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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Optimus Alive!10

Até há bem pouco tempo a edição de 2010 do festival OptimusAlive! não passava de uma mera miragem. Primeiro foi uma surpresa os passes de três dias e os bilhetes para o dia 10 terem esgotado. Depois, o meu principal interesse no festival deste ano passava pelo concerto dos norte-americanos LCD Soundsystem, actuação que estava marcada para o lotado dia 10. É evidente que haviam outros nomes sonantes e outros dias de enorme interesse, mas se não podia fazer o pleno (além dos bilhetes esgotados, quinta e sexta-feira foram dias marcados por formação de formadores), então teria que ir no dia de LCD Soundsystem. Como consegui o tão desejado ingresso? Ora bem, imaginem que têm uma colega de trabalho que compra o bilhete para dia 10, mas depois decide ir de férias nessa mesma semana. Portanto, enquanto a colega estava em Punta Cana a apanhar banhos de sol, eu enfrentava rajadas de vento e pó no passeio marítimo de Algés. Não é um máximo?
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Então, o dia começou ao som do estupendo indie rock dos norte-americanos Girls. «Album», debut editado em 2009, continua a encantar e a rodar com frequência no auto-rádio. Como se não bastasse, a música desta dupla de San Francisco revela-se estival e propicia para o tremendo calor que se fazia sentir no recinto do OptimusAlive!. Christopher Owens, vocalista e letrista da banda, surgiu com um porte mais limpinho que o habitual e mais adequado a festejos The Drums e/ou Vampire Weekend. Porém, a banda provou que o hype gerando em 2009 não é fruto de mero acaso, mas sim de excelentes canções como «Laura», «Hellhole Ratrace», «Lust For Life» e «Morning Light». Momentos que abrilhantaram o início do meu dia OptimusAlive! de 2010. Dia que avançou ao som dos velhos amigos Gomez. Estive pouco tempo junto ao palco Optimus, é certo, mas esse pouco tempo serviu para recordar o melhor que o indie rock, com tempero folk, britânico nos ofereceu no final dos anos 90. Há muito que não sigo, de uma forma atenta, os passos dos Gomez. Mas «Bring It On», «Liquid Skin» e «Machismo EP» obrigaram-me a passar pelo palco principal para ver e ouvir um pouco da música que tanta mossa fez há cerca de dez/onze anos.
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Rumámos, uma vez mais, ao palco Super Bock e às primeiras manifestações electrónicas do dia, com os Miike Snow. Conhecia (e conheço) muito pouco desta banda sueca. Os singles «Animal», «Black And Blue», «Silvia» e «The Rabbit» são excelentes cartões de visita, mas nada que me fizesse correr atrás do respectivo álbum de estreia. Porém, a contagiante prestação da banda alterou esse sentimento. Electrónicas extremamente atraentes que encontram na música de uns Passion Pit, Midnight Juggernauts e Friendly Fires o segredo do seu magnetismo. Note-se que o concerto foi perdendo algum do seu fulgor inicial, mas «Animal» chegou a tempo para recuperar o espírito festivo e fechar com chave de ouro uma empolgante performance dos Miike Snow. Depois, o programa previa a subida ao palco dos londrinos The Big Pink e do seu shoegaze. «A Brief History Of Love» é, para mim, um dos discos mais sobreavaliados de 2009 (tal como aconteceu com o homónimo álbum de estreia dos escoceses Glasvegas, no ano de 2008). Discos que recuperam os ambientes rock alternativo que fizeram história em finais dos anos 80, mas que se revelam inconsequentes e sem chama. Razão pela qual decidi descansar um pouco e preparar-me para o furacão Peaches.
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Pois é, a canadiana Peaches foi a grande vencedora da noite do passado dia 10. Actuação empolgante e uma atitude dominadora e extremamente provocante que, já sendo habitual nos concertos da entertainer, incendiaram as hostes. Um espectáculo avassalador, ao qual não escaparam os singles de maior sucesso da cantora, como disso são exemplo «Lose You», «Shake Yer Dix», «Talk To Me», «I Feel Cream» e «Fuck The Pain Away». Porém, a surpresa surgiu quando, ao som de «Show Stopper», Peaches se aventurou a andar sobre o público presente. «Jesus walks on water, Peaches walks on you» foram as palavras proferidas e o rastilho perfeito para a loucura total. Irreverência q.b. e uma mão cheia de excelentes canções pop que marcaram o melhor concerto da noite.
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Terminada a performance de Peaches sigo para o palco principal já ao som de «Release», tema que abriu o concerto dos Pearl Jam. Seguiram-se «Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town», «Animal», «Given To Fly», «In Hiding», «Unthought Known», «Nothingman», «Daughter», «Even Flow» e Simian Mobile Disco. Porque saí a meio do concerto dos Pearl Jam? Simplesmente porque estava a ser só mais um concerto dos Pearl Jam. Sucesso atrás de sucesso, muitos «obrigados» pelo meio, Eddie Vedder a ler uma carta em Português, mas tudo a acontecer em piloto automático. Senti que estava a faltar alma à actuação da banda e daí até à animação do palco Super Bock foi um saltinho. «I’m a hustler baby»… Meia hora depois regressámos ao palco principal, onde a prestação sem sal dos Pearl Jam continuava: «Better Man», «Smile», «Once», «Alive» e «Yellow Ledbetter» fecharam mais um concerto dos Pearl Jam em Portugal. Com isso, mais de metade dos presentes chispou em busca de um descanso e eu corri em busca de um lugar privilegiado para ver James Murphy e os seus LCD Soundsystem. Foi mais uma excelente prestação da banda de New York, mas que pecou por ser curta. Como é possível um concerto de encerramento de um festival ficar-se pelos 50 e poucos minutos? O alinhamento foi perfeito e a prestação da banda também, mas soube a tão pouco.
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Peaches

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Pearl Jam | The Fixer

Os Pearl Jam regressam aos discos já no próximo mês de Setembro. «Backspacer» será o nono álbum de originais da banda de Seattle e o quinto trabalho a contar com a produção de Brendan O'Brien. «The Fixer» é o excelente primeiro single e o vídeo, realizado por Cameron Crowe, já pode ser visto.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pearl Jam Redux

Hoje programo a máquina do tempo para 1991: ano marcante para a evolução do rock alternativo e, em particular, para a minha própria formatação musical. Foi nesse ano (tinha eu dez anos) que despertei realmente para a música. Até então limitava-me a aguentar as rádios da preferência da minha irmã. Período em que era fixe ouvir uns tais de Bon Jovi e outros tais de Roxette. No entanto, e graças à mesma irmã, álbuns como «Metallica», «Nevermind», «Apetite For Destruction», «The Cult», «Disintegration», «Ten» e, um pouco mais tarde, «Automatic For The People» foram entrando aos poucos lá em casa. Riffs e «ambientasons» que despertaram o meu entusiasmo pela música e moldaram a percepção que na altura tinha dessa mesma manifestação artística. «Smells Like Teen Spirit» e «Alive» são, ainda hoje, marcos incontornáveis desse meu despertar. Ensaios que provocaram em mim uma euforia imensa e que se materializava, principalmente, nas palavras e nos riffs dos Nirvana e dos Pearl Jam. Kurt Cobain e Eddie Vedder acabaram por ser aclamados como vozes de uma geração desalinhada, para a qual o ruído musical e a rejeição lírica eram peças fundamentais. No entanto, o facto é que o mainstream abraçou esses (e outros) novos anti-heróis e o rock alternativo tomou de assalto as listas de vendas de todo o mundo.
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Dezoito anos depois, um dos mais importantes álbuns dessa época é reeditado e remasterizado. Desde então amado por uns e odiado por outros, o histórico debut dos Pearl Jam - «Ten» -, mostra-se de cara lavada e numa versão aumentada. O álbum, que continua a ser o maior sucesso da banda de Seattle, apresenta-se com uma nova e mais limpa remistura sonora, autoria do colaborador de longa data Brendan O’Brien. As músicas perdem alguma da aspereza que caracterizavam a sonoridade grunge para dar espaço à voz e às palavras de Eddie Vedder. No entanto, a densidade e o negrume do blues-rock dos Pearl Jam mantêm-se. Os riffs continuam «bigger than life» e as canções mantém a força de 1991. Estranho, é o facto de, caídas do céu, surgirem seis faixas bónus no alinhamento final de «Ten Redux». Sem qualquer razão aparente somos presenteados com «Brother», «Just A Girl», «Breath And Scream», «State Of Love And Trust», «2.000 Miles Blues» e «Evil Little Goat». Temas que fomos conhecendo ao longo dos anos, mas que inseridos no contexto desta reedição deixam algum amargo de boca. Porquê recuperar estes seis temas e não outros tantos que saíram da fornada «Ten»? «State Of Love And Trust» é um dos meus temas favoritos dos Pearl Jam, mas porque raio não há qualquer referência a «Yellow Ledbetter» (um dos temas mais populares dos Pearl Jam)? E «Footsteps», «Dirty Frank», «Wash», «Alone»… Tudo temas que marcaram a história dos Pearl Jam e do grunge de 90. Neste particular, e apesar das opiniões contrárias quanto à política seguida pela editora, tenho que felicitar o trabalho da EMI nas mais recentes reedições dos álbuns dos Radiohead. Expõem o trabalho da banda num retrato completo e detalhado de cada obra dos britânicos. Isto para dizer que «Ten» merecia mais e não fosse a inclusão do DVD «MTV Unplugged» e outros goodies como o vinyl do concerto de 1992 em Magnuson Park (gravação também conhecida como «Drop In The Park»), uma cópia da cassete demo «Mamasan» e uma cópia do «tour diary» de Eddie Vedder esta reedição seria insignificante.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Viagens à tasca

Já aqui referi que os episódios da saga «Viagens à tasca» estão umas semanas (para não dizer meses) em atraso. Porém, este aspecto menos positivo acabou por se tornar benéfico para o presente décimo terceiro capítulo. Isto porque após as primeiras audições ao álbum de estreia de Eddie Vedder, a banda sonora de «Into The Wild», as impressões não eram muito favoráveis. A génese musical e lírica já eram conhecidas: os históricos Pearl Jam; o trabalho em nome próprio também, com algumas participações pontuais em bandas sonoras e compilações a servir de exemplo. Concluindo, tudo pareceu um pouco ultrapassado e já ouvido. O que mudou entretanto para a minha opinião ser, hoje, completamente diferente? O filme e, essencialmente, as imagens que suportam estas onze faixas estrearam em Portugal e por entre muito trabalho e muita música, lá me dirigi a uma sala de cinema para experienciar «Into The Wild». O filme, realizado por Sean Penn, documenta a tocante história do jovem norte-americano Christopher J. McCandless, ou para quem preferir Alexander Supertramp, que após completado o liceu se desprende da família e simultaneamente do mundo materialista e hipócrita que o rodeava para se entregar de corpo e alma à natureza e ao nomadismo. Concluindo, uma vez mais, a película é bem boa; as imagens de uma América ainda por descobrir são extraordinárias; a história eleva o projecto de Sean Penn a um nível superior; e a música encaixa que nem uma luva nisto tudo. A luta de McCandless insere-se perfeitamente no espírito rebelde e inconformista protagonizado ao longo dos anos por Eddie Vedder, sendo a inadaptação um dos seus temas preferidos. «Into The Wild», a banda sonora, materializa essa visão mais pessimista do ser humano em temas como «Society», «End Of The Road» e «Guaranteed». Os instrumentais «The Wolf», no qual Eddie Vedder recupera ensinamentos de Nusrat Fateh Ali Khan, e «Tuolumne», baseado na melodia de «Au Coin Du Monde» de Keren Ann e Benjamin Biolay, acrescentam um novo conceito ao universo Eddie Vedder/Pearl Jam. O banjo é muito bem-vindo em «No Ceiling» e «Rise». Todavia, são os temas «Long Nights» e «Hard Sun» que acabam por ser a mais valia desta banda sonora. Se a primeira composição é baseada na voz e num constante dedilhar de cordas acústicas acompanhados de uma linha de baixo discreta mas envolvente, «Hard Sun» remete-nos para um sereno e caloroso fim de tarde no Grand Canyon, onde só o ouvinte e a natureza têm livre acesso…
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Chegamos a outro dos grandes álbuns de 2007, «Smokey Rolls Down Thunder Canyon» de Devendra Banhart. «Freak folk», «acid folk», «nu-folk», «cosmic folk», «psych folk», «indie folk», «naturalismo», «tropicalismo», «nomadismo», etc., etc., etc.. Os epítetos utilizados para descrever a música e lírica de Devendra Banhart são mais que muitos. Desde 2002 que este singer/songwriter nascido em Houston (Texas) e criado na Venezuela nos tem vindo a oferecer alguns dos pedaços folk mais intrigantes e raros da última década. A sua influência é cada vez mais evidente na música actual e foi através das suas composições e do seu clã musical que surgiu a denominada «New Weird America Movement» (só mais um dos muitos conceitos associados a Devendra). Bob Dylan e Caetano Veloso continuam a ser evocados como as suas maiores influências. O seu legado, por sua vez, serviu de cartão de visita a nomes como Vashti Bunyan e Bert Jansch. «Smokey Rolls Down Thunder Canyon», quinto álbum de originais, foi composto e gravado após o «divórcio» de Devendra com Bianca Casady (uma das duas caras do colectivo CocoRosie). Se até à data Devendra dissertava sobre pequenas aranhas amarelas («Little Yellow Spider», de «Niño Rojo»), libelinhas («Dragonflys», de «Cripple Crow»), sentimentos infantis («I Feel Just Like A Child», de «Cripple Crow») e boas sensações («This Beard Is For Siobhán», de «Rejoicing In The Hands»), agora as temáticas poderão ser encaradas como mais pessimistas e realistas. Se em «Cristobal» ouvimos Devendra Banhart e Gael García Bernal (sim, o famoso actor mexicano) a sussurrar ao nosso ouvido «Hay un mundo mas aya / outro mundo mas aya», em «My Dearest Friend», que conta com a participação de Vashti Bunyan, ouvimos repetidas vezes «I’m gonna die of loneliness». «The Other Woman», «Bad Girl» e «I Remember» soam a ressaca musicada do referido «divórcio», ora pelo reggae acústico de Lauryn Hill, ora por Cat Power, ora por Antony and the Johnsons. No entanto, em «Saved», tema que se inicia ao som de um órgão quase fúnebre para desembocar numa graciosa peça gospel, Devendra parece descobrir a sua salvação. E assim, não resistimos a um pé de dança ao som do samba psicadélico e em crescendo de «Samba Vexillographica». «Seahorse», que conta mais uma vez com Vashti Bunyan nas vozes, recupera o jazz rock de uns Led Zeppelin e mistura-lhe pitadas The Doors para oito minutos de música acidificada. Em «Seaside» reacendemos a chama pela América anunciada em «Into The Wild» para nos perdermos nos desconhecidos trilhos selvagens. «My Shabop Shalom Baby» percorre a spoken word para se centrar num sedutor swing à anos 50. «Tonada Yanomaminista» volta a invocar o órgão eclesiástico dos The Doors para se associar aos acelerados e estridentes momentos Marc Bolan, com os seus T Rex. E «Rosa», que conta com a ajuda preciosa de Rodrigo Amarante, dos brasileiros Los Hermanos, é já uma das pérolas mais preciosas da «musicografia» de Banhart. Classicismo ao piano aliado a ritmos latinos e etéreas vocalizações que terminam com uma delicada «Estranha Rosa». Momento raro e de pura beleza só ao alcance dos cantautores mais talentosos! Ora cá está mais um dos nomes que poderiam regressar a palcos nacionais. Meu primeiro grande erro de casting no post «2007 num post»…

Fica o vídeo promocional de «Seahorse» para conferir tal talento.