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Há dias deparei-me com um artigo, nessas «revistecas» de fim-de-semana, em que se afirmava que
David Fonseca estava a um pequeno passo de fazer tudo o que quisesse (em termos artísticos, entenda-se). Isto não só por tudo o que já fez e conquistou, mas também pela posição que ocupa no actual panorama da música portuguesa. Segundo as palavras do próprio
David Fonseca, a editora dá-lhe livre-trânsito para criar e explorar (em termos musicais e audiovisuais, realizando inclusive os seus próprios vídeos). Sem prazos e sem
stress, David Fonseca tem demonstrado ser o «artista dos sete ofícios», que continua a esgotar salas de espectáculo e a vender discos «que nem ginjas». Por tudo isso e muito mais, a azáfama e alguma histeria que se assistiu no passado dia 12 de Abril num Coliseu de Lisboa esgotadíssimo não me surpreendeu por aí além. O alinhamento, muito parecido com a
set list da sua recente actuação em Sintra, centrou-se em «
Dreams In Colour», o mais recente e melhor registo do músico até à data. No entanto, os
Mariachis, as inúmeras versões e os momentos de
stand-up comedy ficam sempre bem e, utilizando as palavras de David Fonseca: «
Foi uma noite bonita!». Perdoou-se a quase réplica dos restantes espectáculos de «
Dreams In Colour», ninguém ligou à falha do megafone em «
Silent Void» e todos celebraram a
pop colorida de «
Dreams In Colour».
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Do começo acelerado e entusiasta com «
4th Chance» e «
Our Hearts Will Beat As One» passou-se a momentos mais serenos com «
Song To The Siren» (original de Tim Buckley) e «
Who Are U?», para logo depois se assistir a uma animada comunhão com o assobio de «
Superstars II». «
Kiss Me, Oh Kiss Me» (antecedida por uma curta revisitação a «
Still Loving You» dos Scorpions), «
Someone That Cannot Love» e «
Hold Still» (com a colaboração de Rita Redshoes nas vozes) entusiasmou o público e por momentos ouvir a voz de David Fonseca tornou-se uma tarefa difícil. Após «
Rocket Man» surgiu a primeira grande surpresa da noite: ouviu-se o «esqueleto» de um inédito, intitulado, à pressa, de «
Orange Tree». Finda a primeira parte do espectáculo, surge novo vídeo nos ecrãs do coliseu, o palco aumenta e, para gáudio dos melómanos, David Fonseca surge «perto das estrelas» para recordar «
Space Oddity» de David Bowie. Sucedem-se «
I See The World Through You» e «
This Raging Light» que traz consigo bailarinos em exercícios mais habituais no Passerelle. «
The 80’s», misturado com «
Video Killed The Radio Star» (original dos The Buggles), conduziu o público a um autêntico estado de euforia que só «
Adeus, Não Afastes Os Teus Olhos Dos Meus» conseguiu acalmar. As luzes apagaram, mas o público, sedento por mais, não arredou pé. David Fonseca regressou, ao piano, para aventurar-se na
pop «pastilha elástica» que percorre as
playlists das rádios: em forma de
medley apresentou «
Wannabe» (Spice Girls), «
Toxic» (Britney Spears), «
Maneater» (Nelly Furtado), «
Can't Get You Out of My Head» (Kylie Minogue) e «
Umbrella» (Rihanna); faltou só «
My Sharona» (dos The Knack). Em contagem decrescente recuperou «
Angel Song» dos dias dos Silence 4 (a primeira canção composta por David Fonseca); apostou em «
All Day And All Of The Night», dos The Kinks, e após mais uma pequena paragem, regressou ao palco de pijama e deitado numa cama para nos oferecer «
Dreams In Colour». Já em forma de sonho musicado voltou às
covers com «
Together In Electric Dreams» (original de Philip Oakey) e «
A Little Respect» (versão dos Silence 4 para original dos Erasure). Resumindo: «
Foi uma noite bonita!»
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