sábado, 5 de novembro de 2011

Aquele inverno


O inverno chegou e, com ele, veio também a desagradável experiência que é sair de um íntimo e distinto concerto directamente para a chuva e para o frio. Meteorologia à parte, a estreia em palcos nacionais dos norte-americanos The Antlers foi notável. Projecto de Peter Silberman – um dedicado seguidor das texturas Radiohead e postura Jeff Buckley meets Hayden Thorpe (situação que ao vivo se torna ainda mais evidente ao som de, por exemplo, «Parentheses») –, que nos últimos três anos nos entregaram o conceptual «Hospice» (2009) e o mais recente «Burst Apart» (2011). Dois discos extremamente intensos, mas igualmente distintos. Porém, ambos os registos convergem no talento de Peter Silberman na hora de compor e cantar os seus pequenos pedaços de céu. Efeito que não se perde em palco, com o formato live. Portanto, a noite foi recompensadora. O público foi conquistado, mais uma vez, pela voz de Peter Silberman e pelas canções dos The Antlers. O espectáculo, o primeiro da digressão europeia da banda de Nova Iorque, incidiu essencialmente em «Burst Apart». No entanto, foi com as novas roupagens dadas a «Kettering», «Atrophy», «Bear» e «Sylvia» que os The Antlers mais brilharam. Pena a ausência de «Two», mas tivemos «Every Night My Teeth Are Falling Out», «I Don’t Want Love», «Putting The Dog To Sleep», «French Exit», «Corsicana» e, principalmente, «No Widows». Tanto os The Antlers como o público presente estiveram em sintonia, mas as condições Lux não. O som esteve excessivamente alto e estridente (o caos reinou quando as segundas e, por vezes, terceiras vozes entravam em cena) e, não fosse a música dos The Antlers, julgo que todos gelávamos naquela cave.

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