quinta-feira, 17 de abril de 2008

Viagens à tasca

Regresso às descontroladas viagens de fim-de-semana à tasca para falar de dois dos álbuns mais explorados no final de 2007: «The Flying Club Cup» de Zach «Beirut» Condon e «In Our Nature» do argentino vindo da Suécia José González.
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Zach Condon mostrou-se em 2006 com «Gulag Orkestar», um dos mais curiosos e admiráveis álbuns de estreia dos últimos anos. É certo que o trompete, uma das imagens de marca do seu projecto Beirut, aproxima-se das fanfarras da banda de Emir Kusturika. Porém, tanto a musicalidade como o «fresh feeling» nascido no sótão de Zach Condon conduzem-nos ao campeonato dos singer/songwritters que musicam os seus próprios desassossegos e esperanças em fantasias bucólicas. A folk surge de mão dada com a cultura da Europa de Leste; a voz é um misto de Rufus Wainwright e Tim Buckley; e o resultado é uma versão world music e mais consistente da envolvência de Sufjan Stevens. Pressupostos que transitaram de «Gulag Orkestar» para «The Flying Club Cup» e aos quais se adicionaram pitadas de chanson française e a mestria de Owen Pallett (a.k.a. Final Fantasy). As composições são agora mais dramáticas e teatrais. A pop continua a ser peculiar, é certo, mas as performances vocais de Condon e os arranjos de Pallett revelam uma nova e mais rica faceta da musicalidade Beirut. O exotismo de «Nantes» e «A Sunday Smile» (dois dos melhores temas do projecto) revelam-no. «Guyamas Sonora», «La Banlieue» e «Un Dernier Verre (Pour La Route)» introduzem-nos as aventuras de Condon ao piano, mas é a combinação do violino de Kristin Ferebee polido por Pallett, com o trompete, o ukulele e o acordeão de Condon que mais fascinam. No entanto, é, mais uma vez, a voz e a dramática teatralização de cada tema que exaltam a música e o espírito deste soberbo exercício pop world music. Ouçam-se, por exemplo, «Cliquot», «The Penalty», «Nantes» e, particularmente, a perfeita «A Sunday Smile». Estranho, mas familiar. Diferente, mas popular. Um autêntico mimo para os meus ouvidos. Pena a digressão pela Europa ter sido cancelada.
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Continuamos a pisar solo singer/songwritter para, desta vez, destacar o sueco (com ascendência argentina) José González. Depois da auspiciosa estreia com «Veneer» (originalmente editado em 2003 na Suécia, mas só disponibilizado internacionalmente em 2005), «In Our Nature» prossegue o equilíbrio e os intentos percussionistas demonstrados no debut. Munido com a sua guitarra acústica José González comprova a velha máxima do «less is more». Os recursos são escassos, é verdade, mas as melodias estão lá e o lirismo é certeiro. De uma forma muito diplomática dá voz a assuntos como a religião, a política e os problemas do dia-a-dia. Volta a atirar-se, com êxito, a originais pouco prováveis para as lides unplugged (depois do hit «Heartbeats», original dos conterrâneos The Knife, a escolha recaiu sobre «Teardrop», o clássico dos Massive Attack) e apresenta canções. Do início compassado e em crescendo com «How Long» ao calmo e envolvente fecho com «Cycling Trivialities» passam pouco mais de trinta minutos intensos e cristalinos. Por várias vezes sentimos a presença de Nick Drake (ouça-se, por exemplo, «Killing For Love»), mas a luz e a vitalidade de José González (confira-se o samba acústico de «Down The Line») logo nos traz para a realidade. E que realidade. Dados para conferir no próximo dia 29 de Abril na Aula Magna.
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Para terminar deixo um vídeo da mais recente passagem de Beirut pelo programa de Jools Holland. O tema escolhido é o soberbo «A Sunday Smile».

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Madonna feat. Justin Timberlake & Timbaland | 4 Minutes

«Hard Candy», o novo álbum de Madonna, chegará às lojas só a 28 de Abril. Enquanto não nos é possível ouvir o disco na integra, fica o vídeo de «4 Minutes», single de apresentação que conta com a colaboração da dupla Timbaland & Timberlake.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Animal Collective | Water Curses

Já podemos ver e ouvir «Water Curses», tema título do novo EP dos norte-americanos Animal Collective. O disco, com edição marcada para a primeira semana de Maio, é composto por mais três temas («Street Flash», «Cobwebs» e «Seal Eyeing»). Por enquanto fica o vídeo, realizado por Andrew Kuo, de mais uma divagação sonora dos Animal Collective.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Foi uma noite bonita!

Há dias deparei-me com um artigo, nessas «revistecas» de fim-de-semana, em que se afirmava que David Fonseca estava a um pequeno passo de fazer tudo o que quisesse (em termos artísticos, entenda-se). Isto não só por tudo o que já fez e conquistou, mas também pela posição que ocupa no actual panorama da música portuguesa. Segundo as palavras do próprio David Fonseca, a editora dá-lhe livre-trânsito para criar e explorar (em termos musicais e audiovisuais, realizando inclusive os seus próprios vídeos). Sem prazos e sem stress, David Fonseca tem demonstrado ser o «artista dos sete ofícios», que continua a esgotar salas de espectáculo e a vender discos «que nem ginjas». Por tudo isso e muito mais, a azáfama e alguma histeria que se assistiu no passado dia 12 de Abril num Coliseu de Lisboa esgotadíssimo não me surpreendeu por aí além. O alinhamento, muito parecido com a set list da sua recente actuação em Sintra, centrou-se em «Dreams In Colour», o mais recente e melhor registo do músico até à data. No entanto, os Mariachis, as inúmeras versões e os momentos de stand-up comedy ficam sempre bem e, utilizando as palavras de David Fonseca: «Foi uma noite bonita!». Perdoou-se a quase réplica dos restantes espectáculos de «Dreams In Colour», ninguém ligou à falha do megafone em «Silent Void» e todos celebraram a pop colorida de «Dreams In Colour».
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Do começo acelerado e entusiasta com «4th Chance» e «Our Hearts Will Beat As One» passou-se a momentos mais serenos com «Song To The Siren» (original de Tim Buckley) e «Who Are U?», para logo depois se assistir a uma animada comunhão com o assobio de «Superstars II». «Kiss Me, Oh Kiss Me» (antecedida por uma curta revisitação a «Still Loving You» dos Scorpions), «Someone That Cannot Love» e «Hold Still» (com a colaboração de Rita Redshoes nas vozes) entusiasmou o público e por momentos ouvir a voz de David Fonseca tornou-se uma tarefa difícil. Após «Rocket Man» surgiu a primeira grande surpresa da noite: ouviu-se o «esqueleto» de um inédito, intitulado, à pressa, de «Orange Tree». Finda a primeira parte do espectáculo, surge novo vídeo nos ecrãs do coliseu, o palco aumenta e, para gáudio dos melómanos, David Fonseca surge «perto das estrelas» para recordar «Space Oddity» de David Bowie. Sucedem-se «I See The World Through You» e «This Raging Light» que traz consigo bailarinos em exercícios mais habituais no Passerelle. «The 80’s», misturado com «Video Killed The Radio Star» (original dos The Buggles), conduziu o público a um autêntico estado de euforia que só «Adeus, Não Afastes Os Teus Olhos Dos Meus» conseguiu acalmar. As luzes apagaram, mas o público, sedento por mais, não arredou pé. David Fonseca regressou, ao piano, para aventurar-se na pop «pastilha elástica» que percorre as playlists das rádios: em forma de medley apresentou «Wannabe» (Spice Girls), «Toxic» (Britney Spears), «Maneater» (Nelly Furtado), «Can't Get You Out of My Head» (Kylie Minogue) e «Umbrella» (Rihanna); faltou só «My Sharona» (dos The Knack). Em contagem decrescente recuperou «Angel Song» dos dias dos Silence 4 (a primeira canção composta por David Fonseca); apostou em «All Day And All Of The Night», dos The Kinks, e após mais uma pequena paragem, regressou ao palco de pijama e deitado numa cama para nos oferecer «Dreams In Colour». Já em forma de sonho musicado voltou às covers com «Together In Electric Dreams» (original de Philip Oakey) e «A Little Respect» (versão dos Silence 4 para original dos Erasure). Resumindo: «Foi uma noite bonita!»

sexta-feira, 11 de abril de 2008

The Last Shadow Puppets | The Age Of The Understatement

Os The Last Shadow Puppets são Alex Turnes, dos Arctic Monkeys, e Miles Kane, dos The Rascals. «The Age Of The Understatement» é o título do primeiro álbum do duo e do respectivo single de apresentação. Tema que em pouco mais de três minutos recupera a tensão 007, a pop mais clássica dos The Beatles e a urgência «western-apocalypse» dos Muse. O disco, que conta com as participações do produtor e baterista James Ford e Owen Pallett (a.k.a. Final Fantasy), chega às lojas a 21 de Abril.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Editors no Campo Pequeno

Depois de na passada semana ter presenciado uma autêntica noite mágica com os Portishead, a pujança, os proveitosos riffs de guitarra e o apurado sentido pop dos Editors revelaram-se extremamente eficazes para a descompressão pós Portishead. Já tive a oportunidade de aqui transmitir a minha total admiração por «The Back Room» e alguma desilusão por «An End Has A Start». Se o primeiro recupera as lúgubres atmosferas dos Joy Division, o segundo parece corrompido pela produção limpinha e grandiosos momentos à Coldplay. Transpostos para concerto, ambos os álbuns dos Editors mostram-se urgentes e capazes de não deixar ninguém indiferente. A banda é muito boa ao vivo. Os riffs da guitarra de Chris Urbanowicz continuam a desempenhar o papel principal e a voz cavernosa de Tom Smith é a imagem de marca. Todavia, os maneirismos adoptados por Tom Smith a Chris Martin são perfeitamente desnecessários.

Após um início relativamente calmo, ao som de «Camera», a sequência «An End Has A Start», «Blood» e «Bullets» logo agitaram as hostes. O recinto não esgotou, é certo, mas tanto a plateia como as bancadas não se cansaram de saltar, cantarolar e incentivar a banda britânica. Pelo palco do Campo Pequeno passaram os grandes singles (destaques para «Munich», «Bullets», «All Sparks», «Blood» e «The Racing Rats»); temas que não são singles por mero acaso («Fingers In The Factories», «Lights», «Camera», «Bones» e «Escape The Nest»); e alguns lados b, dos quais destaco a valente interpretação de «Lullaby», clássico dos conterrâneos The Cure. «Smokers Outside The Hospital Doors» fechou mais uma proveitosa noite de música na capital portuguesa que, no meu caso, teve o agradável patrocínio da Antena 3 (um muito obrigado aos Editors e à Antena 3).
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A fechar deixo uma gravação ao vivo de «Lullaby», mais uma cover a passar por aqui.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Kaney West feat. Chris Martin | Homeconing

O norte-americano Kaney West já escolheu e já rodou o vídeo promocional para o novo single de «Graduation», o seu terceiro álbum de originais. «Homecoming», sucede a «Can't Tell Me Nothing», «Stronger», «Good Life» e «Flashing Lights». O tema conta com a participação especial de Chris Martin, dos britânicos Coldplay, e o resultado é tão relaxante como um regresso a casa após mais um árduo dia de trabalho.