segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Viagens à tasca

Como não há duas sem três, voltamos à tasca da margem sul para repescar «Kill The Moonlight» dos Spoon e «Strawberry Jam» dos Animal Collective, uma das grandes obras de 2007.
.
Já aqui expressei a minha admiração por Britt Daniel e os seus Spoon. Também já tive a oportunidade de referir que neste ano de 2007 decidi apostar um pouco mais no colectivo texano. Depois do deleite com «Ga Ga Ga Ga Ga», à primeira oportunidade e em troca de alguns euros, «Kill The Moonlight» ganhou corpo e lá apagámos os MP3 do computador. Editado em 2002, «Kill The Moonlight» é o quarto e um dos melhores álbuns dos Spoon. Composto por doze potenciais singles, Britt Daniel e companhia apresentam uma sonoridade fresca e deveras sedutora. «Small Stakes» e «The Way We Get By» (tema que «comercializou» a banda) é rock inteligente e cheio de «nervo»; «Paper Tiger» e «Back To The Life» são pop elegante e sinistra mas bem intencionada; o falsete de Daniel em «Something To Look Forward To», o swing despretensioso de «All The Pretty Girls Go To The City» e o apontamento beatbox de Daniel em «Stay Don’t Go» são momentos de puro encanto. Pelo meio ainda há espaço para momentos Pixies (ouça-se «Jonathon Fisk» e «You Gotta Feel It») e, a fechar, «Vittorio E.» numa pequena e etérea anotação de Britt Daniel. Trinta e cinco minutos de muito boa música em mais um álbum de excepção dos norte-americanos Spoon.
.
Aquando do presente tropeção, os Animal Collective tinham acabado de editar «Strawberry Jam» (para ver, caro amigo, o quão atrasadas andam estas minhas divagações bloguistas). Após a minha (recente) descoberta e fascínio pelo universo paralelo Animal Collective, das amostras sucessivas que iam surgindo no YouTube à rendição perante «Person Pitch» de Panda Bear, «Strawberry Jam» era aguardado com grande ansiedade. Posição não isenta de risco, diga-se de passagem, pois quando as expectativas são altas o resultado é quase sempre diminuto. No entanto, Avey Tare, Panda Bear, Geologist e Deakin deram bem conta do recado e «Strawberry Jam» resultou num dos grandes trabalhos de 2007 (a par de «Person Pitch»). Os ambientes esquizóides regressam em força, as vocalizações únicas e extravagantes de Avey Tare estão no seu auge (ouça-se, por exemplo, «For Reverend Green») e as canções (agora sim podemos afirmar que existem canções dos Animal Colective) são o resultado perfeito de exercícios anteriores. Todavia, «Strawberry Jam», tal como qualquer outro trabalho dos Animal Collective, não é de fácil audição. Para o ouvinte habituado à construção estrofe / ponte / refrão / estrofe, esqueça «Strawberry Jam». Aliás, esqueça que alguma vez existiram os Animal Collective. Contudo, para os conhecedores deste mundo, nas agradáveis «irregularidades» sonoras de «Strawberry Jam» surge um leve romantismo, até agora desconhecido na sonoridade da banda. «Fireworks», um dos momentos mais bem conseguidos na carreira do colectivo norte-americano, é o exemplo máximo desse mesmo enfeitiço. «Cuckoo Cuckoo» e «#1» são etéreos e perfeitos para qualquer sonhador. «Peacebone» é uma mescla de sons e ambiências que culminam num rebuçado delicioso. «Chores» podia muito bem figurar na banda sonora de um filme de Emir Kusturika. «Unsolved Mysteries» é, tal como o título indica, misterioso e «Derek», a fechar, é a parada militar deste colectivo animal, é certo, mas domesticado…
.
Para finalizar deixo «Fireworks» dos Animal Collective, uma das canções que marcaram o ano de 2007.
.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Viagens à tasca

Rapidamente a minha obcecação tasqueira reactivou e após novo fim-de-semana, nova escorregadela (no orçamento). A culpa é da tasca da margem sul! De uma assentada perfiz a discografia, em termos de álbuns originais, do «eterno adolescente mais maduro da América» Conor Oberst a.k.a. Bright Eyes e dos já sólidos The National.
.
Comecemos pelos The National (na minha opinião, os grandes vencedores da corrida ao melhor álbum de 2007, com o sublime «Boxer»). Na colecção de CDs originais lá de casa estavam em falta «Sad Songs For Dirty Lovers» (2003) e «Alligator» (2005). Como é da praxe, e após se tornarem na mais recente dependência auditiva, há que ter os discos em formato original. «Sad Songs For Dirty Lovers», segundo álbum na carreira do colectivo norte-americano, é mais um exemplo revelador da discutível opção gráfica patenteada nas capas dos discos dos The National e do apurado sentido melodioso da banda. A música (o que realmente interessa aqui) é afectiva e harmoniosa. «Cardinal Song», a abrir, dá-nos uma perfeita visão americana dos Tindersticks, com o canadiano Owen Pallett a.k.a. Final Fantasy à mistura. «Slipping Husband» revela uns The National mais mexidos, mais pop, mais radio-friendly, mais senhores de si mesmo (com direito a berraria e tudo). «90-Mile Water Wall», o melhor dos doze temas aqui apresentados, é doce e etéreo, dando indícios do que se seguiria com «Alligator» e «Boxer». «Thirsty» mantém os ambientes serenos e melódicos e «Available» é acelerada e forte, com portentosos riffs que mais tarde fariam mossa nos Editors. No entanto, «Murder Me Rachel» é exercício indie rock que se desenquadra um pouco da musicalidade dos The National. «Sugar Wife», «Throphy Wife» e «Patterns of Fairytales» parecem exercícios inacabados, não se sabendo ao certo qual o rumo desejado. E «Lucky You» fecha as hostilidades em mais um exercício competente, não passando daí. Desequilibrado este «Sad Songs For Dirty Lovers», mas depois de «Boxer» tudo é perdoado e tudo acaba por soar suave e doce.
.
Mudamos de disco e aos primeiros acordes de «Alligator» percebemos que algo mudou nos The National. A música é agora ainda mais envolvente. Ouvimos uma banda mais madura. «I had a secret meeting in the basement of my brain», canta Matt Berninger em «Secret Meeting» (tema de abertura) e nós imaginamos que foi esta autêntica auto-descoberta a razão para este passo de gigante. Se anteriormente os The National se evidenciavam, a espaços, pelo sentido melódico de um Leonard Cohen e/ou Tindersticks, agora juntam-lhes temperos Joy Division (ouça-se «Lit Up» e «Abel»), acidez Nick CaveKaren»), bálsamos Rosie ThomasDaughters Of The Soho Riots»), aromas WilcoVal Jester») e momentos de pura magia que misturam orquestrações Disney com atmosferas dream indie popThe Geese of Beverly Road» e «City Middle»). «Alligator», depois de dois álbuns e um E.P. (já aqui documentados), marca a estreia pela histórica Beggars Banquet e o apurar da linguagem The National, no primeiro grande álbum deste colectivo sediado em Nova Iorque.
.
Continuamos na América do Norte, mais precisamente no sempre bem vindo estado do Nebraska, para destacarmos Conor Oberst e os seus Bright Eyes. Desde muito cedo que Oberst se revelou um autêntico compositor compulsivo. Aos catorze anos já compunha e editava discos, resultado dos seus vários projectos musicais, desde os Norman Bailer (mais tarde conhecidos como The Faint) aos Commander Venus. Produto dos anos 80, Oberst cresceu a ouvir Nirvana, Rage Against The Machine, Soundgarden e afins. O grunge sente-se nas entrelinhas da sua música. «A Collection of Songs Written and Recorded 1995-1997» foi o primeiro testemunho de Oberst enquanto Bright Eyes. Tal como o próprio nome o denúncia, o disco é uma colecção de temas escritos e gravados entre 1995 e 1997. Registada no sótão de Conor Oberts e num gravador de 4-pistas, esta compilação de vinte excertos musicais acaba por não ser tão fascinante como os restantes exercícios Bright Eyes. De facto, descobrimos verdadeiros desatinos inenarráveis para qualquer um («Solid Jackson» e «Supriya» são bons exemplos disso mesmo). No entanto, lá encontramos, também, o fantasma de Kurt Cobain em versão caseira (ouça-se «Saturday as Usual»); damos de caras com Mark Linkous e os seus delicados SparklehorsePatient Hope In New Show» e «Falling Out Of Love At This Volume»); conhecemos outros devaneios electrónicos e mais pessoais de Conor Oberst («The Invisible Gardener» e «Driving Fast Through A Big City At Night»); e comprovamos a excelência da composição de Oberst («The Awful Sweetness Of Escaping Sweet», «I Watched You Taking Off», «Lila», «The ‘Feel Good’ Revolution», etc.). Compilação irregular, é certo, mas extremamente valiosa para os seguidores dos Bright Eyes.
.
Seguimos viagem (cronológica) até ao E.P. «Every Day And Every Night», de 1999. Editado logo após o enigmático «Letting Off The Happiness», «Every Day And Every Night» parece-se já com um conjunto de canções escritas e registadas com um propósito comum: editar uma colecção de canções embebidas na folk, no alternative country e, fundamentalmente, na pop. O timbre de voz de Conor Oberst deambula entre os delírios de Gordon Gano (Violent Femmes) e Robert Smith (The Cure). Se «A Perfect Sonnet», o melhor tema das cinco canções aqui apresentadas, se distingue pelo crescendo emocional, «A New Arrangement» recorre a melodias Nick Drake para uma autêntica prece musical, renovada em «Neely O’Hara». «A Line Allows Progress, A Circle Does Not» junta ensinamentos Adam Kasper aos primeiros momentos folk de Bruce Springsteen. Outra pérola para os fãs dos Bright Eyes.
.
A última paragem desta visita tasqueira recupera o ano de 2002 e o álbum «Lifted, Or, The Story Is In The Soil, Keep Your Ear To The Ground». Após «Letting Off The Happiness» e «Fevers And Mirrors», o resultado final do terceiro trabalho dos Bright Eyes não é nada convincente para quem ansiava por algo totalmente diferente/novo. Tudo o que aqui se encontra já se havia saboreado anteriormente. Desde o swing acústico do colectivo à berraria estridente e o apurado lirismo de Conor Oberts, passando pela folk embriagada e a pop esquizóide do Nebraska. Todavia, e após várias audições denotamos uma maior sensibilidade de Conor Oberts para a melodia. Encontramos igualmente instrumentações de sopro e mais composições de cordas capazes de nos hipnotizar. «Lover I Don't Have To Love», «Bowl Of Oranges», «Nothing Gets Crossed Out», «False Advertising» e «Don’t Know When But A Day Is Gonna Come» são algumas das melhores canções dos Bright Eyes. Contudo, «When The President Talks To God», momento crucial para a difusão e popularização da carreira dos Bright Eyes, ainda estava longe, estando em 2002 o culto Bright Eyes reservado a sortudos «happy few».
.
Para rematar sugiro a famosa actuação de Conor Oberst, enquanto Bright Eyes, no programa de Jay Leno interpretando «When The President Talks To God».
.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Prendinha de Natal

Os norte-americanos Okkervil River, rapazes que baralharam por completo as famosas listas «best of» de final do ano com o épico «The Stage Names», estão de regresso com um E.P. composto por oito covers e um original. «Golden Opportunities Mixtape» está disponível de forma gratuita no sítio electrónico da banda texana. As gravações live dos nove temas foram registadas nos quatro cantos do mundo e os nomes revisitados vão de Serge Gainsbourg a John Cale, e de Joni Mitchel a Randy Newman... Quanto ao original, «Listening To Otis Redding At Home During Christmas», é tudo menos uma canção de natal. Porém, «Golden Opportunities Mixtape» é um verdadeiro presente de natal antecipado. A fechar fica o vídeo para «Our Life Is Not A Movie Or Maybe» de «The Stage Names».

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

The Kills | U R A Fever

Os The Kills, uma das duplas mais excitantes do indie rock, preparam-se para editar «Midnight Boom», terceiro álbum de originais. Depois do E.P. «Black Rooster» e dos dois bons álbuns iniciais («Keep On Your Mean Side» e «No Wow»), Alison "VV" Mosshart e Jamie "Hotel" Hince voltam a andar de blogue em blogue para apresentar o primeiro avanço de «Midnight Boom». «U R A Fever» revela, uma vez mais, as influências de PJ Harvey e Primal Scream. Enquanto o disco não chega (edição prevista para Março de 2008), fica o vídeo para abrir o apetite.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sons & Daughters | Gilt Complex

Os Sons & Daughters chegam de Glasgow e são o resultado de uma ideia de Adele Bethel (vocalista). Até à data já gravaram dois álbuns e uma mão cheia de singles. Preparam-se para editar, já em Janeiro de 2008, «This Gift». «Gilt Complex» e «Darling» são as suas primeiras amostras e, uma vez mais, mostram a junção da eficácia punk de uns Yeah Yeah Yeahs e a pujança Death From Above 1979. Por aqui e em repeat contínuo roda «Gilt Complex».

sábado, 8 de dezembro de 2007

Viagens à tasca

Após se registar (apenas) mais um trabalho do norte-americano Ben Harper a minha procura coincidiu com as curvas de oferta de «Colossal Youth & Collected Works» dos fulminantes Young Marble Giants e «Ga Ga Ga Ga Ga» dos Spoon.
.
«Colossal Youth» é um daqueles álbuns que me habituei a ver em listas dos mais qualquer coisa. De disco fundamental na era pós punk a um dos mais emblemáticos trabalhos na evolução natural do rock, os Young Marble Giants são um excelente exemplo da velha máxima «keep it simple». O minimalismo é a alma do negócio deste grupo galês, formado em Novembro de 1978 pelos irmãos Stuart e Philip Moxham e Alison Statton. Construções simples dos irmãos Moxham embaladas pela postura «naïve» e despreocupada de Ms. Statton. Foi esse o «modus operandi» seguido pelo colectivo e a principal razão para a aclamação em finais de ’70 e início dos anos ’80 e para o meu contínuo fascínio em pleno século XXI. Por mais anos que passem, «Colossal Youth» soará sempre a actual, continuando a influenciar a maior parte das bandas contemporâneas. Em pouco mais de quarenta minutos ficamos a conhecer o ADN musical do melhor dos Pixies (apesar de até lhes encontrar alguma piada, continuo a pensar que são uma das bandas mais sobrevalorizadas da história da música pop); percebemos as boas referências dadas por Kurt Cobain e Peter Buck; compreendemos algumas interpretações de temas Young Marble Giants por parte de outras bandas («Credit In The Straight World», por exemplo, é revisitado pelo grupo Hole, de Courtney Love); e depreendemos referências em outros campeonatos, caso da adopção do título do álbum para a versão internacional de «Juventude em Marcha» de Pedro Costa. Por tudo isto e muito mais, a atenta editora Domino decidiu recuperar o catálogo Young Marble Giants e numa autêntica edição deluxe lançou para os escaparates uma reedição tripla de «Colossal Youth». Ao álbum original foram adicionados os temas que integravam o single «Final Day» (editado em Junho de 1980), o E.P. «Testcard» (Março de 1981) e a compilação de demos «Salad Days» (de 2000). Mais uma vez a simplicidade marca pontos e mesmo que a grande parte das peças apresentadas não se assemelhe em nada ao formato canção, vislumbramos aqui e ali primorosos momentos pop que nunca perderão a sua vertente neopunk. No terceiro e derradeiro disco deparamo-nos com a gravação (de 1980) das famosas e saudosas «John Peel Sessions». Razões mais que suficientes para nos embrenharmos e embebedarmos ao som Young Marble Giants.
.
Chegamos a «Ga Ga Ga Ga Ga» mas (e eu sei que é difícil) não nos engasguemos. Os Spoon já por cá andam há muito e julgo que não têm nada a provar. Britt Daniel é simplesmente um dos génios indie norte-americanos. Lá por casa os MP3 são mais que muitos e por variadíssimas razões neste ano de 2007 decidi apostar de uma forma mais concreta nesta banda de Austin (Texas) e vai daí gastei mais alguns euros num dos segredos mais bem guardados do indie rock contemporâneo. Formados em 1993, o primeiro LP surgiu só em 1996 («Telephono») mas o reconhecimento geral só chegou ao quarto ensaio, com «Kill The Moonlight» (de 2002). Na altura o single «The Way We Get By» obteve alguma exposição mediática, chegando a ser incluído na série «The O.C.» e em alguns outros filmes. Porém, foram «Stay Don’t Go» e «All The Pretty Girls Go To The City» que mostraram uma banda em quase estado de graça. Antes deste magnífico «Ga Ga Ga Ga Ga», os Spoon ainda se mostraram em «Gimme Fiction» (2005), álbum que incluía «I Turn My Camera On», «The Two Sides Of Monsieur Valentine» e «Sister Jack». Ora bem, «Ga Ga Ga Ga Ga» é cumulativamente um dos melhores álbuns da carreira dos Spoon e deste ano 2007. Musicalmente os Spoon poderão ser classificados como o resultado da soma folk dos Wilco, à intuição Tom Waits e à experimentação que fez história nos The Flaming Lips. «Ga Ga Ga Ga Ga» é o aperfeiçoamento dessa adição. «Don’t Make Me A Target» revela os belgas dEUS às voltas com o período «pseudojazz» de Tom Waits. A etérea «The Ghost Of You Lingers» atira os nossos problemas para trás das costas e liberta-nos do stress citadino. «You Got Yr. Cherry Bomb» inicia-se ao som dos britânicos Doves para lhe misturar pitadas Pulp num belo momento dark pop. «Don’t You Evah» pega no ritmo de «All The Pretty Girls Go To The City» e condimenta-o ao som de Beck Hansen. «Rhythm And Soul», e tal como o próprio título indica, é uma canção cheia de ritmo e alma. «The Underdog» abraça a faceta mariachi dos Calexico para libertar efusivos «Yeah!». «Finer Feelings» é a versão mais radio-friendly de Britt Daniel e companhia e «Black Like Me» recupera as construções «beatlescas» do saudoso Elliott Smith. Tudo em trinta e seis minutos de pura magia e encanto Spoon. Como extra ainda nos é oferecido o CD Bónus «Get Nice!» que compila doze faixas adicionais em vinte e três minutos de demos e divagações sonoras. «Ga Ga Ga Ga Ga» é assim mais um clássico para este ano 2007.
.
Como aperitivo de mais uma viagem às tascas fica o vídeo de «The Underdog», dos Spoon.
.

The White Stripes | Conquest

Continuamos com as novidades audiovisuais para assinalar a mais recente aventura de Meg & Jack White. «Conquest», terceiro single a ser extraído de «Icky Thump», é uma das muitas covers que os The White Stripes se habituaram a incluir nos seus trabalhos. Escrita por Corky Robbins e popularizada por Patti Page em 1950, «Conquest» surge aqui em estilo mariachi, revelando-se uma das grandes canções de «Icky Thump» e um dos mais divertidos vídeos deste final de ano (realização a cargo de Diane Martel).

The Killers | Shadowplay

Os The Killers, que editaram há poucas semanas «Sawdust» (compilação de «lados-b» e raridades), estão de regresso aos vídeos. Apanhando a boleia de «Control», biopic realizado pelo fotografo Anton Corbijn e centrado na figura emblemática de Ian Curtis, a banda norte-americana regista em formato audiovisual a espantosa interpretação de «Shadowplay» (original dos Joy Division), tema incluído na banda sonora de «Control».
.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

The Dodos | Fools

Numa das habituais consultas bloguistas matinais lá descobrimos o duo norte-americano The Dodos. Meric Long (voz e guitarra) e Logan Kroeber (bateria) chegam de São Francisco e deram-se a conhecer em Março de 2006 com o debut EP «Dodo Bird». «Beware of the Maniacs», álbum de estreia, foi lançado há um ano e, nas entrelinhas dos sons disponíveis via Internet, ouvem-se influências várias como Animal Collective, Neutral Milk Hotel, The Shins e The Flaming Lips. Fica o vídeo de «Fools», um autêntico rebuçado para o fim-de-semana.
.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Viagens à tasca

Após nos termos perdido na margem sul, a visita tasqueira seguinte foi a meio da semana. Não sei se já tive a oportunidade de referir, mas o meu local de trabalho fica a escassos metros de um dos grandes «traficantes» musicais, o El Corte Ingles. Ben Harper e a mais recente aposta «Lifeline», numa apetitosa edição especial, acabou por servir de sobremesa do almoço de 4.ª feira.
.
Note-se que já faz algum tempo que Ben Harper nos vem dando música amorfa. Não fosse a experiência passageira com os veteranos The Blind Boys Of Alabama no magnífico «There Will Be A Light», de 2004, e teríamos de recuar a 1999 para ouvir um disco digno de registo na discografia de Ben Harper. É certo que só depois de «Burn To Shine» é que o culto Ben Harper se massificou. «Live From Mars» e a excessiva difusão da cover «Sexual Healing» (original de Marvin Gaye) acabaram por revelar um segredo que até à data se cingia a alguns «happy few». Resultado? Ben Harper passa de uma discreta Aula Magna para um grandioso Pavilhão Atlântico, com o aborrecido Jack Johnson à sua ilharga. É claro que para Ben Harper o resultado não poderia ser melhor, mas para os fiéis seguidores do compositor de «Waiting On An Angel», «I’ll Rise», «Fight For Your Mind», «Burn One Down», «Excuse Me Mr.», «Oppression», «Jah Work», «Please Bleed», algo se perdeu no caminho do sucesso. Porém, como sou um bocado teimoso, após o aceitável «Both Sides Of The Gun» (com especial destaque para «Morning Yearning»), lá dei mais uma oportunidade a Ben Harper. Conclusão? «Lifeline», apesar de transmitir uma leve sensação de monotonia, evidencia uma banda confiante e genuína no que faz. Gravado em Paris, em apenas sete dias, «Lifeline» tem a vantagem de captar Ben Harper e os companheiros Innocent Criminals despidos de quaisquer produções adicionais. As canções poderiam ser melhores pois Ben Harper já demonstrou que o pode fazer. Contudo, o gospel de «Say You Will», o funky-reggae de «In The Colors», a tranquilidade de «Having Wings» ou a serena batalha de «Fight Outta You» não deixam ninguém ficar mal visto. Registe-se o mérito de Ben Harper em gravar um disco como «Lifeline» e destaque-se a versão especial do disco, a qual inclui um DVD (com o registo audiovisual dos 11 temas que compõem «Lifeline») e um libreto com algumas fotos também documentadas no estúdio onde o álbum foi gravado.

Como aperitivo deixo «Fight Outta You», um dos melhores temas de «Lifeline».

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Regresso morno de Josh Rouse a Lisboa

Há muito que ansiava ver e ouvir ao vivo o norte-americano Josh Rouse. Nas últimas passagens por Lisboa, por uma ou outra razão, não pude estar presente. Dessa forma, logo que se anunciou novo espectáculo de uma das vozes mais doces da pop actual não pensei duas vezes. «Country Mouse City House», álbum de 2007, foi o mote para mais uma visita. O disco, já aqui apresentado, continua a mostrar um compositor a viver dos rendimentos de «Under Cold Blue Stars» e «1972» (as obras-primas de Rouse). Ainda assim, e apesar dos últimos registos não terem atingido o patamar dos supracitados trabalhos, a Aula Magna estava praticamente cheia e o público mostrou um carinho muito especial pelo «cantautor». «Hollywood Bass Player» abriu as hostilidades de uma noite morna, centrada em «Country Mouse City House», «Subtítulo» e «Nashville». Josh Rouse, a meio da actuação, lá confessou estar adoentado há ¾ dias, mas logo adiantou que não gostava de se lamentar e «Feeling No Pain» surgiu para acalentar ainda mais os corações dos presentes. «Comeback (Light Therapy)» aqueceu ainda mais o recinto e «1972», já em fase de descompressão, provou que o segredo de todo o encanto em Josh Rouse está nas entrelinhas de «1972», o álbum de 2003. Pelo meio ouviram-se demasiados temas de «Nashville» e «Subtítulo». Nada que desiludisse os presentes, pois para além da frieza demonstrada por Josh Rouse até o «sound check» realizado durante os primeiros três temas foi perdoado. Temas como «Caroliña», «It Looks Like Love», «It’s The Nighttime», «My Love Has Gone», «Quiet Town», «Why Won’t You Tell Me What» e «Love Vibration» (em forma de despedida festiva) encheram o palco e os espíritos dos seguidores portugueses deste «singer-songwritter» de excepção.

Na primeira parte esteve o argentino Federico Aubele que apresentou a sua mais recente proposta «Panamerica». Agradável concerto que revelou o potencial de Federico em construir delicados ambientes temáticos, mais que canções propriamente ditas, ao contrário de Rouse.
.
Como autêntico souvenir Josh Rouse disponibilizou «Country Mouse Companion», uma preciosa compilação de temas gravados ao vivo em casa e/ou em estúdio de algumas das composições que fazem parte de «Country Mouse City House» e que acompanham Josh Rouse na digressão que passou por Portugal na semana passada. Nada de extraordinário para a discografia de Josh Rouse, mas para quem segue de perto os passos de Rouse «Country Mouse Companion» acaba por ser uma relíquia interdita nas tascas de todo o mundo. Destaque para as demos registadas em casa de «Hollywood Bass Player» e «London Bridges» a gravação live in studio de «It Looks Like Love» e raridades como «Kuzbass» (escrita em conjunto com David Kominsky), «Start Again» (tema escrito para «Music And Lyrics» mas que acabou por surgir na versão digital da compilação «All-Star Charity CD Serve2: Fighting Hunger And Poverty») e «I Wish We Had».
.
Em forma de despedida fica o fecho do concerto de dia 26 de Novembro, ao som de «Love Vibration».