11 de Outubro de 2007: a febre
Radiohead e «
In Rainbows» eclodiam, anunciando uma qualquer revolução que, de acordo com a imprensa especializada, marcaria o fim das editoras discográficas e da própria indústria tal como a conhecíamos. Numa fulminante operação estratégica, os Radiohead disponibilizavam «
In Rainbows», sétimo álbum de originais, via Internet e sem quaisquer intermediários. Enquanto que o preço do formato digital seria «à escolha do freguês», a edição física e
deluxe da
discbox marcava as £ 40,00 (± € 60,00). Tratando-se dos Radiohead não hesitei um minuto e lá encomendei a
discbox. Os dez
MP3 foram logo disponibilizados e consumidos. Contudo, no que toca a trabalhos discográficos, confesso ser ainda um pouco «
old school». O ritual de comprar o disco na loja, abri-lo e explorá-lo visual e auditivamente em casa é ainda um dos meus maiores prazeres desta vida. Por isso, as primeiras audições efectuadas a «
In Rainbows» souberam a pouco, pois não havia o suporte físico para a música apresentada.
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29 de Fevereiro de 2008: quatro meses e dezoito dias depois da ordem de débito na conta bancária, o bendito disco chegou ao destinatário. Note-se que entretanto a versão
standard de «
In Rainbows» conheceu edição comercial e desde 31 de Dezembro de 2007 que o poderemos encontrar em qualquer «tasca» que se preze. Porém, falemos da edição especial e de luxo de «
In Rainbows».
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Composto por dois CD (um com o original de «
In Rainbows» e outro com os
lados-b) e dois vinis (que registam os dez temas que compõem «
In Rainbows»), este autêntico pacote de luxo é mais um caso de perfeição na inteligente carreira da banda britânica mais importante dos nossos tempos. Esteticamente não há nada a apontar. Musicalmente «
In Rainbows» faz-nos esquecer o desequilibrado «
Hail To The Thief», recuperando a marca e o entusiasmante pulsar dos Radiohead. Após as viagens espaciais (leia-se electrónicas) de «
Kid A» e «
Amnesiac», «
Hail To The Thief» ficou a meio caminho entre a experimentação e o formato clássico da canção – não era nem carne nem peixe – e a união sonora da banda, patenteada em exercícios anteriores, saiu ferida. «
In Rainbows» reúne estes
fab five para mais um excelente lote de canções e o disco mais coeso desde «
Kid A». Aqui tudo parece estar no lugar certo: desde a desinquieta cadência de «
15 Step», aos
riffs incisivos e ritmo galopante de «
Bodysnatchers», passando pela redenção em «
Nude», a desarmante «
Reckoner» e a acústica orquestrada de «
Faust Arp» e terminando nas harmoniosas «
House Of Cards» e «
Videotape». Aparentemente tudo leva a crer que a criação musical está uma vez mais centrada nas linhas de guitarra, nos ritmos do baixo e bateria, nas melodias ao piano e na versátil voz de Thom Yorke. As electrónicas que tanto marcaram o vocalista surgem agora num segundo plano, mais moderadas e mais eficazes.
Mudamos de disco e «
MK 1», primeiro tema da compilação de «
leftovers» de «
In Rainbows», traz consigo a melodia ao piano de «
Videotape», última canção do álbum original. De imediato nos identificamos com esta continuação do mais recente registo dos Radiohead. Porém, a fasquia já não é a mesma. Composto por oito faixas, todas elas mais experimentais, os grandes destaques vão para a acelerada e descomprometida «
Bangers + Mosh», para a tocante e apaixonada «
Last Flowers», a etérea «
Go Slowly», que podia perfeitamente surgir no alinhamento final de «
In Rainbows», a sinistra «
Down Is The New Up» e a simplicidade de «
4 Minute Warning». No fim ouvem-se mais 30 minutos de boa música com a marca registada Radiohead.
Para terminar fica o vídeo de «
Jigsaw Falling Into Place», o primeiro
single extraído do mais recente trabalho dos britânicos Radiohead.
1 comentário:
e eu que ainda não tenho o suporte físico :(
quero muito comprar essa box, mas agr é impossível. só espero q dps n seja tarde demais, enfim...
o in rainbows é um álbum maravilhoso.
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