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Continuo as minhas navegações amazónicas para falar de uma das muitas vozes femininas que me têm acompanhado nos últimos tempos,
Martha Wainwright.
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Apesar do
debut só ter surgido em 2005, Martha já anda no mundo da canção há muito. O longínquo ano de 1999 marcou a sua estreia discográfica com um homónimo E.P. de 6 temas, entre os quais «
G.P.T.» e «
Don’t Forget» que surgiram no alinhamento final de «
Martha Wainwright», o álbum. Em 2002 é editado o E.P. «
Factory», outro dos grandes temas incluídos no debut álbum de Martha. Ambos os registos não estavam disponíveis para entrega no país periférico que era Portugal. Porém, «
Bloody Motherfucking Asshole», de 2004, e «
I Will Internalize», de 2005, chegaram cá e intensificaram a admiração por esta
singer/singwriter canadiana (os outros dois ficam para os próximos episódios). «
Bloody Motherfucking Asshole» é visceral e um dos temas mais fortes da «musicografia» de Martha Wainwright. «
Oh I wish, I wish, I wish I was born a man / So I could learn how to stand up for myself / Like those guys with guitars / I've been watching in bars / Who've been stamping their feet to a different beat / To a different beat» reclama Martha, transmitindo uma aparente revolta que se dissipa com os primeiros acordes do espacial «
I Will Internalize». «
When The Day Is Short», numa versão mais curta que o
single extraído de «
Martha Wainwright», é exercício
pop solarengo e banda sonora para um agradável final de tarde na companhia de alguém especial («
And I don’t care if you / If you love me tomorrow just / Love me tonight & I / I will be all right / I’ll be all right / Until tomorrow night»). Em «
It’s Over» descobrimos a presença de uma
Sheryl Crow ébria e mais acessível para ouvidos
indie e «
How Soon», a terminar, é uma autêntica
lullaby que se desenvolve ao som de uma caixinha de música e que representa uma despedida perfeita para este E.P..
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Mudamos de E.P., mas continuamos de ouvidos bem colados às histórias que Martha Wainwright nos tem para contar. «
I Will Internalize» é outro E.P., editado em 2005 e em exclusivo para o mercado canadiano, a figurar na discografia de Martha. A simplicidade/minimalismo dos teclados iniciais confere uma ambiência mais etérea à música de Mrs. Wainwright. A voz apresenta-se na máxima força e o tema é acompanhado por uma discreta e compassada guitarra acústica. «
Baby», «
Bring Back My Heart» (que conta com a presença de
Rufus Wainwright) e «
Dis, Quand Reviendras-Tu?» (
cover de um tema de Barbara, com Kate McGarrigle no piano) são os extras da edição especial do
debut «
Martha Wainwright». «
Baby» é uma autêntica declaração de amor musicada e centrada na voz da intérprete:
Edith Piaff meets Nick Drake dirão muitos. «
Bring Back My Heart» junta os manos Wainwright para um delicado momento no qual é impossível não comparar vozes, interpretações, colocação de voz, etc. Se Rufus segue o caminho de um persuasivo falsete, Martha surge num registo mais habitual e igual a si mesma, mas não menos proveitoso. «
Dis, Quand Reviendras-Tu?», original de Barbara, é uma estupenda interpretação de Martha que conta com a ajuda de Kate McGarrigle ao piano e que não envergonharia a própria Barbara. E em «
New York, New York, New York» julgamos ver e ouvir no mesmo palco o
smooth-jazz de
Norah Jones e os excessos sedativos de
Tori Amos. Razões mais que suficientes para estarmos atentos a esta senhora.
Em forma de despedida e a aguçar o apetite para o novo álbum que chegará ao mercado ainda este ano fica o vídeo de «
When The Day Is Short».
1 comentário:
conheço ainda mt pouco da martha, tenho mesmo de a decobrir como deve ser.
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