O mapa de férias marcava descanso para a semana de 4 a 8 de Outubro e, uma vez que a digressão
360º dos U2 me levou até Coimbra, aproveitei para palmilhar mais uns quilómetros e assentar arraiais em Braga (e, antes que me esqueça, obrigado Gianni...). A ideia era conhecer alguns dos locais mais frequentados do Minho, Trás-os-montes e Alto Douro e Douro Litoral e absorver alguma da atmosfera cultural local. Desta forma, e como não poderia deixar de ser, os locais de peregrinação melómana não foram esquecidos. Passei por algumas lojas
FNAC, por espaços culturais mais alternativos, salas de espectáculo ainda por conhecer e pela
CDGO.COM (JO-JO’SMUSIC). Caríssimos, devo confessar sentir uma pequena inveja por não poder usufruir de uma «
loja de conveniência» como a CDGO.COM do Porto. Porquê? Imaginem uma selecção discográfica diversificada, com maior incidência numa área que se convencionou chamar de alternativa, e um espaço cuidado. Um local alternativo, é certo, mas consistente. Raios! Atrevo-me, mesmo, a afirmar que Lisboa bem precisa de um local idêntico à CDGO.COM, da Rua de Cedofeita (Porto).
.Arcada da Praça da República (Braga)
.
Contudo, a recente viagem, em termos discográficos, iniciou-se na desinteressante FNAC de Braga e pela mão do estreante
Dylan LeBlanc.
Singer-songwriter norte-americano que, com apenas vinte anos, alcançou a distinção de «
debut of the month» da influente revista
Uncut. «
Paupers Field» é, de facto, uma extraordinária colecção de canções «
americana» capaz de pôr
Ryan Adams em sentido. A banda sonora perfeita para dias de chuva e paisagens bucólicas, cenário privilegiado desta minha recente passagem pelo norte de Portugal. «
Paupers Field» acabou, assim, por ser o disco certo para a altura certa, mas o álbum de estreia de Dylan LeBlanc tem méritos adicionais. Da combinação perfeita entre o
folk rock de
Neil Young e a desordem emocional que permeia os territórios musicais de
Lhasa de Sela,
David Eugene Edwards e
Van Morrison ao convívio melódico com os mui elogiados
Fleet Foxes e os seus ascendentes Crosby Stills Nash & Young (CSNY). No entanto, são mesmo as canções de Dylan LeBlanc que mais encantam. Desafio à navegação: ouçam «
Low», «
If The Creek Don’t Rise» (tema que conta com a participação especial de Emmylou Harris), «
Ain’t To Good At Loosing», «
5th Avenue Bar» ou «
Coyote Creek» e digam-me lá se Dylan LeBlanc não merece toda a nossa atenção?
.Quem, também, merece todo o nosso apoio é Alan Palomo e o seu projecto
Neon Indian. Ainda assim, «
Psychic Chasms», álbum que em 2009 encasquetou grande parte da imprensa especializada, continua a ser peça rara nas principais tascas da nossa capital. Questão, entretanto, resolvida com uma rápida e noctívaga visita a Guimarães. O frio e a chuva apontaram-me o caminho do Centro Comercial mais próximo e à saída, canções como «
Deadbeat Summer» e «
Should Have Taken Acid With You», desencobriam o sol e o calor do verão. «
Psychic Chasms» é música estival com tempero
Eighties e melodias capazes de estragar qualquer dieta, de tão doces que são. Exercícios
synthpop nostálgicos que parecem construídos no sótão da casa de praia de Alan Palomo e que sabem a mel. A par do EP «
Life Of Leisure», do projecto de Ernest Greene,
Washed Out, «
Psychic Chasms» é o melhor remédio para curar depressões pós-verão.
.Enquanto exploro as restantes propostas importadas do norte, deixo-vos o primeiro vídeo de Dylan LeBlanc, «
If Time Was For Wasting».