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Por muito que me custe afirmá-lo, sou da opinião que os franceses
Air continuam a gravar discos e a ter visibilidade devido aos louros colhidos aquando dos primeiros trabalhos do duo. Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel conheceram o sabor da fama com «
Sexy Boy», um sucesso radiofónico algo improvável que, a par de trabalhos dos conterrâneos
Daft Punk e
Cassius, assinalou a reentrada em cena de um qualquer
french electronic touch no universo
pop. «
Moon Safari» (1998) é uma autêntica obra-prima que continua a entusiasmar qualquer melómano. Primorosa colecção de canções
pop sofisticada que ainda hoje nos faz sonhar e acreditar numa esmerada carreira musical da dupla de
Versailles. Acredito, também, que tenha sido, essa, a principal atracção que levou à enchente do Coliseu de Lisboa no passado sábado (há muito que não via um Coliseu esgotado). Razão pela qual o concerto teve duas partes distintas: uma primeira parte mais morna, na qual se ouviram as novas composições de «
Love 2» (álbum que não sendo mau, fica longe do melhor dos Air), e uma segunda parte mais festiva e estimulante em que se ouviram alguns dos grandes clássicos da banda. Paralelamente, e apesar dos altos e baixos da actuação do duo (que em palco é trio), este foi um concerto de recordações. Recordei o impacto que é ver um concerto esgotado no Coliseu. Recordei a marcante primeira passagem da banda por aquela mesma sala em 13 de Novembro de 2001 (soberba prestação aliada a um aliciante jogo de luz e som). Recordei a música que tanto me acompanhou e seduziu na passagem do século XX para o século XXI. Recordei, igualmente, algumas das canções que apadrinharam a minha «descoberta» do universo
electro-pop sofisticado e, graças à
Antena 3, o que é ir a um concerto à borla. Depois de um imenso hiato, devido à cada vez mais intensa actividade profissional, a caminho do Saldanha tropecei num passatempo que me abriu as portas do Coliseu. Fica aqui o meu sincero bem hajam à Antena 3 e aos Air que me continuam a fazer sonhar e a crer que podem voltar a fazer magia, tal como fizeram em «
Moon Safari» (1998), «
The Virgin Suicides» (2000) e «
Talkie Walkie» (2004). No fim, e apesar do imperdoável esquecimento de «
All I Need» e «
Playground Love», confesso que foi um deleite reencontrar, em palco, canções como «
Talisman», «
Cherry Blossom Girl», «
Highschool Lover», «
Venus», «
How Does It Make You Feel?», «
Alpha Beta Gaga», «
Kelly Watch The Stars», «
Sexy Boy» e, essencialmente, «
La Femme D’Argent» (instrumental que, mais uma vez, encerrou o concerto do Coliseu da melhor forma).
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