sábado, 31 de março de 2012

Belle & Sebastian | Crash

É já a segunda vez que os escoceses Belle and Sebastian são convidados para confeccionarem uma compilação da série Late Night Tales. Se no primeiro volume, editado em Fevereiro de 2006, a banda surpreendeu com uma versão de «Casaco Marrom» (original da brasileira Evinha), desta vez  os músicos decidiram gravar uma cover de «Crash», o sucesso de 1988 dos britânicos The Primitives. Nota final para o admirável vídeo promocional, o qual foi criado por Stephen Tolfrey.

Só Mais Um Começo



"O Manel Cruz não sabe fazer coisas más", comenta alguém no final do concerto de apresentação dos SuperNada, o outro projecto do músico formado em 2002 com Ruca Lacerda (guitarra), Francisco Fonseca (bateria), Miguel Ramos (baixo) e Eurico Amorim (teclas). Volvidos dez anos, os quais foram atestados pelos episódios Pluto e Foge Foge Bandido, Manel Cruz e companheiros do "super nada" reúnem as várias experiências que foram registando entre 2006 e 2011 e editam «Nada é Possível», disco de estreia composto por dezasseis temas de um rock duro e mais directo (ouçam-se «Pai Natal», «A Estética da Ética», «Anedota», «Letras Loucas» ou mesmo «Perigo de Explosão» e o tema de apresentação «Arte Quis Ser Vida»). Ainda assim, os SuperNada são um misto do "punk moda funk" de «Cão», o som mais cru e duro dos Pluto e o conceito mais jazzístico da demente correria Foge Foge Bandido. Tudo muito bem condimentado pelo carisma de Manel Cruz e pelos riffs portentosos de Ruca Lacerda (para quem não se recorda, o baterista nos Pluto). Portanto, a noite foi dominada por canções. Canções mais directas e, também, mais angulosas. Momentos que agradaram, confirmando a mestria de Manel Cruz no papel de letrista, vocalista e líder de uma banda rock, e baralharam quanto ao que poderá ainda vir deste outro grupo de Manel Cruz, que de nada não tem nada.

sábado, 24 de março de 2012

Ai se eu te pego...



Podia 2012 ser o mesmo sem a música das Pega Monstro? Poder, podia, mas não era a mesma coisa. O duo, formado pelas irmãs Maria e Júlia Reis, surgiu de rompante e sem pedir licença, com a atitude certa e na melhor altura. Uma guitarra, uma bateria e muita conversa de rua («há gajas que gostam de levar na boca», em «Dom Docas»). Tudo gravado num 4 pistas por B Fachada (o Tio B para as manas Reis). Espontaneidade e urgência que nos estavam a fazer falta. Música directa e sem vergonha. Canções sujas e estridentes que se aproximam de Kurt Cobain, Pixies e Vivian Girls. Electricidade crua e melodias incríveis que parecem de fácil composição. «Pega Monstro», sucessor do EP de 2011 «O Juno-60 Nunca Teve Fita», é já um fenómeno da música portuguesa. Um produto que foi crescendo à boleia do “passa a palavra” e do hype em torno da novidade e excitação que foi ouvir cantar «hoje em dia tudo faz tão mal / não comas carne, peixe ou vegetal / porque nada faz bem / porque nada faz bem / porque nada faz bem», em «Carocho», ou mesmo, «eu já não quero ir ao cinema / cheira a pipoca (…) eu já não quero ir mais à escola / é sempre a mesma merda», em «Akon». Linguagem punk rock que percorre tudo o que há em «Pega Monstro», afamando o feito das irmãs Reis e da editora Cafetra em colocar na rua um disco que todos gostaríamos de ter escrito ou ajudado a criar.

Lana Del Rey | Blue Jeans


Lana Del Rey decidiu repescar «Blue Jeans», uma das melhores canções do seu álbum de estreia «Born To Die», para lhe dar um novo vídeo. A realização ficou a cargo de Yoann Lemoine e o resultado é excelente.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O bom trovador


Os sons de 2012 levaram-me até «Break It Yourself», o mais recente trabalho de Andrew Bird. Disco que mantém a toada folk em canto trovadoresco do singer-songwriter norte-americano. Canções bucólicas e extremamente saborosas, a que o músico já nos habituou. Composições que mantêm o rumo do antecessor «Nobel Beast», caminhando por trilhos mais pop, mais directos e cada vez mais solarengos e acessíveis. «Eyeoneye», o primeiro single de «Break It Yourself», é bem capaz de ser o tema mais radio-friendly do compositor, numa cruzada entre Neil Young e os R.E.M.. Ainda assim, o disco vive de uma folk virtuosa criada em torno do violino e da capacidade de Andrew Bird em engendrar melodias, ambientes, ritmos e paisagens “cristalindas”. Ouça-se, por exemplo, o elegante tema de abertura «Desperation Breeds…». Sedução melódica construída a partir do violino de Andrew Bird e polida com arranjos indie folk e o já característico assobio do multi-instrumentalista de Chicago. Por sua vez, «Danse Caribe» leva-nos para os mares quentes das caraíbas, mas o violino, esse, remete-nos para a cultura festiva celta. Já «Lusitania», tema que conta com a colaboração de Annie Clark (a.k.a. St. Vincent), junta a graciosidade de Gillian Welch ao onirismo desvelado de Andrew Bird. «Hole In The Ocean Floor», canção de oito minutos, é mais um exemplo do admirável mundo cancioneiro de Andrew Bird. Portanto, «Break It Yourself» não quebra com nada. Demonstra, sim, que o singer-songwriter norte-americano continua a fazer boa música, a qual merece muito ser ouvida.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Dream in colours


Era a primeira grande noite de 2012, no que a concertos diz respeito, na cave da discoteca Lux. A sala esgotou e Anthony Gonzalez, o francês que se esconde por detrás do projecto M83, cumpriu com rigor e elevada “nota artística” as expectativas que se iam anotando no recinto, oferendo um espectáculo cheio de cor, suor, entusiasmo, canções dignas de uma “primeira liga” e a irresistível cadência pop que me tem acompanhado desde 2003. «Hurry Up, We’re Dreaming», o álbum de 2011, que se mantém na minha playlist quotidiana, resistindo às propostas de 2012, era o mote para o concerto e cedo se notou a maior cumplicidade entre o público e a banda quando as suas canções subiam a palco. Por algumas ocasiões se tomou o caminho pré-2011 dos M83 e ainda houve tempo para revisitar os conterrâneos Daft Punk, com «Fall». O resultado agradou, mas o entusiasmo intensificou-se mesmo quando se ouviram temas como «Reunion», «Intro», «Steve McQueen» e «Midnight City». Sonhos pop feitos de padrões rock minimalistas, aos quais se vão adicionando camadas de intensidade etéreo-shoegaze e cânticos merecedores de rotação massiva no canal MTV. Texturas indie e electrónicas vibrantes, conduzidas pelo guitarrista, cantor, programador e produtor Anthony Gonzalez e compassadas por um baterista com o diabo no corpo (Loïc Maurin), que nos puseram a sonhar em cores na cave do Lux. O som esteve, surpreendentemente, irrepreensível e nem os ares condicionados condicionaram a celebração da música dos M83. Houve quem reclamasse a ausência de temas como «Wait» e «Kim & Jessie», mas para mim este foi um concerto perfeito. Situação que relativizou a positiva prestação de Porcelain Raft, projecto do italiano Mauro Remiddi. O autor de um dos discos mais interessantes de 2012 optou por recorrer ao método de actuação mais económico, do “just push play”, e saiu-se muito bem. É sempre preferível ter uma banda em palco, mas também já comprovámos que nem sempre o resultado final é o melhor (recordo a desordem que marcou a estreia do projecto Washed Out, naquela mesma sala do Lux).

terça-feira, 6 de março de 2012

The Shins | Simple Song


Os norte-americanos The Shins regressam este ano aos discos. «Port Of Marrow» é editado a 19 de Março e este «Simple Song» é o seu primeiro single.

domingo, 4 de março de 2012

Méliès is in the air


Os Air regressaram à lua. Não por causa de «Moon Safari», ainda o melhor trabalho do duo francês, mas sim para musicar a famosa expedição «Le Voyage Dans La Lune», de Georges Méliès. Filme mudo, de ficção científica, que desde 1902 tem inspirado o mundo das artes (alguém se lembra dos vídeos de «Tonight, Tonight», dos The Smashing Pumpkins, e «Heaven For Everyone», dos Queen? E «Hugo», de Martin Scorsese, já viram?). A película, que parecia perdida, foi redescoberta em 1993 pela Filmoteca da Catalunha, num estado já de decomposição. Porém, em 1999 inicia-se um longo processo de restauro que termina só em 2010. Trabalho que acaba por ser revelado um ano depois, no festival de cinema de Cannes. É essa versão restaurada que acaba por incluir a visão / instrumentação de Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel de «Le Voyage Dans La Lune». Novo safari à lua que conta, desta feita, com as colaborações de Victoria Legrand, dos Beach House, no atmosférico e espacial «Seven Stars», e das norte-americanas Au Revoir Simone, no etéreo «Who Am I Now?». No entanto, o melhor do já sétimo álbum dos Air surge quando parecem revisitar «Moon Safari», de 1998, ao som de «Sonic Armada», «Parade» e «Lava». Podemos ainda encontrar outros excelentes exercícios pop como são os casos de «Astronomic Club», «Moon Fever» e «Cosmic Trip», naquela que é a melhor oferta do duo desde «Talkie Walkie» (2004). De referir que foi disponibilizada uma edição especial e limitada de «Le Voyage Dans La Lune», a qual inclui um DVD com a versão restaurada do filme de Georges Méliès.

Santigold | Disparate Youth

Santigold (a.k.a. Santi White) é um dos regressos mais aguardados de 2012. «Master Of My Make-Believe», o segundo álbum de originais da norte-americana, chega às lojas só a 23 de Abril, mas os singles que antecedem a sua edição já estão a causar algum frisson. «Disparate Youth» é o mais recente avanço e o vídeo já roda por toda a world wide web.