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Chegou tarde, mas chegou. O disco mais referenciado e falado neste final de 2012 infiltrou-se no meu dia-a-dia e a fusão
neo funk em cenários
R&B e enredo
soul que tanto nos deu pela mão de
D’Angelo, corria o ano de 2000, baralha a sua aparente ordem. Corro em busca de «
Voodoo», de «
Brown Sugar» e de todos os outros discos da escola
soul meets rhythm & blues and funk que fui levado a procurar no início dos anos 00. De Prince a Stevie Wonder, passando por Marvin Gaye e Curtis Mayfield. Ainda assim, «
Channel Orange», o disco de
Frank Ocean, acaba por encostar-se também à mistura
hip-hop Vs. R&B Vs. pop que tem em
Kanye West,
Outkast e
Jay-Z os seus expoentes máximos (não duvido que Kanye West tenha perdido algumas noites de sono depois de ouvir «
Pyramids», uma das canções mais fortes de 2012). Mas Frank Ocean não fica por aqui e à medida que nos vamos perdendo no colorido oceano de «
Channel Orange» sentimos a necessidade de recuperar o início do colectivo
UNKLE («
Crack Rock»), o concentrado
pop de
Jamie Woon e
Kelis («
Lost»), o
groove dos
The Roots («
Monks»), a sensualidade de
André 3000 («
Pink Matter») e as engenharias
N*E*R*D via The Beatles («
Super Rich Kids»). O que nos trás então Frank Ocean de novo? Após uma
mixtape em 2011, com muitas e boas razões para lhe seguirmos os passos, «
Channel Orange» revela um compositor que acima de tudo assimila as heranças certas para construir um
R&B contemporâneo, feito de produções alternativas e, igualmente, apelativas («
Thinkin’ ‘Bout You» é irresistível). Um
singer-songwriter sem medo de se expor («
Bad Religion» merecia o prémio!) e danado para nos fazer balançar («
I Wanna See Your Pom Poms From The Stands / Come On Come On», em «
Forrest Gump»).
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