segunda-feira, 4 de outubro de 2010

360º @ Coimbra

Se vos dissesse que era um fã incondicional dos U2, estaria a mentir. O meu entusiasmo pela música da banda irlandesa coincidiu com os anos 90 e o meu período teen. Foi com a edição de «Achtung Baby» (1991) que fui buscar o passado e sonhei o futuro dos U2. No entanto, o sonho perdeu-se perto do novo milénio. «All That You Can’t Leave Behind» (2000) quebrou o encanto e, desde então, a minha relação com a música de Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. vive em crise. O que me levou a Coimbra no passado dia 2 de Outubro? A vontade de evocar aquele sonho de adolescente, comemorar o mito e incluir o nome U2 no meu CV de concertos. De facto, e analisando as digressões dos irlandeses, este era mais um espectáculo a não perder («a must see»). Um grandioso concerto que, revelando-se à medida do mito U2, encontra na música da banda o combustível perfeito para incentivar estádios inteiros. Foi o que aconteceu no passado sábado, no esgotadíssimo estádio municipal de Coimbra, ou seja, os U2 subiam ao palco já vencedores para mais uma noite de espectáculo e comemoração. A introdução foi feita por David Bowie e a sua «Space Oddity». Holofotes ligados e bem direccionados para marcar a entrada em acção dos quatro protagonistas do serão conimbricense. Bono, com pose de popstar, enfeitiça o público e The Edge abre o livro na jam de abertura «Return Of The Stringray Guitar». Porém, o tema que marca verdadeiramente o início do concerto é «Beautiful Day», para a generalidade do público, e «I Will Follow» para mim. Seguem-se «Get On Your Boots», «Magnificent» (singles do mais recente trabalho «No Line On The Horizon») e «Mysterious Ways». Reentro, assim, no meu sonho U2 e rendo-me ao profissionalismo da banda e irrepreensível espectáculo da digressão 360º. Os sucessos sucedem-se («Elevation», «Until The End Of The World», «I Still Haven’t Found What I’m Looking For»), ouvimos duas canções novas (a minimal «North Star» e o provável single de sucesso «Mercy»). Passamos por «In A Little While» (Para quê???) e «Miss Sarajevo» (Oh Yeah!!!), com Bono a mostrar que tem ido às aulas de canto. Seguiram-se «City Of Blinding Lights» (escusada, pois já nos tinham oferecido «Magnificent»), «Vertigo» (idem, uma vez que «Elevation» deu para os gastos) e, revelando-se num dos momentos da noite, a versão funky jam live session de «I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight». A terminar, ouviram-se os clássicos «Sunday Bloody Sunday», «MLK» e «Walk On» (este último dedicado a Aung San Suu Kyi, a Nobel da Paz birmanesa que continua em prisão domiciliária). A banda despede-se para logo depois subir novamente ao palco com os obrigatórios «One» e «Where The Streets Have No Name». Novo encore e mais três canções inevitáveis: extraordinária a interpretação de «Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me» (a par de «Miss Sarajevo» e «Mysterious Ways», esta era outra das canções que mais desejava ouvir) e as deliciosas «With Or Without You» e «Moment Of Surrender». Os U2 confessaram-se rendidos ao público português e nós retribuímos na mesma moeda. Por isso, que venha mais um álbum e, principalmente, mais uma digressão pomposa que eu terei todo o gosto de marcar presença.

Quanto aos Interpol, foi pena a banda não ter usufruído das condições de som que os U2 apresentaram. Ainda assim, e com um alinhamento constituído por «Success», «Say Hello To The Angels», «Slow Hands», «Lights», «Summer Well», «PDA», «Obstacle 1», «Barricade», «Heinrich Maneuver» e «Evil» a prestação dos norte-americanos não deixou ninguém indiferente. Mas terão angariado novos fãs? Não me parece…

1 comentário:

Anónimo disse...

Para mim foram os anos noventa. Achtung Baby é obra-prima,Zooropa foi injustiçado, POP podia ter saído melhor. Mas pelo menos houve uma vontade de evoluir. Desde de 2001 que fazem a vontade à sua linha mais reaccionária de fãs. É pena. Frederico.