quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lykke Li | Get Some (The Graphical Viral Backdrop Version)

Lykke Li resolveu dar notícias e disponibilizou de forma gratuita, no seu site oficial, os MP3 do novo single «Get Some» e do respectivo lado-b «Paris Blue». Dados que, certamente, anunciam novo álbum para breve. Por enquanto, apresento uma primeira versão (alternativa) para o vídeo de «Get Some». A versão oficial será revelada brevemente.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Crystal Castles feat. Robert Smith | Not In Love

«Not In Love», o futuro novo single da dupla canadiana Crystal Castles, será editado no dia 6 de Dezembro e irá disponibilizar uma nova versão do tema de «Crystal Castles» (2010). Versão que contará com a preciosa participação de Robert Smith, dos The Cure. Confesso-me já «in love» por esta nova leitura de «Not In Love».

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

!!! | Jamie, My Intentions Are Bass

Os norte-americanos !!! (Chk Chk Chk) estão de regresso aos vídeos. «Jamie, My Intentions Are Bass» já é o segundo tema a ser extraído de «Strange Weather, Isn't It?», quarto álbum da banda que será apresentado no palco do Lux no próximo dia 9 de Novembro. Concerto a não perder.

sábado, 23 de outubro de 2010

2010 | Viagens à tasca em período de férias IX

Casa de Mateus (Vila Real)
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Começo, então, a arrumar as tralhas para voltar à capital e ao meu papel de segunda a sexta, o de consultor respeitável e proactivo. As férias passaram-se, mais uma vez a correr, mas as imagens e os momentos daquela semana chuvosa, mas revigorante, permanecerão comigo e coladas aos discos que trouxe para o sul. Discos que, por qualquer razão, se enquadraram na perfeição com o cenário e os momentos vividos. «Becoming A Jackal», debut álbum do projecto Villagers, do irlandês Conor J. O’Brien, foi mais um desses trabalhos discográficos (este descoberto na CDGO.COM). Música que é impossível não associar à sonoridade, postura e cantorias dos norte-americanos Bright Eyes, de Conor Oberst, sem nunca largar de vista o crooning de Jens Lekman, a pop de Simon & Garfunkel e o singer-songwriting de Josh Rouse (o balanço de «Set The Tigers Free» parece retirado de «1972»). No entanto, e prosseguindo com as associações, o mais engraçado é que as canções deste «Becoming A Jackal», álbum que perdeu a corrida ao Mercury Prize de 2010 para os The xx, entrega-me ao requinte bucólico e à magnificência da Casa de Mateus (Vila Real). Portanto, folk anglo-saxónica com tempero clássico em receita pop. Um disco interessante, com excelentes canções, como são exemplos «I Saw The Dead», «Set The Tigers Free», «Twenty-Seven Strangers», «Ship Of Promises», «Pieces» e, o tema título, «Becoming A Jackal», mas sem se mostrar essencial.
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Despeço-me do norte (e da CDGO.COM… sniff, sniff) com a banda sonora do videojogo «Stubbs The Zombie» (2005). Produto desenvolvido pela Wideload Games para a consola Xbox e, posteriormente, para o Windows e Mac OS X. Esclareço, desde já, que não sei muito bem do que estou a escrever, pois nunca fui um grande aficionado de gadgets e aplicações informáticas. Ainda assim, devo confessar o meu magnetismo com o velhinho ZX Spectrum +2. Com o passar dessa febre, perdi o gosto pelos videojogos para ganhar afeição à pop. Reutilizei a maior parte das cassetes áudio (as quais, até à altura, serviam para gravar jogos do Spectrum) com músicas de bandas e artistas que me enchiam as medidas. Ora, esse foi o factor que mais influenciou esta compra. A capa anuncia covers de temas dos anos 50 por bandas como The Flaming Lips, The Walkmen, The Dandy Warhols, Rogue Wave, Death Cab For Cutie, Cake e The Raveonettes. Fantástico! Não hesitei um segundo e passei os dias seguintes a deliciar-me com a admirável leveza do disco e as interpretações descontraídas de: Ben Kweller (versão de «Lollipop», da dupla Ronald & Ruby), Cake («Strangers In The Night», popularizada por Frank Sinatra), Rogue Wave («Everyday», de Buddy Holly), The Flaming Lips («If Only I Had A Brain», retirada do clássico «O Feiticeiro de Oz»), The Raveonettes («My Boyfriend’s Back», da girl band The Angels), OrangerMr. Sandman», dos The Chordettes) e The Walkmen («There Goes My Baby», dos The Drifters). Um verdadeiro achado para os coleccionadores mais apaixonados.
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Para terminar, e assinalar o fim de mais um curto período de férias, deixo-vos um dos vídeos promocionais de «Becoming A Jackal», do projecto Villagers. Algo me diz que este Conor J. O’Brien promete dar que falar.
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The National | Terrible Love (Alternate Version)

Os The National continuam em alta. Primeiro, anunciaram a reedição de «High Violet», agora numa edição dupla que incluirá dois temas novos, dois lados-b, três registos em formato live e uma versão alternativa de «Terrible Love». Depois, surgiu o vídeo dessa mesma versão alternativa de «Terrible Love» (realização a cargo de Tom Berninger) para promover o lançamento do respectivo single. Agora, é a notícia que a banda norte-americana regressará ao nosso país em Maio de 2011 para dois concertos. Que mais poderemos pedir?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

2010 | Viagens à tasca em período de férias VIII

Albufeira da Caniçada (Gerês)
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Prosseguindo a minha recente passagem pelo norte de Portugal, decido permanecer nas rua do Porto, mais precisamente na Rua de Santa Catarina, para voltar a citar o duo norte-americano No Age. Recupero a minha descoberta da banda e de «Nouns» (ainda um excelente «souvenir» de Lovaina, Bélgica) para aqui transcrever alguma da história da banda de Los Angeles. «Formados em Dezembro de 2005 por Dean Spunt (bateria e voz) e Randy Randall (guitarra), esta dupla, …, fez furor no seio do movimento indie rock com «Weirdo Rippers», uma colecção de cinco EPs que viu a luz do dia no ano passado», portanto em 2007. Onze canções, seleccionadas de cinco EPs de edição limitada, os quais foram editados por cinco editoras diferentes no dia 26 de Março de 2007. O resultado é uma compilação de trinta e poucos minutos de pura distorção e punk pop and roll. Elementos que são favorecidos pela quimera noisy que tão bons resultados tem alcançado nos trabalhos dos apreciados Deerhunter (ouçam-se, por exemplo, o fantástico tema de abertura «Every Artist Needs A Tragedy», o melodioso «I Wanna Sleep», ou o balsâmico «Sun Spots»). Descortinamos a faceta mais pop and roll dos No Age, com «Every Artist Needs A Tragedy», «My Life’s Alright Without You» e «Neck Escaper», e perguntamos: Por que razão não incluíram todos os temas dos identificados EPs? Nós merecíamo-lo e os No Age também.
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De volta a Braga para notar o excelente regresso de Nick Cave, Warren Ellis, Martyn Casey e Jim Sclavunos. Refiro-me aos Grinderman e ao novíssimo álbum «Grinderman 2». Trabalho que prossegue com a demanda ao rock cavernoso e cru do homónimo disco de estreia (2007). Rock visceral e lúbrico que, por qualquer razão, Nick Cave não encaixa nos seus álbuns com os Bad Seeds e, louvado seja, é enquadrado no universo Grinderman. Um verdadeiro escape que permite a Nick Cave e restantes companheiros de estrada explorar os seus limites e fantasias, seja em termos de cadência sonora ou, mesmo, lírica («Well my baby calls me the Loch Ness Monster / Two great big humps and then I’m gone / But actually I am the Abominable Snowman / I guess that I’ve loved you for too long»). Produto que nasce da experimentação e que nos desperta os sentidos. Se «Evil» é um verdadeiro murro no estômago, «Kitchenette» uma áspera e esquizóide declaração capaz de baralhar qualquer um, «What I Know» um enigmático e perturbador momento e «Palaces Of Montezuma» um sonho em formato canção. Música vivida, composta por homens experientes e magníficos músicos, que mantém intactas a irreverência e espontaneidade da juventude. O certo é que os anos passam e Nick Cave continua a ser sinónimo de qualidade e actualidade e «Grinderman 2» é mais um extraordinário trabalho cravado com o seu nome.
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Continuo em trilhos experimentais, mas recuo a 2004 para documentar histórias dos anos 80. «Calling Out Of Context», do compositor, multi-instrumentista e produtor Arthur Russell (1951-1992), foi editado pela Rough Trade em 2004 e reúne material seleccionado de «Corn» – álbum que em 1985 acabou rejeitado pela sua editora da altura – e um segundo trabalho, nunca editado, gravado entre 1986 e 1990 para a mesma Rough Trade. Quanto ao resultado final, é surpreendente. Pouco conheço da história e da música de Arthur Russell, mas depois de ouvir canções como «You And Me Both», «Calling Out Of Context», «That’s Us/Wild Combination», «Make 1, 2», «Get Around To It» ou «Calling All Kids» atrevo-me a afirmar que a música perdeu em 1992 e precocemente um dos seus maiores visionários contemporâneos. É incrível como o material aqui compilado se encontre na fronteira entre a mera demo/esboço (gravação em quatro pistas) e o potencial single independente capaz de marcar toda uma época estival («You And Me Both» e «Get Around To It» comprovam-no). Composições registadas nos anos 80, mas que soam a presente e futuro. Ainda assim, a história diz que Arthur Russell passou um pouco ao lado de tudo e de todos.
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Best Coast | Boyfriend

A história dos norte-americanos Best Coast começa algures em 2009, com o reencontro entre Bethany Cosentino (voz e guitarra) e Bobb Bruno (guitarra, baixo e bateria). Entretanto, e após a edição de alguns EPs, o duo de Los Angeles conseguiu colocar o nome da banda no mapa das atenções de 2010. «Crazy For You», o debut álbum, já se encontra à venda e o seu mais recente single é este «Boyfriend».

Linda Martini | Mulher a Dias

Ui... Como o novo single dos Linda Martini é bom! Rock maduro e em bruto que tanta falta tem feito à música portuguesa. «Mulher a Dias» é já o segundo tema a ser extraído de «Casa Ocupada», o segundo álbum da banda de Lisboa, sucedendo a «Belarmino».

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Joan As Police Woman + Foge Foge Bandido

Na sexta-feira passada o pensamento que mais me passou pela cabeça foi: “Fim-de-semana à porta e sem planos para os próximos dois dias”. A agenda cultural anunciava algumas boas propostas, é certo, mas com a oferta que anda aí, já começo a racionar a ida a concertos. No entanto, mais uma vez tive a sorte de estar no local certo à hora certa e, graças à Radar (telefone a funcionar) e à organização do Festival Sintra Misty (facebook a funcionar), ganhei a oportunidade de rever Joan As Police Woman, confirmar a potencialidade do projecto Foge Foge Bandido e sair a meio da prestação de Mark Kozelek, desinteressante e sobranceira.
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Para não variar, e após mais um concerto em Portugal – o terceiro desde 2008 – Joan Wasser a.k.a. Joan As Police Woman surgiu na zona do merchandise para presentear alguns dos seus fãs com autógrafos e a sua natural simpatia. Prometendo, ainda, regressar em Março próximo – ao que parece já estão apalavrados concertos para Lisboa, Porto e, quem sabe, outros tantos locais –, para apresentar o novíssimo álbum, a editar já em Janeiro. Trabalho que não foi esquecido no concerto do passado sábado. As novas composições, algumas das quais já haviam subido ao palco do Lux em Outubro de 2009, revelaram uma Joan As Police Woman apurada, mas com a determinação em desbravar novos territórios. «Magic», por exemplo, mostrou uma cadência disco que nos atira para a pista de dança e «Flash», um ano depois, continua a provocar alguma ansiedade e desejo de ter o novo disco na mão. Quanto ao restante, confesso que gostei do concerto, mas não arrebatou. Quero dizer, Joan voltou a apresentar algumas das suas melhores composições («To Be Loved» e «Eternal Flame» a abrir e «Save Me» e «We Don’t Own It» a fechar), cumprindo os mínimos, mas, analisando o meu historial em concertos Joan As Police Woman, este terá sido o espectáculo mais morninho. Também, e dado estar inserido num festival, compreende-se alguma apatia do público presente. Mas, Joan Wasser já fez bem melhor. No entanto, e caso se confirme novo concerto para 2011, algo me diz que voltarei a marcar presença.
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A noite prosseguiu com o experimentalismo desvairado e engenhoso de Manel Cruz e o seu novo e «amigável monstro» Foge Foge Bandido. A descoberta do projecto tinha poucos dias e o interesse em assistir ao concerto de Sintra intensificava-se a cada nova audição de «O Amor Dá-me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei». A oportunidade lá surgiu e tive a felicidade de me estrear em concertos de um dos projectos mais originais, se não o mais original, da pop nacional. Espectáculo que vive da experimentação e que, para quem assiste, é impossível decifrar se aquela determinada quebra foi causada por uma qualquer falha ou se é mais um bafo de inspiração do colectivo portuense. Isto para dizer que a regra implementada no colectivo de músicos segue a velha máxima do «nada se perde, tudo se transforma». Metamorfoses várias que me relembraram os desvarios criativos do enorme Mike Patton, mas, no palco da sala Jorge Sampaio, do Centro Cultural Olga Cadaval, quem brilhou foi mesmo Manel Cruz e as suas arrebatadas composições. No entanto, e apesar do aparente desatino musical, o projecto Foge Foge Bandido acerta na mouche e mostra que também se faz música pop de extrema qualidade em Portugal e cantado em português («diz-me o porquê dessa canção tão triste / que me diz não vir de ninguém / decerto alguma coisa tu pediste a essa voz / que tu não sabes de onde vem // diz-me o porquê dessa canção tão triste / me fazer sentir tão bem / decerto alguma coisa mais te disse a mesma voz / que tu não dizes a ninguém // eu sei que tudo ser em vão é triste / como é triste um homem morrer / pergunta à voz se essa canção existe / e se ela não souber ninguém mais vai saber // diz-me o porquê desta canção tão triste / te fazer sentir tão bem / decerto eu oiço a voz que tu ouviste / talvez tu saibas de onde vem»). Enorme!



domingo, 17 de outubro de 2010

2010 | Viagens à tasca em período de férias VII

«What Can It Be - Bor Land 2000-2010»
[Serigrafia/Exposição Bor Land, 2010]
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Regresso ao norte e, desta vez, à cidade do Porto. Terá sido a terceira ou quarta vez que percorri as ruas daquela cidade atlântica que mais parece anglo-saxónica. Consegui, desta vez, tirar um retrato mais exacto da cidade e do que a rodeia. Não deu para conhecer quase nada, é certo (facto que posso agradecer a S. Pedro), mas apresentou-me a uma das tascas mais atraentes de Portugal, a CDGO.COM. Ainda assim, esta primeira paragem no Porto passa pelo espaço Gesto Cooperativa Cultural (GCC). Porquê? Bor Land diz-vos alguma coisa? Pois é, uma das editoras mais importantes no panorama indie pop português chegou ao fim e, para assinalar a data, os seus mentores (Rodrigo Cardoso e Inês Lamares) promoveram uma exposição no referido GCC. Um local que, apropriadamente, respira o espírito independente que percorreu toda a história da Bor Land. Muitos foram os projectos que viram a luz do dia graças à editora e, confesso, que aproveitei a oportunidade para me abastecer de algumas das suas compilações mais antigas. No entanto, e por razões pessoais, a minha ligação com a Bor Land ficará, para sempre, ligada a Old Jerusalem e ao álbum «April». Decorria o ano de 2003 quando dei início aos saudosos seis meses de trabalho no Diário de Notícias (antes de mais, os meus profundos agradecimentos ao Nuno Galopim e à restante equipa do extinto dnmais…). O ensino superior obrigava-me a estagiar e eu fiz tudo por aproveitar essa exigência ao máximo. Foram seis meses sem dias de descanso, é verdade, (não é fácil conciliar aulas em horário laboral com trab…, herrrr, hummm, estágio curricular), mas seis meses de gozo e puro encanto que me deram a conhecer, entre outras coisa, a Bor Land e «April», de Old Jerusalem. Sobre o álbum, e para os coleccionadores, sugiro a consulta do dnmais N.º 250, de 15 de Fevereiro de 2003. Relativamente ao projecto do economista Francisco Silva, o qual desde então me esforço por seguir, tive a felicidade de assistir à sua íntima e especial apresentação realizada na GCC. Um bem-haja à Bor Land e a todas as pessoas que directa ou indirectamente a ajudaram nos seus dez anos de vida…
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Paralelamente, e ainda no espaço GCC, dei de caras com um dos trabalhos mais fugidios de sempre. O debut de Foge Foge Bandido, do genial Manel Cruz, há muito que era desejado, mas por mais irónico que possa parecer, nunca lhe tinha metido os olhos, nem as mãos em cima. Abençoado 5 de Outubro, pensei. Mais, o centésimo aniversário da República ficará para sempre ligado ao excelente trabalho gráfico e discográfico d’«O Amor Dá-me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei». Pícaro, não? O certo é que a terceira edição do primeiro tomo Foge Foge Bandido está aí e correrá pelas salas de espectáculo nacionais neste final de 2010 e inícios de 2011. Ainda ontem tive a oportunidade de verificar isso mesmo no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. E que bem me tem sabido reviver o fenómeno Ornatos Violeta (ouça-se, por exemplo, «O Caminho Certo» para o recordar). Fenómeno que aqui surge de braços dados com a movida indie belga («Personal Contribution» e «Canal Zero» parecem retirados de «Worst Case Scenario», dos dEUS); a pop mais acessível e doce («Borboleta» e «Canção da Canção Triste» são notáveis); o experimentalismo mais trocista e cru («Eleva!», «Onan O Rapaz do Presente», «Cobói Inglês» e «Terceira Divisão» são divertidas e mordazes); o spoken wordAinda Pode Descer» e «Uma Historinha»); a canção popular («Canção da Canção da Lua»); e um registo mais intimista (ouçam-se, por exemplo, «À Sua Volta», «Quando Eu Morrer» e «As Minhas Saudades Tuas»). Por fim, confesso, também, um enorme gozo em ouvir Manel Cruz a cantar «Foi na Tv que aprendi a ser puta / Estou tão feliz por não ter uma luta» («Canal Zero»), ou «Mãe / A vida é esta merda / Dela só o cheiro se herda / Trocamos sonhos por qualquer porcaria / Canta de novo a canção da lua / Enquanto não chega o dia» («Canção da Canção da Lua»), ou, ainda, «Eu não te traí / Foi masturbação em três dimensões / Diz-me até que ponto queres que eu seja sincero / Diz-me até que ponto me queres conhecer» («Onan O Rapaz Do Presente»). Este é um disco que retrata uma vida cheia e intensa. Um disco arrojado e palpitante, de uma vitalidade transbordante. Um álbum duplo só ao alcance de grandes escritores de canções, como é o caso de Manel Cruz.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Belle & Sebastian | I Want The World To Stop

É a grande canção do momento. «I Want The World To Stop» é o mais recente vídeo dos escoceses Belle & Sebastian e o primeiro avanço para «Belle & Sebastian Write About Love». Single do ano?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Como sempre… como dantes

Camané inicia o primeiro encore, do seu espectáculo no íntimo Teatro Municipal de Vila de Conde, com «Mais um Fado no Fado» e, «como sempre, como dantes», demonstra ser actualmente a Voz do fado português. Uma voz que carrega a saudade e a fadada estranha forma de vida. Um cantor tímido, Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos revelou algum embaraço quando tentou interagir com o público, mas um intérprete com segurança e garra divinas. Fadista que sente na voz todos os infortúnios da vida. Desta vez, e dado o concerto do passado sábado promover «Do Amor e dos Dias», o seu mais recente trabalho, foram as quezílias conjugais, e não só, que dominaram a noite. Camané explica que o disco, mais uma vez produzido pelo mestre José Mário Branco, se centra no amor, no ciúme, na raiva, no ódio e nas arrelias do dia-a-dia a dois, ou seja, no quotidiano das relações. Contudo, esse autêntico diário é cantado subtilmente e de forma irónica e sentida. «No dia que me deixaste / nada quis do que te dei / tudo o que tinha levaste / nem com a saudade fiquei» canta em «Último Recado» (letra de Manuela de Freitas, esposa de José Mário Branco). Já em «A Guerra das Rosas», primeiro single de «Do Amor e dos Dias» e o único tema a merecer repetição, escutamos «No escuro tu insistes que eu não presto / Eu juro que falta a parte melhor / O beijo acaba com o teu protesto / Amanhã conto-te o resto / Boa noite meu Amor». Histórias da vida que Camané faz suas. Tal como os restantes fados, apresentados noutros comprimentos de onda, como foram exemplo «Saudades Trago Comigo» e «Sei de um Rio». E assim, como sempre... como dantes, Camané cantou e encantou mais uma plateia que se mostrou rendida aos encantos interpretativos do maior fadista da actualidade. Vivemos os tempos de Camané!
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

2010 | Viagens à tasca em período de férias VI

O mapa de férias marcava descanso para a semana de 4 a 8 de Outubro e, uma vez que a digressão 360º dos U2 me levou até Coimbra, aproveitei para palmilhar mais uns quilómetros e assentar arraiais em Braga (e, antes que me esqueça, obrigado Gianni...). A ideia era conhecer alguns dos locais mais frequentados do Minho, Trás-os-montes e Alto Douro e Douro Litoral e absorver alguma da atmosfera cultural local. Desta forma, e como não poderia deixar de ser, os locais de peregrinação melómana não foram esquecidos. Passei por algumas lojas FNAC, por espaços culturais mais alternativos, salas de espectáculo ainda por conhecer e pela CDGO.COM (JO-JO’SMUSIC). Caríssimos, devo confessar sentir uma pequena inveja por não poder usufruir de uma «loja de conveniência» como a CDGO.COM do Porto. Porquê? Imaginem uma selecção discográfica diversificada, com maior incidência numa área que se convencionou chamar de alternativa, e um espaço cuidado. Um local alternativo, é certo, mas consistente. Raios! Atrevo-me, mesmo, a afirmar que Lisboa bem precisa de um local idêntico à CDGO.COM, da Rua de Cedofeita (Porto).
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Arcada da Praça da República (Braga)
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Contudo, a recente viagem, em termos discográficos, iniciou-se na desinteressante FNAC de Braga e pela mão do estreante Dylan LeBlanc. Singer-songwriter norte-americano que, com apenas vinte anos, alcançou a distinção de «debut of the month» da influente revista Uncut. «Paupers Field» é, de facto, uma extraordinária colecção de canções «americana» capaz de pôr Ryan Adams em sentido. A banda sonora perfeita para dias de chuva e paisagens bucólicas, cenário privilegiado desta minha recente passagem pelo norte de Portugal. «Paupers Field» acabou, assim, por ser o disco certo para a altura certa, mas o álbum de estreia de Dylan LeBlanc tem méritos adicionais. Da combinação perfeita entre o folk rock de Neil Young e a desordem emocional que permeia os territórios musicais de Lhasa de Sela, David Eugene Edwards e Van Morrison ao convívio melódico com os mui elogiados Fleet Foxes e os seus ascendentes Crosby Stills Nash & Young (CSNY). No entanto, são mesmo as canções de Dylan LeBlanc que mais encantam. Desafio à navegação: ouçam «Low», «If The Creek Don’t Rise» (tema que conta com a participação especial de Emmylou Harris), «Ain’t To Good At Loosing», «5th Avenue Bar» ou «Coyote Creek» e digam-me lá se Dylan LeBlanc não merece toda a nossa atenção?
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Quem, também, merece todo o nosso apoio é Alan Palomo e o seu projecto Neon Indian. Ainda assim, «Psychic Chasms», álbum que em 2009 encasquetou grande parte da imprensa especializada, continua a ser peça rara nas principais tascas da nossa capital. Questão, entretanto, resolvida com uma rápida e noctívaga visita a Guimarães. O frio e a chuva apontaram-me o caminho do Centro Comercial mais próximo e à saída, canções como «Deadbeat Summer» e «Should Have Taken Acid With You», desencobriam o sol e o calor do verão. «Psychic Chasms» é música estival com tempero Eighties e melodias capazes de estragar qualquer dieta, de tão doces que são. Exercícios synthpop nostálgicos que parecem construídos no sótão da casa de praia de Alan Palomo e que sabem a mel. A par do EP «Life Of Leisure», do projecto de Ernest Greene, Washed Out, «Psychic Chasms» é o melhor remédio para curar depressões pós-verão.
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Enquanto exploro as restantes propostas importadas do norte, deixo-vos o primeiro vídeo de Dylan LeBlanc, «If Time Was For Wasting».
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domingo, 10 de outubro de 2010

Crystal Castles | Baptism

O duo canadiano Crystal Castles, constituído por Alice Glass e Ethan Kath, está de regresso aos vídeos. «Baptism» é já o segundo tema a ser extraído do segundo álbum homónimo da banda.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Foals | Blue Blood

Ainda há poucos dias aqui mostrei o recente vídeo dos Foals para a excelente canção «2 Trees» e já a banda britânica está de regresso com novo vídeo. Desta feita o tema escolhido foi «Blue Blood», o quarto single a ser extraído de «Total Life Forever».

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

360º @ Coimbra

Se vos dissesse que era um fã incondicional dos U2, estaria a mentir. O meu entusiasmo pela música da banda irlandesa coincidiu com os anos 90 e o meu período teen. Foi com a edição de «Achtung Baby» (1991) que fui buscar o passado e sonhei o futuro dos U2. No entanto, o sonho perdeu-se perto do novo milénio. «All That You Can’t Leave Behind» (2000) quebrou o encanto e, desde então, a minha relação com a música de Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. vive em crise. O que me levou a Coimbra no passado dia 2 de Outubro? A vontade de evocar aquele sonho de adolescente, comemorar o mito e incluir o nome U2 no meu CV de concertos. De facto, e analisando as digressões dos irlandeses, este era mais um espectáculo a não perder («a must see»). Um grandioso concerto que, revelando-se à medida do mito U2, encontra na música da banda o combustível perfeito para incentivar estádios inteiros. Foi o que aconteceu no passado sábado, no esgotadíssimo estádio municipal de Coimbra, ou seja, os U2 subiam ao palco já vencedores para mais uma noite de espectáculo e comemoração. A introdução foi feita por David Bowie e a sua «Space Oddity». Holofotes ligados e bem direccionados para marcar a entrada em acção dos quatro protagonistas do serão conimbricense. Bono, com pose de popstar, enfeitiça o público e The Edge abre o livro na jam de abertura «Return Of The Stringray Guitar». Porém, o tema que marca verdadeiramente o início do concerto é «Beautiful Day», para a generalidade do público, e «I Will Follow» para mim. Seguem-se «Get On Your Boots», «Magnificent» (singles do mais recente trabalho «No Line On The Horizon») e «Mysterious Ways». Reentro, assim, no meu sonho U2 e rendo-me ao profissionalismo da banda e irrepreensível espectáculo da digressão 360º. Os sucessos sucedem-se («Elevation», «Until The End Of The World», «I Still Haven’t Found What I’m Looking For»), ouvimos duas canções novas (a minimal «North Star» e o provável single de sucesso «Mercy»). Passamos por «In A Little While» (Para quê???) e «Miss Sarajevo» (Oh Yeah!!!), com Bono a mostrar que tem ido às aulas de canto. Seguiram-se «City Of Blinding Lights» (escusada, pois já nos tinham oferecido «Magnificent»), «Vertigo» (idem, uma vez que «Elevation» deu para os gastos) e, revelando-se num dos momentos da noite, a versão funky jam live session de «I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight». A terminar, ouviram-se os clássicos «Sunday Bloody Sunday», «MLK» e «Walk On» (este último dedicado a Aung San Suu Kyi, a Nobel da Paz birmanesa que continua em prisão domiciliária). A banda despede-se para logo depois subir novamente ao palco com os obrigatórios «One» e «Where The Streets Have No Name». Novo encore e mais três canções inevitáveis: extraordinária a interpretação de «Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me» (a par de «Miss Sarajevo» e «Mysterious Ways», esta era outra das canções que mais desejava ouvir) e as deliciosas «With Or Without You» e «Moment Of Surrender». Os U2 confessaram-se rendidos ao público português e nós retribuímos na mesma moeda. Por isso, que venha mais um álbum e, principalmente, mais uma digressão pomposa que eu terei todo o gosto de marcar presença.

Quanto aos Interpol, foi pena a banda não ter usufruído das condições de som que os U2 apresentaram. Ainda assim, e com um alinhamento constituído por «Success», «Say Hello To The Angels», «Slow Hands», «Lights», «Summer Well», «PDA», «Obstacle 1», «Barricade», «Heinrich Maneuver» e «Evil» a prestação dos norte-americanos não deixou ninguém indiferente. Mas terão angariado novos fãs? Não me parece…