simpático e o concerto também o foi. Tanto o público como a banda estavam bastante contentes por ali estar a comemorar a música do homónimo álbum de estreia do trio que em palco é octeto. Tudo corria bem, mas eu saí de mansinho para conferir o concerto de Patrick Watson. O músico/banda, que ainda em Março de 2008 nos ofereceu um magistral concerto na Aula Magna, estava de regresso ao nosso país para apresentar «Wooden Arms», terceiro álbum de originais que se revela menos apelativo (entenda-se pop) e mais destinado a musicar qualquer película cinematográfica rodada no deserto norte-americano. Pois é, novo concerto, novo momento para ficar registado na memória. Patrick Watson é um músico de excepção e é autor de algumas das melhores canções editadas nos últimos anos. Canções acima da média e de um nível superior a qualquer uma das bandas presentes no festival da passada semana. Facto que ficou comprovado no momento em que músico e banda subiram ao palco da sala 1 do cinema São Jorge. É pena que o recinto não tenha estado à altura dos acontecimentos. O som foi abaixo umas três ou quatro vezes, o jogo de luz foi uma vergonha (incrível como Patrick Watson esteve completamente às escuras durante «The Great Escape») e quando os músicos se aventuraram a fazer o habitual número de «Man Under The Sea», ou seja, subir à plateia para tocar e cantar com o público, não houve ninguém que se lembrasse de ligar as luzes da sala… Peripécias que não impediram Patrick Watson de oferecer mais um magnífico espectáculo, mas que acabaram por manchar o festival e nos fazem pensar se será mesmo bom promover esta tipo de iniciativas quando os recursos são escassos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Tonight: Franz Ferdinand

Ainda há dois/três dias destacava aqui o estrondo que foi o concerto dos britânicos Muse no Pavilhão Atlântico e já cá estou de novo para relatar a não menos intensa e calorosa actuação dos Franz Ferdinand no Campo Pequeno. Há muito que aguardava por um concerto em nome próprio dos escoceses. Demasiado tempo, confesso. Desde 2004 que o meu lado mais hedonista se revê em «Franz Ferdinand». Pop & Roll de alta qualidade que apanhou a boleia do revivalismo garage punk de inícios da década 00 e lhes adicionou o magnetismo punk/new wave de finais de 70 e inícios de 80, com os Blondie e os Talking Heads a servirem de porta-estandarte. Desta forma, facilmente se previa que o espectáculo da passada terça-feira se pautaria pela festividade do momento e pela celebração melómana da banda e da maioria do público presente. Isto apesar de me ter surpreendido pela média de idade que o público aparentava ter. No entanto, sem qualquer preconceito de idade, os Franz Ferdinand subiram ao palco e deram espectáculo.
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Com um início a todo gás, ao ritmo de «No You Girls», «The Dark Of The Matinée», «Can't Stop Feeling» e «Do You Want To», a banda conquistou o público e prosseguiu a sua actuação intercalando temas do novo «Tonight: Franz Ferdinand» com êxitos de outros trabalhos que foram sempre entoados e acompanhados pela plateia. Escusado será dizer que foram os temas do debut «Franz Ferdinand» que mais incendiaram («This Fffire», «Take Me Out», «40'» e «Michael»). No entanto, e a provar que o novo álbum não envergonha os autores de «Darts Of Pleasure» (a par de «Auf Achse», as grandes ausentes da noite), canções como «Live Alone», «Twilight Omens», «Lucid Dreams», «What She Came For» e o irresistível «Ulysses» conseguiram manter os níveis do enlevo descrito e acabaram por ajudar à festa... Já no extenso encore os Franz Ferdinand recuperaram «Walk Away», para lembrar que os históricos The Beatles também são uma forte influência na sonoridade da banda, entregaram-se de alma e coração às electrónicas para mostrar que «Lucid Dreams» é a grande canção de «Tonight: Franz Ferdinand» e convidaram os LCD Soundsystem e todos os seus amigos para comemorar o momento e dançar sem que houvesse amanhã... «And if it's crowded, all the better / because we know we're gonna be up late / but if you're worried about the weather / then you picked the wrong place to stay / that's how it starts...»
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