sábado, 31 de maio de 2008

Cat White Shoes

A segunda passagem, em menos de dois anos, de Chan «Cat Power» Marchall por Portugal poderá ficar marcada como a sua consagração definitiva perante o público português. Os relatos que vão surgindo aqui e ali retratam duas noites, vividas em Lisboa e no Porto, de autêntica comunhão entre artista e audiência. Invasão de plateia e interminável despedida coroada com flores e tudo. Para animar a festa, o concerto de Lisboa teve lotação esgotada. Tudo parecia perfeito. Porém, não foi essa a sensação final.

Durante mais de duas horas, Cat Power mostrou-se um pouco desconfortável em palco. As indicações para a cabine de som foram mais que muitas e a própria afirmou, pedindo desculpas pelo facto, que não estava a gostar de se ouvir. OK! O timbre de voz é de um outro mundo, as músicas são refinadas e a banda de suporte (Dirty Delta Blues) é uma enorme mais valia. Mas, simultaneamente, e aparte da incursão na zona reservada ao público para entoar sentidos «I Love You» de «Ramblin’ (Wo)man» (original de Hank Williams), o espectáculo pautou-se pela uniformidade e repescagens da sua última visita à Aula Magna (4 de Dezembro de 2006), incluindo os sapatos brancos, a enorme ovação em «The Greatest», a versão mais rock de «(I Can’t Get No) Satisfaction», o acanhamento de Chan Marchall e a voz (excelente como sempre). De resto, as covers que compõem o mais recente «Jukebox» foram desfilando no palco do Coliseu de uma forma tranquila. Cat Power meneou-se estranhamente ao som dos magníficos músicos que a acompanham, a Dirty Delta Blues Band. Com a chegada das composições do soberbo «The Greatest», na parte final do espectáculo, o público acentuou os aplausos e viveu-se uma autêntica consagração. Foi uma noite estranha, confesso. A satisfação do público era evidente, mas lá no fundo tive pena de não assistir às divagações ao piano e/ou guitarra de Cat Power.
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Aproveitando a boleia da recente passagem de Cat Power pelo nosso país, destaco um dos discos que marcam presença na lista de espera das muitas viagens à tasca. «Jukebox» é o segundo álbum de covers de Cat Power, sucedendo neste campeonato de versões a «The Covers Record», de 2000. De uma forma muito pessoal e uma voz única, Cat Power interpreta cancioneiros de Hank Williams, Bob Dylan, Joni Mitchell, Billie Holiday, a própria Chan Marshall e, para quem adquiriu a edição deluxe do álbum, Nick Cave e Roberta Flack. Há também espaço para uma serena homenagem a Bob Dylan, com «Song For Boby». No entanto, são as covers que mais que se evidenciam, tais como o Memphis Blues de «Ramblin’ Man», aqui transformado em «Ramblin’ (Wo)man», de Hank Williams; «Metal Heart», da própria Cat Power; a folk de «Silver Stallion», original dos The Highwaymen; a interessante revisitação de «New York» e os desconcertantes «Don’t Explain», «Breathless» e «Angelitos Negros». O que é capaz de ser pouco para o talento já evidenciado por Cat Power.
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Para terminar fica a actuação de Cat Power no programa Jools Holland, com o soberbo «The Greatest».

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Sigur Rós | Gobbledigook

Ora cá está um vídeo e um tema que poderá surpreender muito «melomaníaco». Refiro-me a «Gobbledigook», o primeiro avanço para «Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust» (em inglês: «With A Buzz In Our Ears We Play Endlessly»), o quinto álbum de originais dos islandeses Sigur Rós. A banda pisca o olho ao som dos norte-americanos Animal Collective e o resultado é diferente. O álbum será editado a 23 de Junho.
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MGMT | Electric Feel

«Oracular Spectacular», dos norte-americanos MGMT, continua a ser o disco de 2008 com maior rotação por estas bandas. Razão pela qual é com enorme satisfação que apresento o novo vídeo do duo: «Electric Feel».

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Madonna's back in town

Está confirmado! Madonna regressa a Portugal no dia 14 de Setembro para um concerto único no Parque da Bela Vista (mesmo local onde decorrerá nos próximos dias o Rock In Rio). Os ingressos para este espectáculo da «Sticky & Sweet Tour» - que promove o mais recente «Hard Candy» -, custam sessenta euros e estarão à venda no próximo dia 31 de Maio. Para terminar deixo o vídeo de «Frozen», já um clássico da pop.

sábado, 24 de maio de 2008

Band Of Horses | No One's Gonna Love You

Os norte-americanos Band Of Horses acabam de revelar o segundo vídeo do segundo álbum de originais «Cease To Begin». «No One's Gonna Love You» sucede ao êxito «Is There A Ghost» e destaca-se por ser um dos temas mais calmos da banda de Seattle. As guitarras estão no sítio certo e a melodia volta a ser certeira. O resultado é interessante e não belisca a qualidade e o nível apresentados em «The Funeral» e «The Great Salt Lake», do debut «Everything All The Time».

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Cut Copy | Hearts On Fire

É inevitável: o trio australiano Cut / Copy é uma das bandas do momento. Depois do viciante «Lights And Music», tema que recupera com mestria electrónicas passadas, agora é o contagiante «Hearts On Fire» que prolonga a dança ao som da melhor pop de oitenta. Enquanto o álbum «In Ghost Colours» não nos chega fica o mais recente vídeo dos Cut / Copy.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Coldplay | Violet Hill

Insisto em destacar os vídeos que vão surgindo no mercado para, desta feita, mostrar as imagens que marcam o tão aguardado regresso dos britânicos Coldplay. «Violet Hill» é o primeiro single de «Viva La Vida Or Death And All His Friends», o quarto registo da banda.
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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Nick Cave And The Bad Seeds | More News From Nowhere

Como não há duas sem três, voltamos a falar de Nick Cave & The Bad Seeds para mostrar mais um vídeo do novo «Dig!!! Lazarus Dig!!!». «More News From Nowhere» é já o terceiro avanço do álbum de 2008 e dá-se a conhecer três dias após o lançamento de «Night Of The Lotus Eaters». O video é realizado pela dupla Iain Forsyth & Jane Pollard.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Noite (The) National

A noite do passado dia 11 de Maio tinha tudo para ser memorável. Enquanto metade de Portugal palpitava e celebrava as emoções futebolísticas de finais de temporada e de carreira (uma sentida e profunda palavra de apreço para um dos símbolos maiores de futebol português, Rui Costa), uma Aula Magna esgotadíssima ansiava pelo som aveludado dos The National, a banda do Ohio (sediada em Nova Iorque) mais conhecida da actualidade. «Boxer», quarto álbum do colectivo e mote para o concerto em Lisboa, marcou presença em qualquer listagem que se preze entre os melhores de 2007 (para mim foi mesmo o melhor disco de 2007). Como se não bastasse, os bilhetes para esta estreia em nome próprio e na capital portuguesa esgotaram em poucas semanas. Razões pelas quais podemos afirmar que as expectativas eram grandes.
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A euforia começou cedo para quem antecipou a entrada na Aula Magna, pois o vocalista Matt Berninger decidiu confirmar se tudo estava operacional na mesa de som, pelo que a curta e apressada sessão de autógrafos foi inevitável. No entanto, as emoções fortes iniciaram-se ao som de «Brainy», um dos temas mais melodiosos de «Boxer» e uma das canções mais rodadas no meu leitor de MP3 durante 2007. Todavia, a performance vocal de Matt Berninger surgiu fria, o som parecia metalizado e os «altos» ritmos do baixo tornaram-se impróprios para a harmonia patenteada na versão estúdio de «Brainy». «Secret Meeting» seguiu-se-lhe e a desconfiança foi diminuindo, pois Padma Newsome (o sexto elemento do colectivo que se ocupa do violino e keyboards) carregou no acelerador e aqueceu os restantes membros da banda. Aquando de «Mistaken For Strangers», o excelente primeiro single de «Boxer», já tudo corria dentro da normalidade e o público saltou das cadeiras para menear-se ao som sedutor dos The National. «Baby We’ll Be Fine» foi outro dos temas recuperados de «Alligator» (2005). O ritmo abrandou e «Slow Show» comprovou-o, mas «Squalor Victoria» logo alvoroçou os presentes e, principalmente, Matt Berninger que mostrou os primeiros sinais de desatino, berrando alguns dos versos do tema. «Abel», um dos singles essenciais de «Alligator» adensou a entusiasmo vivido que só a sequência «Wasp Nest» (do EP «Cherry Trea»), «Racing Like A Pro» e «Ada» conseguiram aquietar. «Apartment Story» incitou às palmas e «Daughters Of The Soho Riots» surpreendeu os próprios The National, com o público a entoar em uníssono o refrão desarmante no final do tema. Os magníficos «Fake Empire» e «Start A War» fecharam o alinhamento original do espectáculo. Após o ensurdecedor chamamento do público, os The National fecharam esta brilhante noite com a folk melódica de «Green Gloves», a pujança de «Mr. November» (com Matt Berninger tresloucado a invadir os lugares doutrinários da Aula Magna) e a calmaria de «Gospel» e «About Today». Acenderam as luzes e os sorrisos de satisfação eram evidentes na cara de todos.
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Portishead | The Rip

A escolha do segundo single de «Third», terceiro álbum de originais dos Portishead, recaiu sobre «The Rip»: um dos temas mais calmos e acessíveis do novo registo discográfico da banda britânica. A canção mistura a folk que marcou a estreia a solo de Beth Gibbons com a melhor electrónica de uns Archive. O resultado é magnífico.
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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nick Cave And The Bad Seeds | Night Of The Lotus Eaters

Não me canso de destacar a mais recente passagem de Nick Cave & The Bad Seeds pelo Coliseu de Lisboa. Em apresentação do novo «Dig!!! Lazarus Dig!!!», Nick Cave deu espectáculo e provou que os seus concertos não vivem somente de memórias passadas. «Dig!!! Lazarus Dig!!!» é, até à data, um dos discos mais conseguidos de 2008 e a prová-lo está o novíssimo e hipnótico single «Night Of The Lotus Eaters». Aqui fica o vídeo.
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The Kills | Last Day Of Magic

«Last Day Of Magic» é a mais recente aposta dos The Kills para promover «Midnight Boom», o refrescante e recomendável terceiro álbum do duo. O terceiro single, agora editado, sucede a «U R A Fever» e «Cheap And Cheerful».
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sábado, 10 de maio de 2008

Viagens à tasca

Depois da pop world music de Beirut e da folk sedutora de José González, os meus intentos melómanos atiraram-se de corpo e alma às mais recentes esquizofrenias dos irmãos Friedberger, dos The Fiery Furnaces, ao som matricial dos norte-americanos Battles e à recente revisitação dos islandeses Sigur Rós.
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Já aqui tive a oportunidade de salientar que os norte-americanos The Fiery Furnaces são um dos pólos de criatividade pop mais activos da música contemporânea. As criações indie psychedelic experimental pop rock de Matthew e Eleanor Friedberger não encontram barreiras. A cada novo álbum esta louca irmandade revela-se impar (para o bem e para o mal). «Widow City», quinto álbum de originais, sem contar com a compilação de singles e lados-b «EP» (2005), parece um somatório de todas as anteriores experiências discográficas (excluindo o tresmalhado «Rehearsing My Choir»). Contudo, a sonoridade parece agora mais acessível. As abruptas e características mudanças de ritmo e rumo já são menos surpreendentes (não sendo este um factor necessariamente mau). «Widow City» respira o rock dos anos 70 («Duplexes Of The Dead», «Uncle Charlie» e «Navy Nurse»), pisca o olho à pop de 60 («My Egiptian Grammar»), brinca, na óptica do utilizador, com as ferramentas copy + paste, dá de caras com o pink-death-metal dos Death From Above 1979 e com a pop desvairada dos The Go! TeamClear Signal From Cairo») e aproximam-se dos sinfónicos SparksAutomatic Husband» e «Japanese Slippers»). No entanto, alguns dos atalhos percorridos, como é bom exemplo o tema de abertura «The Philadelphia Grand Jury», revelam-se ambiciosos de mais e, por momentos, sentimo-nos completamente perdidos. Os dezasseis temas apresentados em uma hora de música também poderão transmitir algum cansaço ao ouvinte. Mas nada que manche a minha admiração por este duo norte-americano e por «Widow City», que à data nos ofereceu singles como «Ex-Guru», «Navy Nurse» e «Duplexes Of The Dead».
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Mantemos a orbita descontrolada para falar de um dos álbuns mais marcantes de 2007. Os norte-americanos Battles são compostos pelo baterista John Stanier (Helmet e Tomahawk), o guitarrista / teclista Ian Williams (Don Caballero e Storm & Stress), o guitarrista / baixista David Konopka (Lynx) e o vocalista (entre outras coisas) Tyondai Braxton. Quatro elementos que vêem o rock como uma enorme matriz, na qual o elevado número de variáveis electrónicas resulta em exercícios surpreendentes e inesperados. Cada tema apresentado parece um pequeno conto em formato de banda desenhada. «Atlas», o primeiro single de «Mirrored», é prog-rock a seguir caminhos indie. Sete minutos de pura experimentação prog-rock em que a percussão assemelha-se ao ritmo avassalador e disforme de «Beautiful People», do controverso Marilyn Manson, o riff de guitarra é compassado e eficaz e as vocalizações retiradas do imaginário tribal de Avey Tare, dos Animal Collective. «Tonto», segundo single, é um autêntico choque de civilizações: recuperam-se melodias folk, algum exotismo asiático e guitarradas funk que julgávamos possíveis só em John Frusciante (o dos anos 80/90). «Leyendecker» revela-nos a vertente mais fantasiosa dos Battles. «Rainbows», o tema mais longo e mais sónico de «Mirrored», é um verdadeiro caleidoscópio sonoro de ritmos e imagens; tal como «Tij». No entanto e paradoxalmente, ou talvez não, a música é negra e suada. Transpira rock em formato digital e vislumbra qual seria o resultado de vermos Marc Bolan e os seus T.Rex dominados pelas electrónicas do século XXI.
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Chegamos à mais recente edição dos islandeses Sigur Rós, uma das forças indie pop rock mais ouvidas e apreciadas por estas bandas. Foi em 2000, com a edição do fenomenal «Ágætis Byrjun», que os Sigur Rós fizeram história, marcando uma importante passagem da música contemporânea. Às melodias clássicas irrompem turbilhões de som em forma de riffs de guitarra. A canção é, quase sempre, um exercício em crescendo que ganha vida própria. Pressentem-se emoções fortes e o leve ou arfante respirar de cada criação. Não consigo explicar, mas sinto uma qualquer atracção pelos sons vindos do «estúdio piscina» dos Sigur Rós, razão pela qual qualquer edição do colectivo é marcada por alguma ansiedade. Há alguns meses os Sigur Rós editaram o DVD «Heima» (um dos documentários musicais mais interessantes e completos dos últimos tempos e o registo de actuações ao vivo nos locais mais improváveis da Islândia) e o que podemos classificar como um conjunto de dois EP: «Hvarf» e «Heim». Se o primeiro «Hvarf» (desaparecido) junta alguns inéditos (entre os quais o espantoso «I Gær») a duas reinterpretações do álbum de estreia, «Vón» (1997), a segunda trilha sonora, intitulada «Heim» (casa), revela versões acústicas e mais despidas de alguns dos temas mais conhecidos da banda. Não se tratando de um best of, «Hvarf / Heim» acaba por ser uma inteligente compilação de algumas memórias esquecidas e outras revisitações da primeira década de música dos Sigur Rós.

Para terminar em beleza deixo o vídeo de «Viðrar Vel Til Loftárása», uma das obras primas dos Sigur Rós.

domingo, 4 de maio de 2008

David Fonseca | Kiss Me, Oh Kiss Me

«Kiss Me, Oh Kiss Me» é a terceira e mais recente aposta de David Fonseca para promover «Dreams In Colour». O vídeo, realizado pelo próprio David Fonseca, chega numa altura em que a canção já faz furor nas rádios nacionais. Tanto a sonoridade como as imagens apresentadas antecipam um dos hinos do Verão de 2008.

«Direi em poucas palavras como Maldoror foi bom...»

Após o excelente espectáculo de Nick Cave And The Bad Seeds, a agenda lisboeta de concertos/espectáculos marcava para o dia 23 de Abril, na Culturgest, a apresentação do espectáculo conceptual - que entretanto resultou em álbum - «Maldoror», dos bracarenses Mão Morta. Seguindo a ideia já explorada pela banda em 1997, com o espectáculo «Müller no Hotel Hessischer Hof» (adaptação de poemas do dramaturgo Heiner Müller), Adolfo Luxúria Canibal e companhia musicam agora textos originais do Conde de Lautréamont (Isidore Ducasse).
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A peça, encenada por António Durães, é assombrosa! Os textos retratam o mal, os vícios, a repugnância, a loucura, o nojo («Estou sujo. Roído de piolhos. Os porcos, quando olham para mim, vomitam»). Os trajes são negros e inacabados e a música cristaliza toda esta anarquia que vive em «Maldoror». Há espaço para o humor negro («Fiz um pacto com a prostituição para semear a desordem nas famílias»), para a crueldade («A Maldade»), para momentos épicos e de pura carnificina («A Cópula») e outros actos mais filosóficos («A Poesia»). Presenciei, desta forma, a uma excelente noite de música sombria na noite de Lisboa, e em que mais uma vez os Mão Morta estão de Parabéns. «Está dito».

sábado, 3 de maio de 2008

MTV's EXIT music (for a campaign)

«All I Need» é o mais recente vídeo dos britânicos Radiohead e o contributo da banda de Thom Yorke para a campanha MTV EXIT (End Exploitation and Trafficking). O resultado é excelente. Aqui fica o vídeo de sensibilização para a exploração do trabalho infantil.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Dig!!! Nick Dig!!!

Foi uma noite em grande a que se viveu no passado dia 21 de Abril no Coliseu de Lisboa. Recinto com lotação esgotada para ver e ouvir um dos mais conceituados compositores da actualidade a apresentar um dos discos mais conseguidos de 2008, «Dig!!! Lazarus Dig!!!». Confesso que, para mim, esta foi a minha primeira vez. Razão pela qual tudo pareceu bom de mais, mas sem os habituais constrangimentos destas situações. Nick Cave, acompanhado pelos suspeitos do costume – os The Bad Seeds –, não desiludiu e, com um alinhamento condimentado com êxitos de outros tempos e temas do novo «Dig!!! Lazarus Dig!!!», mostrou que nem os seus cinquenta anos nem o novo «pimp moustache» interferem na qualidade e vitalidade soturna de Nick Cave And The Bad Seeds.
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Do intrigante começo com «Night Of The Lotus Eaters» ao exuberante manifesto «Today’s Lesson», compreendemos ao que vinha Nick Cave: «We gonna have a real good time tonight!» bramia Cave e o público, envolto no entusiasmo e em alguma loucura que se viveu no recinto, entregou-se «à noite». «Red Right Hand» foi o primeiro momento de grande euforia. O tema originalmente editado em «Let Love In» é ainda hoje uma das mais fortes e emblemáticas composições de Cave. O cabaret de «Dig!!! Lazarus Dig!!!» seguiu-se-lhe, mas foi o exorcizado trovão «Tupelo» que voltou a incendiar as hostes. «Moonland», com o melhor riff de guitarra de 2008, provou uma vez mais a importância de Warren Ellis na sonoridade do colectivo. «Deanna» e «The Ship Song» incitaram os presentes a cantar e se «Jesus Of The Moon» acalmou, por momentos, a audiência, «Lie Down Here (& Be My Girl)» logo ateou o espírito indie rocker de Cave, não deixando ninguém indiferente. Sentimento que se sentiu, também, nos clássicos «I Let Love In» e «Papa Won’t Leave You, Henry»: momentos de puro êxtase nos quais se recuperaram outros tempos. «Midnight Man» e «More News From Nowhere» (temas que fecham na perfeição o álbum «Dig!!! Lazarus Dig!!!») foram, no alinhamento principal, as últimas passagens pelo mais recente registo. Todavía, foram a frenética «Get Ready For Love» e a intrigante «Stagger Lee» que fecharam o citado alinhamento principal. O público pediu mais e Nick Cave regressou. Nos dois encores da noite ouviram-se mais temas novos («We Call Upon The Author» e «Albert Goes West»), outros temas menos novos («Straight To You», «Nobodys Baby Now», «Your Funeral My Trial» e «Into My Arms»), outros assim assim («The Lyre Of Orpheus») e um cover de Bob Dylan («Wanted Man»). Nick Cave voltou a marcar pontos e mostrou que «Dig!!! Lazarus Dig!!!» está repleto de excelentes canções, sendo um dos álbuns que marcará o ano de 2008.
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A fechar deixo o vídeo de «Do You Love Me?», tema que mereceria passar pelo palco do Coliseu.