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Os músicos são bons, a banda entende-se às mil maravilhas e as canções (personagens principais de qualquer concerto que se preze) são boas. Porém, aliado a um alinhamento de altos e baixos, o público lisboeta mostrou-se, durante grande parte da actuação, apático e sem sal. Longe vão os tempos em que os concertos em Portugal ganhavam dimensão pela entusiasmante prestação do público. Há cerca de dez anos um concerto em palcos lusos era um evento único, não só porque Portugal nunca fez parte do roteiro «normal» das digressões como o público mostrava-se sedento, fazendo tudo por tudo para criar empatia com os artistas. Hoje em dia, directamente relacionado com uma maior oferta ou não, a letargia predomina. A banda chega, dá o seu espectáculo e quando nos apercebemos o concerto já terminou. O que estará a prender o público português?
Passando adiante. Os músicos são exímios, chegando ao ponto de reproduzir fielmente os temas de todos os seus álbuns de estúdio. Foi assim no SBSR (mas ninguém os crucificou, pois era a primeira vez) e foi assim na passada noite de 7 de Novembro. Pelo palco passaram os grandes sucessos do colectivo norte-americano. «Obstacle 1», «Mammoth», «Slow Hands», «Evil», «C’mere», «The Heinrich Maneuver», «No I Threesome», «PDA»… Tudo ingredientes favoráveis a um excelente concerto. No entanto, foi com «Pioneer Of The Falls» (a abrir), «No I Threesome», «Rest My Chemistry» e «The Lighthouse» que vimos algo de novo nos Interpol. Todavia, paradoxalmente foi com estes dois últimos temas que se deu uma quebra brutal no espectáculo. O público recostou-se e rapidamente chegámos ao final de mais um concerto em Lisboa. Já agora, qual é o próximo concerto?
Especial menção para os Blonde Redhead, banda norte-americana que acompanha os «vizinhos» Interpol na digressão europeia. Uma boa parte da plateia revelou conhecer a discografia dos irmãos Simone e Amedeo Pace e Kazu Makino (elemento essencial para a estratégia de sedução do colectivo). A música é atraente e a voz, mais esganiçada em palco, de Kazu Makino (a lembrar uma Julee Cruise) dá um ar alucinado ao espectáculo. «23», o tema título do excelente último registo, fechou a tentadora prestação do colectivo e deu razões para uma outra visita e noutras condições.
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A despedida é feita ao som de «23» dos Blonde Readhead. Vídeo realizado por Melodie McDaniel.
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1 comentário:
com muita pena minha não puder ir a interpol. mas aquilo de que te queixas tb eu presenciei na noite do rufus. o público apático e sem sal, que me põe a pensar se sou eu que não me sei comportar num concerto, por não resistir a abanar nem que seja a cabeça, por desatar a chorar com alguma emoção mais forte, ou mesmo por *sacrilégio* cantar!
mas sinceramente acho que o prob não está em mim...
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