Camané inicia o primeiro
encore, do seu espectáculo no íntimo Teatro Municipal de Vila de Conde, com «
Mais um Fado no Fado» e, «
como sempre, como dantes», demonstra ser actualmente a Voz do fado português. Uma voz que carrega a saudade e a fadada estranha forma de vida. Um cantor tímido, Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos revelou algum embaraço quando tentou interagir com o público, mas um intérprete com segurança e garra divinas. Fadista que sente na voz todos os infortúnios da vida. Desta vez, e dado o concerto do passado sábado promover «
Do Amor e dos Dias», o seu mais recente trabalho, foram as quezílias conjugais, e não só, que dominaram a noite. Camané explica que o disco, mais uma vez produzido pelo mestre José Mário Branco, se centra no amor, no ciúme, na raiva, no ódio e nas arrelias do dia-a-dia a dois, ou seja, no quotidiano das relações. Contudo, esse autêntico diário é cantado subtilmente e de forma irónica e sentida. «
No dia que me deixaste / nada quis do que te dei / tudo o que tinha levaste / nem com a saudade fiquei» canta em «
Último Recado» (letra de Manuela de Freitas, esposa de José Mário Branco). Já em «
A Guerra das Rosas», primeiro
single de «
Do Amor e dos Dias» e o único tema a merecer repetição, escutamos «
No escuro tu insistes que eu não presto / Eu juro que falta a parte melhor / O beijo acaba com o teu protesto / Amanhã conto-te o resto / Boa noite meu Amor». Histórias da vida que Camané faz suas. Tal como os restantes fados, apresentados noutros comprimentos de onda, como foram exemplo «
Saudades Trago Comigo» e «
Sei de um Rio». E assim, como sempre... como dantes, Camané cantou e encantou mais uma plateia que se mostrou rendida aos encantos interpretativos do maior fadista da actualidade. Vivemos os tempos de
Camané!
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