Se Joan As Police Woman foi uma das grandes surpresas do ano transacto, os norte-americanos The National têm-se revelado um dos melhores partidos neste ano de 2007. Desde a edição de «Boxer» que não consigo parar de os ouvir e de os procurar (ora na internet, ora nas tascas). Nesta estreia sulista encontrámos o saboroso E.P. «Cherry Tree». Lançado em 2004, entre «Sad Songs For Dirty Lovers» (2003) e «Alligator» (2005), este conjunto de sete temas representou um certo limar de arestas por parte dos The National. Se até então a banda revelava potencial, ainda por concretizar, após «Cherry Tree» apuraram-se fórmulas e os The National atinaram, dando indícios do que são actualmente: uma das melhores propostas vindas da terra do Tio Sam. O colectivo continua a abordar Nick Cave, Leonard Cohen, Tindersticks, Tom Waits, Bruce Springsteen, The Walkabouts, etc. de uma forma muito particular. A voz de Matt Berninger engrandece a música e a própria banda, mas é a empatia entre esta autêntica família que mais brilha. Os ambientes são harmoniosos q.b. e temas como «All Dolled-Up in Straps», «Cherry Tree», «About Today» e «Wasp Nest» revelam o início da fase mais proveitosa dos The National. Depois chegaram «Alligator» e «Boxer» e o culto surgiu.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Viagens à tasca
Se Joan As Police Woman foi uma das grandes surpresas do ano transacto, os norte-americanos The National têm-se revelado um dos melhores partidos neste ano de 2007. Desde a edição de «Boxer» que não consigo parar de os ouvir e de os procurar (ora na internet, ora nas tascas). Nesta estreia sulista encontrámos o saboroso E.P. «Cherry Tree». Lançado em 2004, entre «Sad Songs For Dirty Lovers» (2003) e «Alligator» (2005), este conjunto de sete temas representou um certo limar de arestas por parte dos The National. Se até então a banda revelava potencial, ainda por concretizar, após «Cherry Tree» apuraram-se fórmulas e os The National atinaram, dando indícios do que são actualmente: uma das melhores propostas vindas da terra do Tio Sam. O colectivo continua a abordar Nick Cave, Leonard Cohen, Tindersticks, Tom Waits, Bruce Springsteen, The Walkabouts, etc. de uma forma muito particular. A voz de Matt Berninger engrandece a música e a própria banda, mas é a empatia entre esta autêntica família que mais brilha. Os ambientes são harmoniosos q.b. e temas como «All Dolled-Up in Straps», «Cherry Tree», «About Today» e «Wasp Nest» revelam o início da fase mais proveitosa dos The National. Depois chegaram «Alligator» e «Boxer» e o culto surgiu.
sábado, 17 de novembro de 2007
David Fonseca | Rocket Man
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Maxïmo Park | Karaoke Plays
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Viagens à tasca
Vamos lá falar de Michael Jackson (MJ). Sempre esteve bem claro na minha cabeça que MJ desempenhou um importantíssimo papel na evolução da música urbana norte-americana, nas suas variadíssimas acepções e estilos. Do R&B ao Rap e do Hip-Hop à Pop. Desta forma, a vontade de comprar uma compilação de Mr. Jackson sempre existiu. Nesta inocente passagem pela tasca das tascas encontrámos artigos ao desbarato e o duplo «The Essential» acabou na nossa conta cliente por apenas € 5,00. O leque musical é extenso, passando pelos originais Jackson 5 até «Invencible», o último flop editorial de MJ, de 2001. É, de facto, um longo apanhado do melhor que Michael Jackson nos deu. Durante a sua infância, com os The Jackson 5, e juventude, nos The Jacksons (evolução natural dos anteriores cinco), a Motown era o pano de fundo e tanto Marvin Gaye como Stevie Wonder eram os ídolos a seguir. Quando em 1979 grava, com a ajuda de Quincy Jones, «Off The Wall» a admiração surge dos quatro cantos do mundo. Temas como «Don’t Stop ‘Till You Get Enough» e «Rock With You» marcavam a estreia em nome próprio de um artista que respirava talento e com um futuro promissor. Os prémios sucederam-se e os álbuns de platina multiplicaram-se. Daí até ao reconhecimento como Rei da Pop foi um pequeno passo. Por tudo isto e muito mais, ouvir este «The Essential» revelou-se uma experiência surpreendente. Se no primeiro CD encontramos os inevitáveis «Don’t Stop ‘Till You Get Enough», «Rock With You», «The Girl Is Mine» (dueto com Paul McCartney), «Billie Jean», «Beat It» e «Thriller»; o segundo capítulo passa pelos não menos importantes «Bad», «The Way You Make Me Feel», «Man In The Mirror», «Smooth Criminal», «Remember The Time», «Heal The World», «Earth Song» e «They Don’t Care About Us». Tudo motivos para recordarmos um dos maiores compositores pop do último século.
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Viramos as atenções para um dos mais conseguidos registos dos últimos anos. «The Miseducation Of Lauryn Hill» é um clássico, por isso mesmo a cópia pirata lá de casa merecia um upgrade. Em mais uma promoção Fnac acabamos por levar o disco para casa e reviver outros tempos. Note-se que esta «sinuosa» educação de Lauryn Hill é mais um tributo à soul dos anos 70 (com a Motown uma vez mais a marcar presença) que um álbum de hip-hop contemporâneo. Porém, é aqui que reside o segredo do seu sucesso. Canções baseadas em memórias soul às quais são adicionados beats contagiantes e uma lírica contemporânea. É, desta forma, um autêntico regresso ao futuro que meio mundo aclamou, nomeou e galardoou. «Ex-Factor» é um lamento delicioso que poderá levar o ouvinte mais sensível às lágrimas; «To Zion», que conta com a ajuda preciosa de Carlos Santana, é um autêntico bombom que Lauryn Hill ofereceu ao seu filho Zion; «Everything Is Everything» conta com John Legend (na altura um perfeito desconhecido) ao piano mas são os beats e o trabalho de edição que despertam a nossa atenção; «I Used To Love Him» regista a sempre agradável presença de Mary J. Blige (uma das rainhas da soul) e a comunhão com Lauryn Hill é perfeita; D’Angelo também surge na lista de convidados e o resultado é o «Melodicodoce» «Nothing Even Matters»; «Doo Wop (That Thing)» foi um dos singles e vídeos mais fortes dos anos ’90; e, a chegar ao fim, temos «Can’t Take My Eyes Off You» a servir de sobremesa.
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Regressamos ao mundo Johnny Cash e ao quinto e simultaneamente primeiro capítulo póstumo da série American Recordings. Se no admirável «American IV: The Man Who Cames Around» Johnny Cash já revelava alguma debilidade física, em «American V: A Hundred Highways», editado a 4 de Julho de 2006 (cerca de 3 anos após o seu desaparecimento), o cenário não é melhor. O ritmo é calmo e os temas são tranquilos, desempenhando como que um papel de despedida. Johnny Cash volta a formar equipa com Rick Rubin. O álbum é, mais uma vez, composto por alguns (poucos) originais e uma mão cheia de versões. No campo dos originais encontramos a serenidade folk de «I Came to Believe» e o country de «Like The 309», a derradeira composição assinada por Johnny Cash. Relativamente às covers, destaque para o tema tradicional «God’s Gonna Cut You Down»; «If You Could Read My Mind», de Gordon Lightfoot; «Further On Up the Road», de Bruce Springsteen; «On The Evening Train», de Hank Williams; «A Legend In Time», escrito por Don Gibson e interpretada por Roy Orbinson; e, a fechar, o «cristalindo» «Love’s Been Good To Me», tema popularizado por Frank Sinatra. O resultado final revela-se mais homogéneo que os seus antecessores, mas a sua serenidade não deixa de transmitir algum vazio e sentimento de perda do génio Johnny Cash.
Um pouco em forma de homenagem deixo Johnny Cash e o vídeo para «God’s Gonna Cut You Down», tema que também foi aproveitado por Moby em «Run On», de «Play».
domingo, 11 de novembro de 2007
Viagens à tasca
Gosto muito dos nova-iorquinos Yeah Yeah Yeahs. Fashion Punk Pop de alta qualidade. Karen O, uma das muitas rainhas do rock, sabe o que quer e para onde vai. Os seus variados registos, ora agridoce (ouçam-se «Down Boy» e «Is Is») ora grotesco (em «Rockers To Swallow»), são a mais valia deste colectivo. A música por vezes repete-se, mas as interpretações de O dão sempre um toque cativante aos Yeah Yeah Yeahs. «Is Is», E.P. que reúne novas gravações de alguns dos temas escritos e esquecidos na gaveta entre «Fever To Tell» e «Show Your Bones», é mais do mesmo. Nenhuma das canções aqui incluídas marca, de forma clara, uma viragem de rumo, nada que nos possa dar uma primeira ideia sobre qual o futuro recente deste trio nova-iorquino. Contudo, pergunto: quando se gosta de um determinado doce, repetimos esse mesmo doce que nos satisfaz plenamente ou procuramos outras sacarinas? Karen O volta a ser a estrela da companhia e Nick Zinner e Brian Chase continuam em constante despique um com o outro. O resultado é dezoito minutos de boa música e de pura sedução por parte de Karen O e companhia. «Rockers To Swallow» é visceral e recupera os bons momentos de Marilyn Manson. «Down Boy» é marca de registo Yeah Yeah Yeahs, início doce para logo depois Nick Zinner e Brian Chase revirarem tudo do avesso. «Kiss Kiss» é punk pop para danças lascivas/sexuais; «Is Is» acaba por ser o melhor tema aqui apresentado, juntando o belíssimo «Maps» ao não menos espectacular «Cheated Hearts». «10 x 10» tem a árdua tarefa de fechar mais uma proposta dos Yeah Yeah Yeah. Nada de novo, portanto, mas aguçamos o apetite para novidades Yeah Yeah Yeahs.
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Mantemos o registo das vozes femininas, para voltarmos aos Shivaree. OK, a banda norte-americana é irregular e somente o «Goodnight Moon» teve algum reconhecimento geral. Porém, há algo na voz e desempenho de Ambrosia Parsley que me prende. Algo de langoroso que busca ensinamentos pop a uns Sparklehorse, Mazzy Star e, porque não, Portishead. A música mantém a sua vertente indolente. A voz é cativante e a música, sem encantar, satisfaz. Um dos muitos guilty pleasures do final do século XX a marcar os meus ouvidos (para o bem e para o mal). A tracklist deste teaser para o álbum «Who’s Got Trouble?», trabalho que contém um dos segredos mais bem guardados da pop («New Casablanca»), é composta essencialmente por covers (outra das minhas grandes paixões). Além de «I Close My Eyes» (primeiro single do supracitado álbum), encontramos «Fat Lady Of Limbourg», uma versão de Brian Eno e também incluída em «Who’s Got Trouble?» e os lados-b «Fear Is a Man's Best Friend», cover de John Cale, «Strange Boat», cover dos Waterboys e que conta com a participação especial de Ed Harcourt, e «657 Bed B» (original dos Shivaree). Só para aderentes Shivaree.
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Terminamos esta aventura ao som dos sempre bem-vindos Bloc Party e mais um E.P.. A compra colmatou uma falha na listagem de discos lá de casa, com o debut da banda britânica. Não nos alonguemos muito. O que interessa aqui é «Banquet», tema indie rock radio friendly com um refrão orelhudo e que recupera Gang Of Four, The Fall e The Cure em pouco mais de 3 minutos. O desenrolar dos acontecimentos para os Bloc Party é conhecido: uma operadora de telecomunicações descobre «Banquet» e a exposição é fulminante. «Silent Alarm» é apanhado na corrente e aquando de «A Weekend In The City», segundo registo de originais, a presença da banda nos tops europeus já é normalíssimo. Recentemente editaram «Flux» e as reacções têm sido díspares. Ora se ama ora se odeia, não havendo espaço para o meio-termo. «Bloc Party E.P.» é de digestão mais fácil. Além de «Banquet» (a «galinha dos ovos de ouro» do colectivo britânico), encontramos «She’s Hearing Voices», numa primeira gravação menos sofisticada; «Staying Fat», ritmo acelerado e riffs frenéticos com vocalizações sobrepostas e envolventes; «The Marshals Are Dead», canção que se mostra ainda num estado embrionário e que nunca foi terminada (pelo menos em disco); «The Answer», que começa ao som de «Price Of Gasoline» e pelo meio revela alguns riffs de «This Modern Love» é, porventura, o outro grande ponto de interesse deste E.P.. No fim há ainda espaço para a versão «Phones Disco Edit» de «Banquet», onde a bateria, o baixo e uma pitada de electrónica se evidenciam. Agradável estreia e excelente teaser para «Silent Alarm».
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Interpol - Act 2
Os músicos são bons, a banda entende-se às mil maravilhas e as canções (personagens principais de qualquer concerto que se preze) são boas. Porém, aliado a um alinhamento de altos e baixos, o público lisboeta mostrou-se, durante grande parte da actuação, apático e sem sal. Longe vão os tempos em que os concertos em Portugal ganhavam dimensão pela entusiasmante prestação do público. Há cerca de dez anos um concerto em palcos lusos era um evento único, não só porque Portugal nunca fez parte do roteiro «normal» das digressões como o público mostrava-se sedento, fazendo tudo por tudo para criar empatia com os artistas. Hoje em dia, directamente relacionado com uma maior oferta ou não, a letargia predomina. A banda chega, dá o seu espectáculo e quando nos apercebemos o concerto já terminou. O que estará a prender o público português?
Passando adiante. Os músicos são exímios, chegando ao ponto de reproduzir fielmente os temas de todos os seus álbuns de estúdio. Foi assim no SBSR (mas ninguém os crucificou, pois era a primeira vez) e foi assim na passada noite de 7 de Novembro. Pelo palco passaram os grandes sucessos do colectivo norte-americano. «Obstacle 1», «Mammoth», «Slow Hands», «Evil», «C’mere», «The Heinrich Maneuver», «No I Threesome», «PDA»… Tudo ingredientes favoráveis a um excelente concerto. No entanto, foi com «Pioneer Of The Falls» (a abrir), «No I Threesome», «Rest My Chemistry» e «The Lighthouse» que vimos algo de novo nos Interpol. Todavia, paradoxalmente foi com estes dois últimos temas que se deu uma quebra brutal no espectáculo. O público recostou-se e rapidamente chegámos ao final de mais um concerto em Lisboa. Já agora, qual é o próximo concerto?
A despedida é feita ao som de «23» dos Blonde Readhead. Vídeo realizado por Melodie McDaniel.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Estrela à solta no Coliseu
A espontaneidade continua a ser a arma de sedução de Rufus, que insiste em entreter o público com confissões desconcertantes, tais como «I’m a little princess… without a throne… and available». A sinceridade é a alma do negócio. Rufus diz e o público acredita, não só pela maturidade demonstrada nas suas composições como pela aparente «inocência» evidenciada em palco. De certa forma, Rufus será sempre (um)a pequena princesa, mas o trono, esse já ninguém o lho pode negar nem tirar.
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Durante a primeira parte Rufus Wainwright esteve ao ataque, presenteando os seus adeptos com temas novos e menos novos. «Release The Stars» abriu as hostilidades de um espectáculo que durou quase três horas. «Going To A Town» seguiu-se e o talento já demonstrado conquistou o público com uma arrebatadora interpretação ao piano de uma das suas mais belas canções. «Sanssouci», «Rules And Regulations», «Tiergarten», «Leaving Paris» e a divertidíssima «Between My Legs» (com a participação especial da sua instrutora de ioga) completaram o leque de temas extraídos do mais recente álbum. Pelo meio e ao som de «Danny Boy», «Cigarettes And Chocolate Milk» e «The Art Teacher» reviveram-se outros momentos da admirável carreira de Mr. Rufus Wainwright.
Após um intervalo de quinze a vinte minutos, Rufus voltou à carga com «The Consort» do soberbo «Poses» (álbum de 2001), para logo depois regressar às «estrelas» com o tema bigger than life «Do I Disappoint You?» (mera pergunta de retórica, diga-se de passagem). Foi então que a sombra de Judy Garland se mostrou e Rufus, de uma assentada, interpretou «Foggy Day In London» e «If Love Were All», temas que poderemos encontrar nas gravações dos espectáculos homenagem a Judy Garland a editar em Dezembro próximo. «Nobody’s Off The Hook», «Not Ready To Love» e «Slideshow» fecharam «Release The Stars». Contudo, ainda houve tempo e forças para «Beautiful Child», «14th Street» e, surpresa das surpresas, «Macushla» (tema tradicional celta que Rufus cantou à capela, sem microfone, entenda-se; momento mais operático que revelou uma das grandes paixões deste cantautor de eleição).
Regressando ao encore. Após «I Don’t Know What It Is» Rufus apresentou «Poses» e chamou ao palco Kate McGarrigle (sua mãe) para interpretar «Somewhere Over The Rainbow» (da banda sonora d’O Feiticeiro de Oz) e «Barcelona» («uma vez que Portugal ainda faz parte da Península Ibérica»). A cereja em cima do bolo ocorreu quando Rufus resolve tira o roupão, colocar um par de brincos, batom e com a ajuda de um chapéu e traje à anos 20 bailou, com a sua banda de suporte, «Get Happy», mais um tema do universo de Judy Garland. Por fim ainda houve tempo para o inevitável «Gay Messiah».
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Aproveitando a boleia de mais um concerto, damos prioridade máxima a uma recente aquisição discográfica: «Release The Stars», o último álbum de originais do grande Rufus Wainwright. Após as aventuras e desventuras em período de férias e uma vez que tivemos conhecimento da edição, em território de sua Majestade, de um pack especial e limitado com uma faixa adicional e um DVD bónus, navegámos em direcção a essa autêntica selva de vícios que é a Amazon… «Release The Stars» só veio aumentar ainda mais a admiração pelo autor. Rufus Wainwright mantém o alto nível e a qualidade na sua escrita. Aponta novos caminhos em temas mais orquestrais / operáticos e enfeitiça com uma pop crivada de requinte e leveza. «Do I Disappoint You?» é, como tive a oportunidade de mencionar bigger than life. O lamento e a desilusão pessoais com a América em «Going To A Town» emocionam qualquer ouvinte. «Tiergarten» é doce como o mel. «Nobody’s Off The Hook» e «Not Ready To Love» mostram a vertente mais sensível e delicada de Wainwright. «Rules And Regulations», «Between My Legs» e «Release The Stars» dão um toque mais hedonista ao álbum. Concluíndo: excelente álbum associado a um magnífico concerto de um dos singer-songwritters de eleição da actualidade.
Antony And The Johnsons | I Will Survive
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
2007 | Viagens à tasca em período de férias XII
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«Nolita» marca a separação criativa definitiva entre Keren Ann Zeidel e Benjamin Biolay e é o primeiro registo da artista israelita após a sua mudança para New York (mais precisamente para o bairro de Manhattan, North Of Little Italy, i.e., NoLIta). Composto por quatro temas em francês e seis em inglês, Keren Ann canta e encanta novamente. A fragilidade da sua voz prende-nos do primeiro ao último segundo. A leve brisa bucólica que percorre todo o disco rejuvenesce qualquer que seja o ouvinte. «Que N’Ai-Je?», uma visão mais adocicada e frágil da bossa nova, abre as hostilidades. «L’Onde Amère», tema que conta com a participação do trompetista Avishai Cohen, conquista-nos por completo e a rendição está garantida ao segundo acto. «Chelsea Burns», primeiro tema apresentado em inglês e peça fundamental para a mediatização de Keren Ann, só adensa ainda mais a nossa entrega. Porém é «Nolita», com sete arrebatadores minutos, que ao abraçar a ardente frieza de uns Sigur Rós, Keren Ann parece atingir a perfeição. Comparativamente, o que se segue perde um pouco de interesse, mas nenhuma canção desilude. O magnetizante piano em «One Day Without», o baixo indolente de «La Forme Et Le Fond» e a deliciosa «Song Of Alice» só aumentam o encanto por Keren Ann. Como canta em «Greatest You Can Find» (faixa escondida), «Your love is greater greatest you can find here».
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Partimos em direcção aos Incubus e por muito que queiramos recordar bons velhos tempos, depois de tantas e tão boas (re)descobertas como Martha Wainwright, Benjamin Biolay, Keren Ann, The Shins, Johnny Cash, e por aí em diante, por mais espectacular que fosse o concerto registado em «Live In Japan 2004», saberia sempre a pouco. Ainda para mais, a digressão aqui documentada é que apresentou o desapontante «A Crow Left Of The Murder». Longe vão os tempos de «S.C.I.E.N.C.E.» e «Make Yourself», fase mais produtiva deste colectivo californiano. A genuína agressividade dos Incubus perdeu-se após «Make Yourself», álbum que os catapultou para os topes de todo o mundo e os corrompeu. O dinheiro parecia falar mais alto e o descalabro foi inevitável. «Live In Japan 2004» centra-se em «A Crow Left Of The Murder», mas os pontos altos são «Consequence», «Idiot Box», «Vitamin», «Clean», «A Certain Shade Of Green» e o soberbo «Pardon Me». Que me perdoem os Incubus, mas o espírito inicial murchou e não se vislumbra quaisquer indícios de renovação.
Jet d'Eau - Lac Léman (Genève)
The Killers feat. Lou Reed | Tranquilize
QOTSA | Make It Wit Chu
domingo, 4 de novembro de 2007
2007 | Viagens à tasca em período de férias XI
Memorial de Freddie Mercury em Montreux
Por incrível que lhes possa parecer, em Montreux não avistámos nenhum estabelecimento para saciar o vício musical. Desta forma, e depois de confirmarmos a sua existência na world wide web, lá encontrámos a Fnac de Lausanne. A visita foi a correr, mas houve tempo para descobrir o novíssimo disco de Joseph Arthur.
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«Let’s Just Be» é o sexto álbum da carreira de Joseph Arthur, o segundo registo a ver a luz do dia através da Lonely Astronaut Records (editora de Joseph Arthur) e a primeira gravação onde o singer-songwritter norte-americano se faz acompanhar por uma banda de suporte, os The Lonely Astronauts. O resultado é o pior disco de Joseph Arthur. Em parte percebemos que depois de arquitectar o seu espaço e construir o seu próprio estúdio e editora, Joseph Arthur se sente «free as a bird». De momento, nada e ninguém o impedem de gravar e lançar o quer que seja. As limitações editoriais deixaram de condicionar o trabalho de Joseph Arthur e isso está muito bem evidenciado neste «Let’s Just Be». Às primeiras audições constatamos a presença do espírito free de um Devendra Banhart, mas musicalmente as dezasseis composições aqui expostas não apresentam qualquer rumo. Os inarráveis «Cockteeze» e «Lonely Astronaut» (este último com mais de vinte minutos) mostram uma banda a ensaiar acordes, melodias, vocalizações, percussões, etc. É claro que Joseph Arthur já demonstrou todo o seu talento em álbuns como «Come To Where I’m From» e «Our Shadows Will Remain». Porém, «Let’s Just Be» parece-se mais com uma compilação de demos, lados-b e outras gravações perdidas do que um álbum de originais que resulte numa digressão. Desta forma, «Let’s Just Be» poderá contentar os mais acérrimos seguidores de Joseph Arthur. Todavia, para os restantes conhecedores da obra de Joseph Arthur os temas «Take Me Home», «Chicago», «Diamond Ring», «Lack A Vision» e «I Will Carry» não o deixam ficar mal de todo na fotografia. No entanto, é muito pouco para o tanto que já nos deu e nos prometeu.
Como recordação dos bons tempos de Joseph Arthur deixo «History», uma das grandes canções de «Come To Where I’m From», álbum de 2000 que incluía «In The Sun», o maior sucesso de Joseph Arthur até à data.
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quinta-feira, 1 de novembro de 2007
2007 | Viagens à tasca em período de férias X
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