terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dirty Projectors | About to Die


Os norte-americanos Dirty Projectors têm novo vídeo. «About To Die» sucede a «Gun Has No Trigger», temas retirados de «Swing Lo Magellan», o mais recente trabalho da banda. O vídeo é realizado pelo próprio vocalista David Longstreth e contém imagens do documentário «Hi Custodian», um outro projecto dos Dirty Projectors.

domingo, 23 de setembro de 2012

Just Patti

Existe um antes e um depois de «Just Kids» na minha relação com a música de Patti Smith. A obra, que a consagrou com o National Book Award, documenta, de uma forma impressionante, o desalinhado início de carreira de Patti Smith e do seu amigo e companheiro Robert Mapplethorpe (1946-1989). Nas suas entrelinhas Patti Smith testemunha a sua enorme admiração por artistas como Bod Dylan, Arthur Rimbaud, Jimi Hendrix, Allen Ginsberg e Janis Joplin. Afeição que tem estado sempre presente na sua carreira. A norte-americana – singer-songwriter, poetisa, activista e punk rocker – nunca deixou de ser fã de outros artistas e também nunca o escondeu. Se no passado a ouvimos dedicar «About A Boy» a Kurt Cobain e aplaudimos as covers de «Twelve» (2007) e, recentemente, de «Until The End Of The World», dos U2, em «Banga» Patti Smith recorda Amy Winehouse («This Is The Girl») e Maria Schneider («Maria»), aposta numa intima versão de «After The Gold Rush», de Neil Young, e dedica «Nine» ao amigo Johnny Depp. Patti Smith já fez notar que além dos “retratos”, «Banga» também aponta baterias à “exploração” (ouçam-se «Amerigo» e «Constantine’s Dream») e às suas preocupações com o mundo (o contexto de «Fuji-San», por exemplo, é o tsunami que abalou o Japão em 2011). A voz de Patti Smith está melhor que nunca, com um registo mais reflexivo e ascético, num disco que, na sua edição especial, traz ainda «Just Kids», um tema extra sobre um importante período da vida de um dos ícones maiores da música norte-americana. Sem ela o rock 'n' roll não seria o mesmo.

sábado, 22 de setembro de 2012

Between The Bars

E agora, tempo para «The Idler Wheel Is Wiser Than The Driver Of The Screw And Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do», ou seja, o quarto álbum de Fiona Apple. A norte-americana, que nos últimos dias tem sido notícia por questões extra-musicais, regressa aos discos sete anos depois do antecessor «Extraordinary Machine» e volta a apostar em composições menos doces e texturas mais simples e cruas. Ainda assim, este «The Idler Wheel…» apresenta-se mais despojado e irrequieto. É verdade que as suas canções já não revelam a exuberância dos dois primeiros trabalhos (os quais já têm mais de dez anos), mas a singer-songwriter continua a deslumbrar. Num disco em formato acústico, Fiona Apple mostra como se constroem boas canções, num registo quase exclusivamente vocal. Não será o seu melhor disco (esse continua a ser «When The Pawn…»*, de 1999), mas é a entrega necessária para dar a atenção e o brilho merecido a Fiona Apple. «I'm a hot knife - if I'm a hot knife / I'm a hot knife if he's a pad of butter / If I get a chance, I'm gonna show him that / He's never gonna need - never need another» («Hot Knife»).



* «When the pawn hits the conflicts he thinks like a king / What he knows throws the blows when he goes to the fight / And he'll win the whole thing 'fore he enters the ring / There's no body to batter when your mind is your might / So when you go solo, you hold your own hand / And remember that depth is the greatest of heights / And if you know where you stand, then you know where to land / And if you fall it won't matter, cuz you'll know that you're right»

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Visões pop

Grimes é Claire Boucher. Uma canadiana de vinte e quatro anos que além da música (desde 2010 já editou três álbuns), dedica-se à pintura (o grafismo dos seus discos é de sua autoria) e até já realizou o vídeo de «Genesis» (um dos singles do seu mais recente trabalho «Visions» e uma das canções que marcam o ano de 2012). A suas canções avant-pop e de tempero lo-fi, tanto podem encostar-se ao R&B das TLC e/ou Beyoncé, como aventurar-se em ambientes sombrios Aphex Twin, primazias Björk e ecos The Weeknd. Contudo, o rumo é pop. Electrónicas robóticas com afinidades chill wave que resultam numa surpreendente dream pop capaz de viciar qualquer um (quem consegue resistir aos singles «Oblivion» e «Genesis»?). «Visions», a terceira entrega de Grimes, data de janeiro de 2012 e já nos ofereceu os singles «Genesis», «Oblivion» e «Nightmusic». Temas que parecem construídos no sótão de Claire Boucher e anunciam uma nova voz criativa apoiada em loops e bloops. Sintetizadores perspicazes e beats sedutores que revelam uma refrescante visão da pop contemporânea. «Visions» é um dos discos do ano.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Bonito, mas...

«Valtari», o trabalho de 2012 dos islandeses Sigur Rós, é uma das pequenas desilusões do ano. A banda continua a compor excelentes temas imagéticos, mas a fórmula começa a revelar sinais de cansaço. Se nos últimos álbuns de originais os Sigur Rós optaram por abraçar a pop (aquando de «Takk…») e apostar noutras cadências, como é exemplo o tribalismo com génese Animal Collective (pela altura de «Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust»), «Valtari» parece agora regressar ao passado e ao período de «( )», mas sem a intensidade que tanto marcou o disco de 2002 (excepção feita para «Varúð»). Atenção: as novas composições são excelentes e o disco cumpre. Contudo, fica a sensação de que não passa dos requisitos mínimos. Isto por que o percurso agora percorrido em «Valtari» já foi desbravado pelos próprios Sigur Rós há dez anos. Assim, apesar das luminosas paisagens sonoras, «Valtari» esgota-se na sua própria contemplação. Belíssimas canções que acabam por não adicionar nada de novo ao já extenso e singular universo Sigur Rós.

domingo, 16 de setembro de 2012

Calexico | Splitter


Os norte-americanos Calexico estão de regresso aos discos e aos vídeos. «Algiers», o mais recente trabalho, surge depois das participações da banda em duas bandas sonoras («Circo», de 2010, e «The Guard», de 2011). «Splitter» é o novo vídeo e o sucessor do excelente «Para», temas incluídos em «Algiers».

sábado, 15 de setembro de 2012

Espelho meu...

Enquanto ouço «Cut The World», o novo disco do colectivo Antony And The Johnsons, pergunto-me: haverá melhor intérprete na música da actualidade? Num período em que a voz e a própria instrumentação são muitas vezes relegadas para segundo plano (e diga-se, em muitos casos com excelentes resultados), a verdade é que Antony Hegarty e os seus The Johnsons continuam a marcar a diferença pela primazia das suas performances e canções. Música crua, mas extremamente intensa e com uma impressionante carga emotiva que corre na voz de Antony (os temas «Cut The World», «Cripple And The Starfish» e «I Fell In Love With A Dead Boy» são perfeitos). Elementos que me habituei a abraçar em disco e em concerto. «Cut The World», o álbum, é o resultado de dois espectáculos dos Antony And The Johnsons em Copenhaga, na companhia da Danish Chamber Orchestra. As canções, retiradas do precioso legado do colectivo («Cut The World», tema que nasce da produção teatral «The Life And Death Of Marina Abramović», é mesmo o único inédito), ganham nova vida e a sua beleza mantem-se. Os arranjos estão a cargo de Nico Muhly, Rob Moose, Maxim Moston e do próprio Antony, mas o perfeccionismo do cancioneiro Antony Hegarty prevalece. Será que vamos encontrar um disco ao vivo nas listas de final de ano?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

White, Jack White

De volta às compras e, neste caso particular, a um dos suspeitos do costume. Jack White, homem do rock n’ roll, dispensa quaisquer apresentações. Já desde «White Blood Cells» (2001) que persigo todos os seus passos e por isso «Blunderbuss» era um dos discos “must have” de 2012. O primeiro álbum a solo de White surge depois do precoce e doloroso (sniff… sniff…) fecho do ciclo The White Stripes, da ausência dos The Racounters e The Dead Weather e do seu divórcio com a modelo Karen Elson. Porém, «Blunderbuss» não é um disco de ruptura, mas sim mais uma excelente etapa na carreira de Jack White. Não é aqui que encontramos as suas melhores composições. No entanto, o debut álbum do singer-songwriter é mais um disco com o crivo Jack White. Uma viagem rock n’ roll (ouça-se o single «Freedom At 21») que não esquece as suas origens norte-americanas: do blues de «I’m Shakin'» (original de Rudolph Toombs, mas popularizado por Little Willie John), à folk de «Blunderbuss», sem esquecer a música country de «I Guess I Should Go To Sleep», o frenesim garage rock de «Sixteen Saltines» e a soul, embora disfarçada, de «Love Interruption». Jack White continua a mostrar o porquê do seu carisma e mestria na hora de compor canções.

sábado, 1 de setembro de 2012

Tori Amos | Flavor


Se em Setembro de 2011 Tori Amos editou «Night Of Hunters», um ciclo de canções baseadas em composições clássicas, este ano a norte-americana entrega-nos «Gold Dust». Disco que reúne alguns dos temas mais conhecidos do seu reportório, mas agora com produções mais orquestrais. A primeira versão a ser conhecida é «Flavor», canção originalmente editada em «Abnormally Attracted To Sin», de 2009.