quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ghost Rider

George Lewis Jr. regressou a Lisboa para apresentar «Confess», o último álbum do seu projecto de canções Twin Shadow. O disco tem saciado o apetite pop por estes lados, com irresistíveis ambientes de tempero eighties e referências new wave Vs. synthpop Vs. post-rock. Composições que piscam o olho à power pop, mantendo a alma indie do álbum de estreia «Forget», de 2010. Uma evolução proveitosa que me levou ao MusicBox para rever a versão live de Twin Shadow e desfrutar das novas canções ao vivo (pena a ausência de «Mirror In The Dark» e «Changes»). No entanto, e depois de feita a festa, a sensação que fica é muito idêntica à de Maio de 2011, aquando da passagem do projecto pela cave da discoteca Lux. Apesar da fórmula eficaz com que George Lewis Jr. cria o mundo Twin Shadow, o facto é que esses episódios parecem perder força em palco. A banda revela (ainda) alguma falta de “estrada” e/ou ordem, o excelente compositor expõe fraquezas na hora de cantar e o espírito party rock peca por excessivo. Twin Shadow parece adoptar uma postura excessivamente despreocupada e ociosa. O resultado é cool, mas a música fica uns pontos abaixo do estado registado em disco. Notou-se, assim, e pela segunda vez, que o segredo da atracção Twin Shadow mora no estúdio e no trabalho de laboratório de produção. Quanto ao formato live, o produto final é despretensioso, cool e cheio de energia, mas por que não adicionar-lhe uma pitada de sobriedade?

sábado, 27 de outubro de 2012

“Foi tão bom para ti como foi para mim”



Já no terceiro e último encore, e num tom quase de desafio, Manel Cruz exalta “Deus nos guie para a luz / porque eu não creio ser capaz / qual de nós vai ter uma missão / tu tens a vida que eu quis ter / eu, eu não / pára-me agora”. Os Ornatos Violeta consumavam o primeiro de três concertos no Coliseu dos Recreios (aos que se seguem outros tantos a realizar no Coliseu do Porto) e faziam-no de uma forma íntima e extraordinariamente natural. Custa acreditar que esta banda, causa do maior caso de culto na música portuguesa, esteja separada dos palcos e dos discos desde 2001. No entanto, e apesar do hiato de mais de dez anos, a música dos Ornatos Violeta nunca nos deixou e isso ficou bem patente no palco do Coliseu de Lisboa. Testemunhou-se o sentido de comunidade e culto em torno da banda do Porto e das suas canções. Foi «Tempo de Nascer» a celebração, do público e da própria banda, da comunhão que vinha sendo alimentada, pela ausência, desde o início do fim dos Ornatos Violeta. O sentimento era geral e “foi tão bom” ver e ouvir todo o Coliseu a entoar “dá-me a tua mão e vamos ser alguém a vida é feita para nós!”. Raros foram os momentos, vividos naquele mesmo palco, em que o público e a banda se mostraram e colocaram no mesmo estado e comprimento de onda. Ambas as partes desfrutaram ao máximo o reencontro com «Cão!» e «O Monstro Precisa de Amigos», havendo, também, espaço para inéditos e raridades (extras à própria colectânea «Inéditos / Raridades», de 2011). Uns riram e outros emocionaram-se, mas “foi uma noite do caralho”, voltar atrás e reencontrar «Mata-me Outra Vez», «Chaga», «Coisas», «Bigamia», «Nuvem», «Ouvi Dizer», «Capitão Romance», «O.M.E.M.», «Punk Moda Funk» e «Tempo de Nascer». Lá pelo meio a banda ainda aceitou o pedido dum “tipo com tomates” para subir ao palco e tocar com a banda «Deixa Morrer», tema dedicado à Beatriz. “São só coisas”, mas “foi tão bom” ver o emocionante reencontro com os Ornatos Violeta. “O amor é isto e nada mais!



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

M83 | Steve McQueen


«Steve McQueen» é o mais recente single do projecto M83. Canção retirada do excelente «Hurry Up, We're Dreaming», de 2011. O single é editado só a 25 de Novembro, mas o vídeo já foi divulgado. Realização a cargo de Balthazar Auxietre & Sylvain Derosne.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Animal Hz

Os Animal Collective também editaram novo álbum este ano. «Centipede Hz» sucede ao hype criado em torno da banda e do soberbo «Merriweather Post Pavillion», de 2009. De facto, e apesar dos norte-americanos editarem discos desde 2000, só há dois anos, com o tal «Merriweather Post Pavillion», é que conseguiram a atenção merecida. Acabaram referenciados em todas as listas de final de ano com uma das obras incontornáveis de 2009. Seguiu-se a exposição global e, pasme-se, a nomeação para os Brit Awards, na categoria de revelação. Pelo caminho registaram-se experiências psycho-folk, noise rock, dream pop, freak folk, indie rock, melodic neo-psychedelia, indie pop e alguns dos melhores álbuns dos anos 00 (destaco «Sung Tungs», de 2004, e «Feels», de 2005). Música urbana que vive da experimentação e da adição de elementos novos e menos óbvios no universo pop. «Centipede Hz» mostra que momentos musicais cativantes continuam a emergir das jam sessions de Avey Tare, Panda Bear, Geologist e Deakin (este último de regresso ao colectivo depois de um hiato entre 2009 e 2011). Ouçam-se, por exemplo, «Today’s Supernatural», «Applesauce», «New Town Burnout», «Moonjock», ou «Monkey Riches». Notamos uma ligeira aproximação à “banda a quatro” do passado, fase pelos vistos ignorada, mas igualmente imbatível. Confirma-se: os Animal Collective são uma das grandes forças criativas da pop contemporânea.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Depois de Lisboa, o Céu

Aquando da edição de «Lisbon» (2010) os The Walkmen falaram dum período menos bom da banda e anterior ao lançamento do disco, o qual acabou por ser superado, em parte, por duas bem sucedidas passagens por Lisboa: em Dezembro de 2008, para o ano zero do Super Bock em Stock, e em Julho de 2009, no Super Bock Super Rock. Ao que parece, os músicos chegaram mesmo a pôr em causa a continuidade da banda. Hoje, e depois de editado «Lisbon», o antídoto para a dissensão, e «Heaven», o sétimo álbum dos norte-americanos, só podemos continuar a ouvir os The Walkmen. Há magia na música destes nova-iorquinos. Canções que mostram afeição pela história da música norte-americana e ganham brilho com a impressionante entrega do vocalista Hamilton Leithauser, ainda mais evidente em concerto. Aviso: se ainda não viu os The Walkmen em concerto, faça um favor a si mesmo e assista a uma prestação da banda (4 de Novembro, no Coliseu dos Recreios). «Heaven», o trabalho de 2012, pode não ter a mesma urgência de «The Rat» ou «In The New Year». Os The Walkmen parecem mesmo estar mais calmos e complacentes com as suas composições. A banda amadureceu, num processo proveitoso. Perdeu-se alguma electricidade, mas ganharam-se melodias e canções deliciosas, como são exemplo «We Can’t Be Beat», «Heartbreaker», «Southern Heart», «Love Is Luck», «The Love You Love» e, claro, «Heaven».

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Jack White | I'm Shakin'


O norte-americano Jack White tem novo vídeo. «I'm Shakin'» é mais um tema retirado de «Blunderbuss», o álbum de estreia a solo do músico. O vídeo é realizado por Dori Oskowitz.

sábado, 13 de outubro de 2012

Lana Del Rey | Ride


Lana Del Rey prepara-se para reeditar «Born To Die». O disco de estreia da norte-americana terá, assim, uma nova versão intitulada «The Paradise Edition» e irá incluir oito novas canções, entre as quais a cover de «Blue Velvet» e o seu mais recente single «Ride». Entretanto, também já podemos conferir o vídeo de «Ride». A realização ficou a cargo de Anthony Mandler.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

À velocidade Maxïmo Park


Os Maxïmo Park mereciam um pouco mais. A banda de Newcastle, nomeada para o Mercury Prize de 2005 com o excelente «A Certain Trigger», regressou este ano aos discos e à estrada e Lisboa foi o ponto de partida para mais uma digressão europeia. «The National Health», o quarto álbum de originais dos ingleses, foi o mote para o concerto e, apesar das análises positivas ao disco, o recinto TMN ao vivo apresentou-se com imensos espaços vazios. Nada que impedisse o vocalista Paul Smith de personificar em palco o rock saudável e vigoroso dos Maxïmo Park. Na verdade, não notamos grandes mudanças desde 2007, altura em que nos visitaram para a edição do Super Bock Super Rock. O peso de «A Certain Trigger» (2005) e «Our Earthly Pleasures» (2007) é por demais evidente e, apesar de «The National Health» nos oferecer temas bem simpáticos («Hips And Lips» é um belo single), o pouco público presente reagiu sempre melhor às composições que marcaram o início de carreira dos Maxïmo Park. Canções brit-pop-brit-rock que tanto piscam o olho à leveza The Smiths como à sacarose Pulp, ao pop ‘n’ roll Franz Ferdinand e excessos Kaiser Chiefs. Todavia, foi bom voltar atrás e ver Paul Smith e restantes músicos a interpretar «Apply Some Pressure», «Our Velocity» (tema que encerrou o concerto), «Limassol», «Graffiti», «Books From Boxes», «The Coast Is Always Changing», «By The Monument» e «Going Missing». Os Maxïmo Park estão de regresso e precisam e merecem melhor atenção.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

I love it, it's cool

Conheci os Bear In Heaven há cerca de dois anos, com o recomendável «Beast Rest Forth Mouth» (2009). Na altura, a banda de Brookly explorava um psicadelismo pop com variantes shoegaze e rock experimental The Flaming Lips. A fórmula mantém-se para o novo «I Love You, It’s Cool», mas agora os Bear In Heaven atiram-se de corpo e alma às electrónicas, numa quase batalha intergaláctica com lasers, luzes neon e sintetizadores apaixonados pela pop. A música de «I Love You, It’s Cool» é mais ampla e abrangente que o anterior «Beat Rest Forth Mouth». Evolução que faz todo o sentido e vem no seguimento da edição, em 2010, de «Beast Rest Forth Mouth Remixed», o álbum de remisturas do disco de 2009. Porém, a música dos Bear In Heaven continua a viver entre o indie e a pop (IDM?). Yeasayer meets Cut/Copy. Megafaun a vasculhar no reportório Talk Talk. Neon Indian às voltas com o krautrock. «I Love You, It’s Cool» é um excelente álbum e está repleto de boas canções (ouçam-se, por exemplo, os singles «The Reflection Of You» e «Sinful Nature»). Canções enormes que aqui e ali até parecem excessivas. Os Bear In Heaven cresceram e muito bem, mas se calhar convinha dosear um pouco a fórmula agora encontrada.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Em alta rotação

Twin Shadow é mais um dos muitos projectos musicais que procura inspiração nos saudosos anos 80. George Lewis Jr., o seu mentor, nasceu em 1983 e com «Forget» (2010) e «Confess» (2012) mostra que a sua música respira a new wave da década mais controversa da música pop. Se em 2010 «Forget» sugeria afinidades com as sonoridades mais compassivas dos Echo And The Bunymen e Depeche Mode, com «Confess» a música de Twin Shadow ganha mais velocidade e estabelece novas ligações com nomes como The Psychedelic Furs, Bruce Springsteen, Prince e Simple Minds. O disco é mais arrojado e as suas canções são mais urgentes. O próprio George Lewis Jr. interpreta os novos temas num comprimento de onda diferente do de «Forget». Um registo mais activo e amplificado. Porém, a identidade romantizada de Twin Shadow continua bem vincada nas canções de «Confess». Descobrimos, ainda, pontos de contacto com o modus operandi Sleigh BellsYou Call Me On»), vocalizações Peter Gabriel Vs. Robert Smith Vs. Morrissey e até recordamos «Faith» de George Michael, em «The One». Um disco que se entranha rapidamente e vicia. Eu confesso: «Confess», o segundo álbum de Twin Shadow, é o disco de 2012 com maior rotação por estes lados.