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Se vos dissesse que era um fã incondicional dos
U2, estaria a mentir. O meu entusiasmo pela música da banda irlandesa coincidiu com os anos 90 e o meu período
teen. Foi com a edição de «
Achtung Baby» (1991) que fui buscar o passado e sonhei o futuro dos U2. No entanto, o sonho perdeu-se perto do novo milénio. «
All That You Can’t Leave Behind» (2000) quebrou o encanto e, desde então, a minha relação com a música de Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. vive em crise. O que me levou a Coimbra no passado dia 2 de Outubro? A vontade de evocar aquele sonho de adolescente, comemorar o mito e incluir o nome U2 no meu CV de concertos. De facto, e analisando as digressões dos irlandeses, este era mais um espectáculo a não perder («
a must see»). Um grandioso concerto que, revelando-se à medida do mito U2, encontra na música da banda o combustível perfeito para incentivar estádios inteiros. Foi o que aconteceu no passado sábado, no esgotadíssimo estádio municipal de Coimbra, ou seja, os U2 subiam ao palco já vencedores para mais uma noite de espectáculo e comemoração. A introdução foi feita por
David Bowie e a sua «
Space Oddity». Holofotes ligados e bem direccionados para marcar a entrada em acção dos quatro protagonistas do serão conimbricense. Bono, com pose de
popstar, enfeitiça o público e The Edge abre o livro na
jam de abertura «
Return Of The Stringray Guitar». Porém, o tema que marca verdadeiramente o início do concerto é «
Beautiful Day», para a generalidade do público, e «
I Will Follow» para mim. Seguem-se «
Get On Your Boots», «
Magnificent» (
singles do mais recente trabalho «
No Line On The Horizon») e «
Mysterious Ways». Reentro, assim, no meu sonho U2 e rendo-me ao profissionalismo da banda e irrepreensível espectáculo da digressão 360º. Os sucessos sucedem-se («
Elevation», «
Until The End Of The World», «
I Still Haven’t Found What I’m Looking For»), ouvimos duas canções novas (a minimal «
North Star» e o provável
single de sucesso «
Mercy»). Passamos por «
In A Little While» (Para quê???) e «
Miss Sarajevo» (
Oh Yeah!!!), com Bono a mostrar que tem ido às aulas de canto. Seguiram-se «
City Of Blinding Lights» (escusada, pois já nos tinham oferecido «
Magnificent»), «
Vertigo» (idem, uma vez que «
Elevation» deu para os gastos) e, revelando-se num dos momentos da noite, a versão
funky jam live session de «
I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight». A terminar, ouviram-se os clássicos «
Sunday Bloody Sunday», «
MLK» e «
Walk On» (este último dedicado a Aung San Suu Kyi, a Nobel da Paz birmanesa que continua em prisão domiciliária). A banda despede-se para logo depois subir novamente ao palco com os obrigatórios «
One» e «
Where The Streets Have No Name». Novo
encore e mais três canções inevitáveis: extraordinária a interpretação de «
Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me» (a par de «
Miss Sarajevo» e «
Mysterious Ways», esta era outra das canções que mais desejava ouvir) e as deliciosas «
With Or Without You» e «
Moment Of Surrender». Os U2 confessaram-se rendidos ao público português e nós retribuímos na mesma moeda. Por isso, que venha mais um álbum e, principalmente, mais uma digressão pomposa que eu terei todo o gosto de marcar presença.
Quanto aos
Interpol, foi pena a banda não ter usufruído das condições de som que os U2 apresentaram. Ainda assim, e com um alinhamento constituído por «
Success», «
Say Hello To The Angels», «
Slow Hands», «
Lights», «
Summer Well», «
PDA», «
Obstacle 1», «
Barricade», «
Heinrich Maneuver» e «
Evil» a prestação dos norte-americanos não deixou ninguém indiferente. Mas terão angariado novos fãs? Não me parece…
1 comentário:
Para mim foram os anos noventa. Achtung Baby é obra-prima,Zooropa foi injustiçado, POP podia ter saído melhor. Mas pelo menos houve uma vontade de evoluir. Desde de 2001 que fazem a vontade à sua linha mais reaccionária de fãs. É pena. Frederico.
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