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A vida não tem corrido de feição a Chan Marshall, a norte-americana que se esconde por detrás do título
Cat Power. Se mesmo antes de «
Sun», o trabalho editado este ano, a
singer-songwriter se viu a braços com dificuldades financeiras e problemas de saúde, a verdade é que apresentadas as novas canções o cenário não parece ter melhorado. Ainda recentemente foi obrigada a adiar a digressão europeia devido à falta de verbas e, também, a um angioedema. Contudo, o novo álbum mostra que Chan Marshall não se deixa abater facilmente. «
Sun» é o primeiro disco de originais desde «
The Greatest», de 2006. «
Jukebox», a entrega de 2008, era uma sequela do excelente «
The Covers Record», de 2000, ou seja, uma colectânea de boas
covers. Já este «
Sun» é uma notável colecção de canções
pop. Composições com heranças
folk, mas apontadas às electrónicas e a episódios
pop-rock. Momentos radiosos na discografia de Cat Power que contam com a colaboração de Philippe Zdar, dos
Cassius, na mesa de misturas. Notamos, também, a presença de nomes como Jim White, o baterista dos Dirty Three, Gregg Foreman, membro dos The Delta 72 e Pink Mountaintops, e
Iggy Pop. O irreverente cantor norte-americano empresta a voz em «
Nothin But Time», tema de onze minutos e uma verdadeira elegia à vida e à condição humana (ao nível de um «
Heroes» de David Bowie). Mas «
Sun» tem mais sumo, feito do balanço e atitude conquistadora de «
Ruin», das electrónicas e cadências de «
Human Being» e «
Manhattan», dos ares estivais de «
Sun» e «
3, 6, 9», do
blues-rock gingão de «
Silent Machine», da atitude
punk-rock de «
Peace And Love» e da franqueza / frontalidade
singer-songwriter de «
Cherokee». Enorme regresso este, de Cat Power.
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