domingo, 7 de dezembro de 2008

Super Bock em Stock

De dois a cinco de Dezembro gozei alguns dos dias de férias que ainda estavam pendentes neste ano de 2008. Depois de um estafante ano de trabalho, a ideia seria ficar em casa a descansar e a desfrutar da companhia da minha sobrinha e afilhada, a Maria João. Porém, e com uma pequena mensagem de telemóvel de um amigo, a semana de férias ficou marcada pelo ano zero do festival Super Bock em Stock (SBS). A ideia, criticada por uns e saudada por outros, era criar um festival à semelhança do SXSW, que ocorre todos os anos no Texas. Portanto, durante duas noites os concertos multiplicaram-se entre as várias salas da Avenida da Liberdade e o público - que acabou bafejado pela sorte por não ter apanhado chuva - teve que fazer opções. Confesso que o cartaz não era excepcional, muitos dos artistas / bandas estavam lá para encher e vender o conceito, mas outros eram os autores de algumas das mais interessantes obras discográficas do presente ano de 2008. Razão pela qual aceitei o desafio.
.
Tudo começou na Sala 1 do Cinema São Jorge e ao som da neozelandesa LadyHawke que veio apresentar o seu homónimo álbum de estreia. Em pouco mais de quarenta minutos revisitámos os anos 80 (numa vertente mais rockeira que no álbum) e gingámos ao som de temas como «Dusk Till Dawn», «Magic», «Back Of The Van», «Paris Is Burning» e «My Delirium». Não foi um delírio de concerto, mas Phillipa Brown mostrou ter a lição pop/rock dos 80 bem estudada e engendrada para agradar aos espectadores.
.
Terminada a actuação de LadyHawke seguimos para a lindíssima sala do Tivoli para conferir a festa de Santi White, intitulada de Santogold. Para aquecer o público foi servido um pequeno DJ Set, muito ao estilo NYC, que explorou conceitos vários como o hip-hop, o reggae e a britpop (com especial atenção para os The Smiths, com «This Charming Man» e os The Police, com o inevitável «Roxanne»). Santi White entra em palco e o DJ Set continua, mas agora ao som do enaltecido álbum de estreia «Santogold». A «representação» abre a todo o gás e nos vinte minutos iniciais ouvem-se os maiores sucessos da norte-americana. O público empolgou-se (o que é perfeitamente aceitável), mas o concerto ressentiu-se, devido a um alinhamento desequilibrado. Houve uma autêntica quebra de ritmo e entusiasmo, que só se dissipou no final da actuação com o emblemático single «Creator». Santi White que se apresentou tímida e com um look de empregada doméstica, denotou alguma falta de cultura de palco e não escapou à suspeita de se aproveitar do playback. Porém, marcou a diferença nas entusiastas criações de estúdio, superiormente reproduzidas no palco do Tivoli. O público aderiu ao espectáculo e dançou do princípio ao fim.
.
Após a prestação de Santogold, assistiu-se a uma autêntica correria na Avenida da Liberdade para assegurar um dos poucos lugares do Maxime e ver a sueca Sarah Assbring (a.k.a. El Perro Del Mar). Só os mais rápidos conseguiram entrar no Maxime. A sala é pequeníssima, é verdade, mas o seu lado intimista é o mais adequado para a musicalidade El Perro Del Mar. O concerto foi competente, mas sem entusiasmos de maior. Sarah Assbring subiu ao palco, cantou as suas singelas canções e lá seguiu o seu rumo. Contudo, apesar de se mostrar um pouco distante, as suas composições conseguiram aquecer a audiência (foi o que nos valeu).
.
Na segunda noite o roteiro traçado foi: Lykke Li no Teatro Variedades, The Walkmen no Teatro Tivoli e X-Wife, novamente, no Variedades. Mais uma vez o programa foi seguido à risca.
.
Sobre a sueca Lykke Li, que apresentava o seu debut álbum «Youth Novels», quase me atrevo a dizer que foi o melhor concerto que vi no SBS. O disco é muito bom (um pouco extenso de mais, mas bom) e a atitude da intérprete é certeira. Energia e sedução a rodos. Lykke Li é uma brasa em palco e ela sabe-o, servindo-se disso para contagiar a audiência e incendiar as hostes. Excelentes canções e muito bons músicos que fizeram do concerto de Lykke Li um dos acontecimentos mais marcantes do meu ano de concertos. Destaque para os singles editados até à data e para duas coversCape Cod Kwassa Kwassa», dos Vampire Weekend, e «Can I Kick It?», dos A Tribe Called Quest) que acabaram muito bem recebidas pelo público.
.

Seguimos para o Tivoli para conferir o concerto dos The Walkmen, a banda norte-americana de que mais se fala nos últimos meses. A edição de «You & Me» só veio confirmar o potencial da banda e temas como «In The New Year», «On The Water», «I Lost You», «Dónde Está La Playa», «Canadian Girl», etc. aumentaram ainda mais o frenesim em torno destes cinco nova-iorquinos. As semelhanças com os conterrâneos The National são evidentes. Porém, existe uma maior electricidade e urgência nas entrelinhas sonoras dos The Walkmen. Electricidade essa que fica sempre na fronteira entre a melodia de cada canção e o completo desnorte sonoro. A atear ainda mais a plateia do Tivoli estiveram as penetrantes interpretações do vocalista Hamilton Leithauser. Foi um grande concerto que atingiu o auge após a sequência inicial de «In The New Year» e «The Rat». O público capitulou perante os The Walkmen e o delírio foi geral. A assistência que compunha as primeiras filas mostrou ter estudado a lição em casa, cantando grande parte dos temas apresentados, e no fim segui tranquilamente para o Teatro Variedades para ver, mais uma vez, os nortenhos X-Wife.
.
A terminar, deixo a prestação dos The Walkmen no David Letterman Show, com «The Rat».

1 comentário:

Unknown disse...

Eu tive azar neste SBemStock... No dia 3 cheguei a horinhas para ver Ladyhawke e fiquei meia hora à espera para entrar e... não consegui entrar (apesar dos convidados continuarem a entrar) :S. Furioso, bazei para casa. No dia a seguir, como não poderia deixar de perder o concerto dos Walkmen, papei 1 hora de Marcelo Camelo, bah. Mas valeu a pena pq assisti o memorável concerto dos Walkmen mesmo na linha da frente. Grande concerto! :)

Hugzz!