David Eugene Edwards (DEE) era, até ao passado dia 17 de Maio, um dos poucos artistas que, estando no meu rol de preferências, ainda não tinha tido a oportunidade de ver ao vivo. A ocasião surgiu finalmente através do festival leiriense
Fade In. Contactei as pessoas certas e marquei hora e local para iniciar uma autêntica peregrinação a Leiria e ao desconhecido Teatro Miguel Franco. A espera foi longa, mas a recompensa foi perfeita. Já aqui referi, por diversas vezes, que DEE é um músico excepcional. Seja pela história
16 Horsepower, seja pelas mais recentes estórias nos
Woven Hand, DEE tem a capacidade e intensidade necessárias para encantar qualquer melómano que se preze. Foi essa mesma capacidade e intensidade interpretativas e o sombrio e espiritual
rock western que fascinou e hipnotizou no passado domingo. O concerto foi único. As várias incursões de DEE em aparentes rituais xamânicos perturbaram, conferindo ao concerto uma intensidade desmedida e rara em espectáculos ao vivo. É certo que a sala revelou-se um pouco pequena para o som dos
Woven Hand, mas a ideia de ter assistido a um concerto de DEE num anfiteatro para duzentas pessoas engrandece toda a experiência. Não bastando, a música esteve sempre à altura dos acontecimentos e além dos temas do novo «
Ten Stones», houve espaço para ver e ouvir temas de todos os restantes álbuns da banda (destaque para o clássico «
Your Russia» do homónimo
debut). «
Heart & Soul», um original dos Joy Division que DEE toca já desde os tempos dos 16 Horsepower, e, já no
encore, «
Horse Head Fiddle», canção tradicional que surgiu em «
Folklore» dos
16 Horsepower, também entraram no ritual e ajudaram à redenção final de quem esteve presente.