sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Panda Bear | You Can Count On Me


«You Can Count On Me» é o mais recente vídeo de Panda Bear. O tema é extraído do mais recente trabalho «Tomboy» e o vídeo é realizado por Danny Perez.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

LCD Soundsystem | Live Alone


James Murphy e os seus LCD Soundsystem retribuíram a cover que os escoceses Franz Ferdinand prepararam para a edição do single «All My Friends» com a versão de «Live Alone», a qual integrou o alinhamento de «Covers EP». Tema cujo videoclip acaba de ser editado.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

James Blake | A Case Of You


James Blake é um dos nomes incontornáveis de 2011. O britânico, responsável por um dos discos mais importantes do ano, do qual aproveitou a recta final para editar o recomendável EP «Enough Thunder». Trabalho que inclui a cover de «A Case Of You», original de Joni Mitchell.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lana Del Rey | Born To Die


«Born To Die» é o novo single de Lana Del Rey e o tema-título do álbum de estreia que chega às lojas a 30 de Janeiro de 2012. Canção que está uns furos abaixo dos singles anteriores, mas que revela uma voz capaz de enfeitiçar muitos em 2012.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Cais também mexe


Depois de ter começado a semana no Musicbox e ao som dos Shabazz Palaces, o final de semana reservou-me mais uma excelente noite na caixa de música do Cais do Sodré. Desta feita o programa anunciava a prestação do portuense IVVO “Pantha du Prince” e a estreia em palcos nacionais dos canadianos SUUNS. Juventude sónica com muito sangue na guelra que percorre o trilho do post-punk sem nunca perder de vista a carga mais soturna do indie-stoner-rock (escutem «Gaze» e «PVC»), a exploração prog-rockPie IX») e os ambientes mais hipnóticos que surgem aqui pela mão das electrónicas («Arena» é uma tema excepcional). Música visceral e nervosa que consegue dar espaço ao silêncio e aos ritmos mais lânguidos, criando momentos de pura tensão sonora. Excitação recente, movida pela perspicaz agenda do Musicbox, que subiu ao altar da capela da Rua Nova de Carvalho para incendiar e entusiasmar quem por lá passou na sexta-feira. O quarteto cedo soube seduzir a plateia, com os ambientes a la David Lynch de «Red Song» (single recentemente editado em vinil e que, muito provavelmente, fará parte do segundo álbum da banda) e a efervescência em crescendo de «Arena», canção que nos faz recordar os poucos, mas óptimos, momentos Muse criados em torno das electrónicas. As boas referências continuaram a passar pelo palco do Musicbox: da intensidade At The Drive-In aos riffs temperados por Jimmy Page, passando pelas texturas sonoras de uns Interpol e o brilho ofuscado dos Clinic. No entanto, foram as músicas e a forma apaixonada com que os SUUNS se apresentaram que mais surpreenderam. Fui ao Musicbox com a certeza que os SUUNS eram uma excelente banda em disco, mas o eufórico e fresco concerto que a banda nos ofereceu mostrou que os canadianos são muito mais que isso.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Shabazz Palaces' Musicbox


A estreia dos Shabazz Palaces em palcos nacionais tinha tudo para não dar certo. O concerto-relâmpago da dupla norte-americana foi anunciado com antecedência de cinco dias e para a semana anterior ao festival Vodafone Mexefest, a qual já tinha na sua agenda cultural as prestações de Panda Bear, Girls, CSS, Suuns, Battles e Real Estate. Portanto, apesar do preço dos ingressos se revelar numa importante mais-valia (fossem todos os concertos a 6EUR…), o certo é que a conjuntura não era a melhor. Além disso, «Black Up», o excelente álbum que a banda de Seattle editou este ano pela Sub Pop, tem passado um pouco ao lado por cá. No entanto, nada impediu os programadores do Musicbox em apostar, uma vez mais, num projecto que está a dar que falar. Música negra, com cadência maquinal e ambientes apocalípticos, que demorou algum tempo a conquistar o público que quase encheu o Musicbox. Na verdade, só uma pequena percentagem dos presentes parecia reconhecer as linhas condutoras do excelente «Black Up», as quais passam pelos inevitáveis «Youlogy» (tema que abriu o concerto), «Are You… Can You… Were You? (Felt)», «An Echo From The Hosts That Profess Infinitum», «Swerve... The Reeping Of All That Is Worthwhile (Noir Not Withstanding)», «Free Press And Curl», ou mesmo «Recollections Of The Wraith» (canção que fechou a noite da melhor forma). Ouvimos, também, alguns temas dos dois EPs que antecederam o debut álbum, mas, depois dos beats inflamados, a coreografia ensaiada e o conceito um tanto naïve do espectáculo dos Shabazz Palaces, algo me diz que todos os presentes vão acabar por cair na tentação de «Black Up» como eu caí.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fleet Foxes | The Shrine / An Argument


«The Shrine / An Argument» é o novo vídeo dos norte-americanos Fleet Foxes e uma das grandes canções de «Helplessness Blues». A realização do vídeo ficou, uma vez mais, a cargo de Sean Pecknold, o irmão do vocalista Robin Pecknold.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

The Rapture | Sail Away


«In The Grace Of Your Love», o mais recente trabalho dos norte-americanos The Rapture, é um dos meus álbuns favoritos de 2011 e este «Sail Away» uma das canções mais fortes do ano. Para quando um concerto dos The Rapture em Lisboa?

Feist | How Come You Never Go There


A canadiana Leslie Feist regressou aos discos em 2011 com «Metals». Um disco menos directo que o seu antecessor «The Reminder», mas ainda assim uma bela colecção de canções. «How Come You Never Go There», o primeiro single de «Metals», é um desses temas.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O palíndromo e subversões electro-kraut-rock


Se acham que a passada sexta-feira ficou marcada única e exclusivamente pelo facto de termos vivido o palíndromo do século XXI, informo que estão muito enganados. Aliás, nem me atrevo a comparar o “meu” fenómeno das 11 horas, 11 minutos e 11 segundo, do dia 11, do mês 11, do ano 2011, com o concerto, nessa mesma noite e no Musicbox, dos britânicos Fujiya & Miyagi. O espectáculo da banda de Brighton, inserida na segunda sessão da série Musicbox Heineken Series, servia para apresentar o mais recente registo «Ventriloquizzing» e animar o público que esgotou a sala do espectáculo. Não conheço a carreira destes Fujiya & Miyagi. Porém, a curiosidade de ver como resultam os singles conhecidos em cima de um palco levaram-me até à festa de sexta-feira à noite do Musicbox. A música da banda é adubada e extremamente apelativa. Uma mistura da combustão Chk Chk Chk, com a cadência apurada de uns Hot Chip e a idiossincrasia Neu!. Ritmos subversivos que incendiaram a plateia e que me incitaram a pesquisar a restante obra dos Fujiya & Miyagi. O Trio, que em palco apresenta um quarto elemento na bateria, conseguiu inflamar o ambiente com o seu electro-kraut-rock vintage, mas de tempero contemporâneo, e o público meneou o corpo enquanto o concerto durou. Pediu-se mais, mas os Fujiya & Miyagi ficaram pelo primeiro encore e, a minha opinião, ficaram muito bem.

domingo, 13 de novembro de 2011

Mais vale só que mal acompanhado


Passada uma semana da actuação dos The Antlers, regresso à gelada cave do Lux para conferir a estreia em Lisboa do projecto de Ernest Greene, Washed Out. Responsável por um dos discos mais querençosos de 2011, «Within And Without», Ernest Greene aproveitou o hype para mostrar as suas músicas ao vivo. Quase como um sonho tornado realidade, pensei eu, pois cada canção Washed Out é como uma fantasia chillwave resgatada aos anos 80. No entanto, ao passo que a banda de Peter Silberman conseguiu combater o frio com as canções de «Hospice» e «Burst Apart», Ernest Greene demonstrou uma imensa falta de experiência em palco e um claro erro de casting na hora de escolher os músicos que o acompanham. As canções estavam lá, mas a fascinação e o amor que percorrem as entrelinhas de «Within And Without» (lembro que o disco é um tributo à mulher de Ernest Greene) foram apresentados em entretons. Enquanto Ernest Greene se esforçava para animar e, principalmente, aquecer a plateia, a restante banda apresentou-se alheada do espectáculo e do propósito dream synth pop Washed Out: o baterista, além da cara de frete, parecia mais interessado nas cadências inflamáveis de uns Chk Chk Chk; o baixista, a quem não me recordo de ter visto a cara, sonhava com a possibilidade de ainda vir a integrar uma banda rock; a menina dos teclados e segundas vozes ponderava a introdução das electrónicas na música das Dum Dum Girls; e o quinto elemento mostrava ser o membro da banda com mais musicalidade. Componentes, que em palco se exibiram de forma desigual e em diferentes comprimentos de onda. O espectáculo, além de morno, não resultou, mas a minha confiança na música do projecto mantém-se inalterada. Esperemos então voltar a ver Ernest Greene em palco, mas em melhor companhia.

sábado, 12 de novembro de 2011

Tom Waits | Satisfied


«Bad As Me», o novo álbum de Tom Waits, surge sete anos depois de «Real Gone», a sua anterior entrega. «Satisfied» é o primeiro tema a merecer vídeo, o qual é realizado por Jesse Dylan.

sábado, 5 de novembro de 2011

Aquele inverno


O inverno chegou e, com ele, veio também a desagradável experiência que é sair de um íntimo e distinto concerto directamente para a chuva e para o frio. Meteorologia à parte, a estreia em palcos nacionais dos norte-americanos The Antlers foi notável. Projecto de Peter Silberman – um dedicado seguidor das texturas Radiohead e postura Jeff Buckley meets Hayden Thorpe (situação que ao vivo se torna ainda mais evidente ao som de, por exemplo, «Parentheses») –, que nos últimos três anos nos entregaram o conceptual «Hospice» (2009) e o mais recente «Burst Apart» (2011). Dois discos extremamente intensos, mas igualmente distintos. Porém, ambos os registos convergem no talento de Peter Silberman na hora de compor e cantar os seus pequenos pedaços de céu. Efeito que não se perde em palco, com o formato live. Portanto, a noite foi recompensadora. O público foi conquistado, mais uma vez, pela voz de Peter Silberman e pelas canções dos The Antlers. O espectáculo, o primeiro da digressão europeia da banda de Nova Iorque, incidiu essencialmente em «Burst Apart». No entanto, foi com as novas roupagens dadas a «Kettering», «Atrophy», «Bear» e «Sylvia» que os The Antlers mais brilharam. Pena a ausência de «Two», mas tivemos «Every Night My Teeth Are Falling Out», «I Don’t Want Love», «Putting The Dog To Sleep», «French Exit», «Corsicana» e, principalmente, «No Widows». Tanto os The Antlers como o público presente estiveram em sintonia, mas as condições Lux não. O som esteve excessivamente alto e estridente (o caos reinou quando as segundas e, por vezes, terceiras vozes entravam em cena) e, não fosse a música dos The Antlers, julgo que todos gelávamos naquela cave.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

R.E.M. | We All Go Back To Where We Belong


«Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage: 1982-2011», a colectânea que assinala o fim de actividade dos norte-americanos R.E.M., será editada a 15 de Novembro. Além dos sucessos que fizeram a história da banda, o novo greatest hits incluirá também três canções novas. «We All Go Back To Where We Belong», o novo single dos R.E.M., é uma delas. Alerto, ainda, para o facto de existirem duas versões diferentes do vídeo promocional.



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Viagens à tasca

Ainda há pouco tempo, algures na blogosfera, alguém comentava que longe vão os tempos das encomendas via amigos que se deslocam ao estrangeiro. Concordo plenamente. No entanto, os novos trabalhos de Tori Amos e MEN chegaram via amigos recém-chegados de Londres (muito obrigado G. e R.). Teve um sabor retro nestes tempos de Amazon, que me soube muito bem.

Aviso já que Tori Amos é intocável por estes lados. Não pelo seu passado mais recente, mas pelos inúmeros momentos que marcaram o meu percurso de melómano. Demasiados momentos que, ainda hoje, me obrigam a procurar as edições especiais dos seus discos e me fazem desesperar pela estreia da norte-americana em palcos nacionais. «Night Of Hunters», a entrega de Tori Amos de 2011, é o resultado de um convite feito pela conceituada Deutsche Grammophon para a edição de um ciclo de canções, baseadas em composições clássicas, para o século XXI. Tori Amos pega, assim, na estrutura de obras como «Andantino», de Franz Schubert, «Nocturne Op. 9 No. 1», de Frédéric Chopin, «The Girl With The Flaxen Hair», de Claude Debussy, «Prelude In C Minor», de Johann Sebastian Bach, e «Gnossienne No. 1», de Erik Satie, para contar uma história contemporânea. Narrativa que documenta o fim de uma relação e o começo de uma nova fase para Tori, a protagonista. Porém, este «Night Of Hunters» é, também, um recomeço para Tori Amos, a compositora. Depois de alguns tiros falhados, a norte-americana reinventa-se e apresenta agora o seu melhor trabalho em muitos anos, num disco centrado na voz e no piano. Há espaço para instrumentos de sopro e uma importante secção de cordas que criam uma sonoridade clássica e complexa. Apesar de não ser a minha Tori Amos de eleição (essa continua bem guardada em «From The Choirgirl Hotel», de 1998), esta é a melhor Tori Amos dos últimos dez anos.

A outra “surpresa” é um dos discos mais festivos de 2011. «Talk About Body», debut álbum do trio norte-americano MEN, é irreverente e segue o trilho dançante dos conterrâneos Scissor Sisters. Portanto, música noctívaga e cheia de boa disposição. Falta-lhe o falsete de Jack Shears, é certo, mas «Talk About Body» apresenta-nos uma banda com uma personalidade vincada e congénere dos, também, norte-americanos The Gossip. O projecto nasceu do longo hiato do trio electroclash Le Tigre, quando os seus membros JD Samson e Johanna Fateman se juntaram para explorar o DJing e a mesa de misturas. Depois de terem escrito algumas canções o duo decidiu unir esforços com alguns elementos dos Hirsute, um outro projecto de JD Samson. Em 2009 editam um EP de edição limitada e distribuído nos seus concertos e, desde então, têm partilhado o palco com nomes como The Gossip, Peaches e, mais recentemente, CSS. Portanto, «Talk About Body» acaba por ser uma mescla de toda a experiência entretanto acumulada com os grupos e artistas já identificados, com uma postura extremamente positiva e, por vezes, activista, e uma cadência sonora empolgante e muito provocadora. As canções parecem verdadeiros mash-up construídos com ritmos Gang Of Four, disposição Scissor Sisters e atitude Peaches. Pequenas provocações vitaminadas que tão bem fazem nestes tempos de crise.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Viagens à tasca

Coincidência ou não, confesso que foi bastante peculiar ficar a saber da separação de Thurston Moore e Kim Gordon ao som de «Demolished Thoughts». Aquando da notícia que colocou um ponto de interrogação no futuro dos Sonic Youth, o “disco da semana” era o mais recente trabalho de Thurston Moore. Sucessor natural do extraordinário «Trees Outside The Academy» (2007), «Demolished Thoughts» tem a particularidade de se concentrar no bucolismo que fez a história musicada de Nick Drake («Illuminine» é uma verdadeira viagem ao passado e à entrada nos seventies). Outra das curiosidades deste novo disco é o facto de Thurston Moore ter chamado Beck Hansen para a produção (alguém se lembra do vídeo de «The Empty Page», dos Sonic Youth?). Escolha que faz todo o sentido, se recuperarmos «Sea Change», o brilhante álbum que Beck editou em 2002. Na altura, Beck Hansen tratava as feridas resultantes de uma relação falhada. Ouvindo agora «Demolished Thoughts», e, apesar da sua edição ter ocorrido em Maio, tudo me leva a crer que este é, também, um disco de despedida. «With benediction in her eyes / our dearest gods are not surprised / You better hold your lover down / and tie him to the ground / Whisper I love you one thousand times into his ear / Kiss his eyes and don’t you cry girl / he won’t disappear / But I know better than to let you go» ouvimos em «Benediction». Já em «In Silver Rain With A Paper Key» deparamo-nos com a lânguida voz de Thurston Moore a declarar «And he disappears today, where he goes he cannot say / The silver rain is all you see, you lost yr lover». Canções que gravitam em torno do desamor. As produções de Beck Hansen ajudam ao festim melancólico, mas o brilho de «Demolished Thoughts» passa pelo enorme talento de Thurston Moore na hora de compor canções pop, com tempero folk e atitude rock.

«My name is trouble / My first name’s a mess». É assim que Keren Ann Zeidel abre «101», o seu trabalho de 2011. Um dos singles mais distintos deste ano e um claro passo em frente nas texturas doces, mas melancólicas, da música de Keren Ann. Canção que encontra em «Blood On My Hands» e «Sugar Mama», o segundo single de «101», os outros momentos declaradamente pop do álbum. Mas, atenção, o encanto não se esgota aqui. «101» é mais um registo requintado de Keren Ann. Um disco composto por rebuçadinhos em forma de canção que aguçam o nosso apetite pela música de molde mais elegante. Apesar das desejáveis novidades, «101» é uma continuação natural de «Keren Ann» (2007) e da aventura Lady & Bird, com Barði Jóhannsson (músico islandês que também surge na ficha técnica deste «101»). Se tanto as baladas de cariz sinfónico «Run With You» e «You Were On Fire», como a “acusticidade” de «All The Beautiful Girls» e «Strange Weather» nos entregam à matriz melodiosa já habitual em Keren Ann, os soberbos «101» e «Song From A Tour Bus» evocam a sua particular e marcante experiência em «Lady & Bird». Portanto, elementos que me motivaram a conhecer e a seguir a carreira de Keren Ann de perto e que, agora, se encontram condensados em «101».

terça-feira, 18 de outubro de 2011

M83 | Midnight City


«Hurry Up, We're Dreaming» é o novo álbum do projecto M83 e «Midnight City» é o seu soberbo primeiro single. O vídeo é realizado por Fleur & Manu.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Viagens à tasca

Outra das compilações que decidi adquirir recentemente, aproveitando o preço de ocasião da Amazon, foi «An Introduction To… Elliott Smith». Edição de 2010 que inclui catorze canções de Elliott Smith (1969-2003), o malogrado singer-songwriter norte-americano que nos deixou cedo demais. Catorze soberbas composições que ainda hoje fazem história e, também, as delicias de qualquer geek indie folk com apetite pop. Elliott Smith segue o trilho folk low-fi de Nick Drake e Bob Dylan, enriquecendo a sua textura sonora com a super pop melódica que dominou toda a sua juventude, ao som de Stevie Wonder, The Beach Boys e The Beatles. As catorze canções que compõem esta introdução são extraordinárias, mas quantas outras composições podiam figurar num disco de apresentação do génio de Elliott Smith? Encontramos a love song «Between The Bars», a valsa pensada para a sua mãe «Waltz #2 (XO)», o desencanto de «Angeles», a idiossincrasia de «Ballad Of Big Nothing», «The Biggest Lie» e «Pictures Of Me», a dependência de «Needle In The Hay» e «Last Call» e o hit «Miss Misery» (numa versão caseira e menos pomposa). Ainda assim, sente-se a falta de muitas outras canções, tais como «Condor Ave», «Everything Reminds Me Of Her», «Bottle Up And Explode», «Roman Candle», «Son Of Sam», «Pitseleh», «Say Yes», «Bled White», «Rose Parade», «The White Lady Loves You More», «Junk Bond Trader», «I Didn’t Understand», ou mesmo as covers de «Thirteen» (The Big Star) e «Jealous Guy» (John Lennon). Portanto, mais catorze temas que podiam, perfeitamente, fazer uma bela introdução à obra do cantautor que admirava os The Beatles.

Joseph Arthur é outro dos meus singer-songwriters de preferência. Numa das recentes viagens à FNAC, deparei-me com «The Graduation Ceremony», o seu novíssimo disco de originais. Álbum que sucede à inconsequente aventura com os The Lonely Astronauts e ao projecto Fistful Of Mercy, o qual juntou Joseph Arthur a Ben Harper e Dhani Harrison (filho de George Harrison). Passaram seis anos desde «Nuclear Daydream» (2006), o último trabalho de Joseph Arthur em nome próprio, mas a matriz folk com condimento indie rock mantém-se inalterada. Boas notícias, portanto. Elementos que podemos encontrar na obra de Leonard Cohen, Bob Dylan, Dave Matthews, Elvis Costello, Aimee Mann, etc.. A fórmula pode já estar um pouco gasta, mas há algo na textura acústica e na voz experimentada de Joseph Arthur que me seduz. Elemento que se tinha perdido com «Let’s Just Be» (2007) e «Temporary People» (2008), mas que renasce ao som de canções como «Horses», «Call», «Someone To Love», «Out On A Limb», «Love Never Asks You To Lie» e «Watch Our Shadow Run». Não se tratará do melhor trabalho de Joseph Arthur, mas «The Graduation Ceremony» posiciona-se junto de «Big City Secrets» (1997), «Vacancy» (1999), «Come To Where I’m From» (2000), «Redemption’s Son» (2002) e «Our Shadows Will Remain» (2004).

PAUS | Deixa-me Ser


A banda de Lisboa PAUS, composta por Quim Albergaria (ex-Vicious Five), Hélio Morais (Linda Martini e If Lucy Fell), Makoto Yagyu (If Lucy Fell e Riding Pânico) e João P. "Shela" (If Lucy Fell e Riding Pânico), prepara-se para editar o primeiro e homónimo álbum de originais. Isto depois do surpreendente EP «É Uma Água», de 2010. «Deixa-me Ser» é um primeiro avanço para «PAUS». Que grande malha e que grande canção!

The Walkabouts | The Dustlands


2011 marca o regresso aos discos dos veteranos The Walkabouts. «Travels In the Dustland» será editado a 21 de Outubro e este «The Dustlands» é o seu primeiro single.

domingo, 9 de outubro de 2011

Viagens à tasca

As recentes passagens por Berlim e Estocolmo avivaram a minha vontade de aqui apresentar as minhas apostas e tendências pessoais. Desta forma, e um pouco no seguimento dos recuerdos e episódios vividos na capital sueca, aproveito para destacar os The Radio Dept., provavelmente a banda sueca da minha preferência, e, uma vez mais, olhar para a vida e obra de Patti Smith.

Posso afirmar que a minha relação com a dream pop de tempero shoegaze dos suecos The Radio Dept. amadureceu com «Clinging To A Scheme» (2010). Situação que, não só, me obrigou a recuperar «Lesser Matters» (2003) e «Pet Grief» (2006), mas, também, a visitar a magnética selva Amazon para comprar «Passive Aggressive | Singles 2002-2010». Formados em Lund, corria o ano de 1995, os The Radio Dept. contam com três álbuns de originais e um braçado de pequenas maravilhas pop em formato canção. Alguns desses momentos foram editados através do single e do EP, mas, verdade seja dita, nunca alcançaram a atenção devida. Volvidos oito anos após o primeiro registo discográfico, a banda decide lançar «Passive Aggressive». Trabalho que, num primeiro disco, reúne os singles editados entre 2002 e 2010 e disponibiliza, também, num apetitoso segundo disco, alguns dos seus lados-b. Neste particular, tratando-se de uma colecção de sobras, as quais não encaixaram nos álbuns, noto que esta poderá ser a cereja em cima do bolo para os habituais seguidores dos The Radio Dept.. No entanto, apesar da rodela «B-Sides» nos revelar alguns exercícios incompletos («Tåget» e «Slottet» são dois exemplos), o facto é que a música não deixa de seduzir. Ouçam-se «Mad About The Boy», tema que parece produzido por Pantha Du Prince, a etérea «You And Me Then?», a atitude punk de «Liebling» ou, mesmo, «Messy Enogh», canção com alma The Cure, mas cara The Radio Dept.. O resultado final é bastante positivo, mas, ainda assim, não posso deixar de apontar a falta de «Falafel», «Deliverance», «Let Me Have This» e, principalmente, «I Don’t Like It Like This». Quanto a «A-Sides», a outra metade de «Passive Aggressive», é um autêntico desfile pop com algumas da melhores canções da última década. Exemplos? «Why Won’t You Talk About It?», «The Worst Taste In Music», «Freddie And The Trojan Horse», «Pulling Our Weight» (esta, nem a “Marie Sofia Coppola Antoinette” escapou), «David», «Where Damage Isn't Already Done» ou «Heaven’s On Fire». A fechar somos, ainda, brindados com a corrosiva e exclusiva para esta colectânea «The New Improved Hypocrisy».

Agora, Patti Smith e «Outside Society». Mais uma colectânea de singles e a primeira do género na carreira da norte-americana. Isto porque «Land (1975-2002)», o notável primeiro disco retrospectivo de Patti Smith, juntava a alguns singles, lados-b, demos, covers e outras composições que marcaram os dezassete anos pós «Horses» (1975). É precisamente com «Horses» e o seu portentoso single «Gloria», tema construído a partir da música, com o mesmo nome, de Van Morrison e as palavras de Patti Smith, que «Outside Society» se apresenta. Não sendo o maior hit de Patti Smith, esse epíteto fica para «Because The Night», a canção escrita a meias com Bruce Springsteen, «Gloria» é a declaração que fez nascer o culto em torno da artista, dando, também, os primeiros passos para o surgimento do movimento punk, em Nova Iorque. Os versos “Jesus died for somebody’s sins / But not mine” são, ainda hoje, identificados como porta-estandarte do movimento mais anarquista da música pop. Palavras que, agora, ressoam de forma diferente. Isto porque «Just Kids», a impressionante obra que consagrou Patti Smith com o National Book Award, na categoria non-fiction, está ainda muito fresca. Na verdade, este «Outside Society» quase parece uma tentativa de prolongar o sucesso alcançado e, com isso, arrecadar mais royalties para editora e artista. Que fazer quanto a isso? Vivemos num mundo capitalista, certo? Julgo que não me compete criticar quem aproveita da melhor forma o momento e as oportunidades que vão surgindo. Por isso, «Outside Society» soube que nem ginjas e se até «Just Kids» bastava desfrutar «Land (1975-2002)» e «Twelve», disco composto por covers, agora sinto a imensa necessidade de explorar ao pormenor cada disco e cada canção da extraordinária carreira de uma das personalidades mais fortes da música norte-americana.

sábado, 8 de outubro de 2011

Junior Boys | Banana Ripple

«It's All True», o quarto álbum dos canadianos Junior Boys, ainda não me convenceu inteiramente. O duo synth-pop volta a apresentar excelentes canções, mas a pop requintada de «So This Is Goodbye» (2006) e «Begone Dull Care» (2009) perde alguma da sua exuberância nesta nova entrega. No entanto, «Banana Ripple», o novo single, é delicioso.

domingo, 2 de outubro de 2011

dEUS | Constant Now

«Keep You Close» é o mais recente trabalho dos belgas dEUS e «Constant Now» é o seu primeiro single. Canção que não surpreende, mas mostra o carácter indie e as texturas habituais dos dEUS.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

2011 | Viagens à tasca em período de férias X


Vasa Museet

Para fechar de vez as incursões tasqueiras em férias de 2011, relembro uma das mais desconcertantes record stores que visitei. Apesar de ser em tudo idêntica às nossas Carbono e Louie Louie, a Record Hunter tem a particularidade de procurar oferecer o que já é ignorado pelas editoras: discos descatalogados, edições especiais e limitadas, singles e EPs raros. Matéria que não deu para explorar como gostaria, mas que me proporcionou alguns discos bem interessantes e, há muito, desejados. O primeiro é o EP de estreia do colectivo Hope Sandoval & The Warm Inventions, i.e., a dupla composta por Hope Sandoval (Mazzy Star) e Colm O’Cloisig (My Bloody Valentine). «At The Doorway Again» data de 2000 e antecede a edição do álbum «Bavarian Fruit Bread» (2001). Sempre gostei muito dos Mazzy Star e da sua sonoridade. Folk shoegaze em cadência indie que encontra na voz de Hope Sandoval o elo necessário para o alheamento do corrupio do dia-a-dia. Ambientes explorados, também, pelos Beach House, se bem que numa perspectiva mais pop. Porém, o som melancólico/doce percorre as melodias de ambas as bandas. Componentes que encontramos neste curto, mas apetecível, «At The Doorway Again». Se «Around My Smile» e a lindíssima «Charlotte» já eram conhecidas (ambas as canções integraram o alinhamento final de «Bavarian Fruit Bread»), o aéreo «Sparkly» e a autêntica lullaby «Down The Steps» só vêm atirar ainda mais lenha para a fogueira. Fogo que arde desde a segunda metade dos anos 90, época em que descobri «Fade Into You» e os álbuns «She Hangs Brightly» (1990), «So Tonight That I Might See» (1993) e «Among My Swan» (1996).

Continuo na folk e com outra voz feminina. Conheci o projecto Russian Red, da madrilena Lourdes Hernández, em 2010, aquando de uma curta passagem pela capital espanhola. «I Love Your Glasses», o debut álbum editado em 2008, foi, desde então, consumido quase até à exaustão. Isto, ao ponto de canções como «No Past Land», «Cigarettes», «Gone, Play On», «Nice Thick Feathers» e uma tocante cover de «Girls Just Want To Have Fun» ainda por cá andarem. Por isso «Fuerteventura», o segundo capitulo Russian Red, foi chamamento ao qual não pude resistir. Lourdes Hernández, volta a encantar com canções cheias de sentimento e típicas do singer-songwriting. Elementos aos quais dificilmente resisto. Porém, este segundo tomo já não tem a força da estreia. Voltamos a encontrar excelentes composições, como são os casos de «Tarantino», «Braver Soldier», «Everyday Everynight», «A Hat» e «Nick Drake», a produção de Tony Doogan mostra-se numa mais-valia, mas o efeito surpresa já não lá está. O disco revela, ainda assim, novos caminhos para a música de Lourdes Hernández, os quais passam pela surf pop de «January 14th», o country norte-americano de «Fuerteventura», a melancolia Mazzy Star em «I Hate You But I Love You» e a pop mais cintilante de «The Sun The Trees». No fim ainda encontramos uma nova versão de «Cigarettes» (tema originalmente editado em «I Love Your Glasses»). Mais um excelente disco Russian Red que, vá lá saber-se porquê, continua a ser ignorado em Portugal.

Como não há duas sem três, continuo a deambular pelos caminhos da folk. Desta feita, a preferência recaiu sobre os norte-americanos Vetiver, projecto de Andy Cabic, e pela sequela do aplaudido disco de covers «Things Of The Past». «More Of The Past» é um EP de cinco temas editado pela Gnomonsong. Mais cinco canções que, de alguma forma, marcaram e inspiraram Andy Cabic e restantes elementos da banda. EP que segue as pisadas de «Things Of The Past», apresentando uma sonoridade retro e extremamente convincente. Um disco que poderia ter sido editado em finais da década de 60 e inícios de 70, mas que, na realidade, viu a luz do dia em 2008. Porém, a receita passa pela folk psicadélica de «See You Tonight» (The Wizards), pelo rockabilly gingão de «Hey Doll Baby» (The Everly Brothers), o country rock de «Before The Sun Goes Down» (tema tradicional), o alternative country de «Just To Have You» (Grin) e a cadência free folk de «Hills Of Isle Au Haut” (Gordon Bok). Pena a não inclusão de «Miles Apart», original dos A.R. Kane (alguém se lembra disto?) e o lado-b do single «Hey Doll Baby». EP obrigatório para os aficionados, como eu, da folk music, dos Vetiver e de «Things Of The Past».

Para terminar, escolhi uma das melhores bandas rock da actualidade. Patrick Carney e Dan Auerbach já andam por cá desde 2011, mas foi só com as edições de «Attack & Release» (2008) e, principalmente, «Brothers» (2010) que conseguiram alcançar esse estatuto. Dois álbuns obrigatórios para quem gosta de power rock blues gingão em cadência garage rock. Ora, se Berlim me apresentou «Thickfreakness» (2003), Estocolmo deu-me a possibilidade de completar a discografia dos The Black Keys, disponibilizando-me, a preço de amigo, o debut «The Big Come Up» (2002) e os EP «The Moan» (2004) e «Chulahoma: The Songs Of Junior Kimbrough» (2006). Mais uma missão cumprida, portanto. Jornada electric power blues que incorpora, também, pitadas de funk, soul e hard rock. «The Big Come Up» é uma verdadeira viagem ao passado e às raízes do blues rock. Música rude e visceral que está longe do easy listening, ou, se preferirem, da vertente mais pop de «Attack & Release» e «Brothers». O álbum também tem as suas pérolas pop, como são «I’ll Be Your Man», «Yearnin’», «Them Eyes», ou a surpreendente cover de «She Said, She Said» (original dos The Beatles), mas o melhor passa mesmo pelo acento rock n’ blues de «Busted», «Countdown», «Leavin’ Trunk» (tema tradicional), «The Breaks» e «Heavy Soul». Este último tema foi, posteriormente, regravado e incluído no EP «The Moan», disco fundamental para coleccionadores e seguidores mais acérrimos dos The Black Keys.
Trata-se de mais um bom trabalho rock n’ blues da banda de Akron, Ohio. Além da versão alternativa de «Heavy Soul», podemos encontrar o inédito «The Moan» e as covers «Have Love Will Travel» (original de Richard Berry, mas imagem de marca dos The Sonics, que já havia sido incluído em «Thickfreakness») e «No Fun» (The Stooges). Quanto a «Chulahoma», deparamo-nos com uns The Black Keys mais lânguidos e simultaneamente mais harmoniosos. Feito de seis originais de David “Junior” Kimbrough (1930-1998), provavelmente o guitarrista blues mais importante da segunda metade do séc. XX, «Chulahoma» é uma notável homenagem da dupla norte-americana ao seu importante legado. Isto, depois da banda norte-americana ter reinterpretado «Do The Rump» (cover incluída em «The Big Come Up») e «Everywhere I Go» (tema gravado para «Thickfreakness»). Porém, em nenhuma das ocasiões os The Black Keys alcançavam o psicadelismo sombrio que percorre «Chulahoma». As texturas não deixam de ser blues rock, mas as canções aqui ganham uma outra dimensão (ouçam-se, por exemplo,
«Meet Me In The City» e «Have Mercy On Me»). Desta forma, e uma vez que os The Black Keys não se limitam a interpretar as canções de Kimbrough, «Chulahoma» é uma inigualável homenagem à obra de David “Junior” Kimbrough. Seis impressionantes cover versions que não deixam de ser seis canções notáveis dos The Black Keys.


P.S.: A minha recente passagem por Estocolmo não se fez só de música e visitas turísticas. Além da muito interessante oferta musical, a qual já tive a oportunidade de apresentar, a capital sueca garante, também, excelentes propostas literárias. As lojas de livros são grandes e superam qualquer uma da nossa Lisboa. Por entre os muitos destaques da secção “língua inglesa”, decidi apostar em «Just Kids», o sincero e apaixonante depoimento de Patti Smith sobre a sua relação com Robert Mapplethorpe (1946-1989). Uma obra ambientada nas ruas de Nova Iorque que documenta, de uma forma impressionante, o difícil início de carreira de Smith e Mapplethorpe.

domingo, 25 de setembro de 2011

Björk | Crystalline & Moon


2011 marca o regresso da islandesa Björk às lides discográficas. «Biophilia», o sucesso de «Volta» (2007), será editada a 10 de Outubro. «Crystalline» e «Moon» são os seus primeiros vídeos promocionais.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

R.E.M. (1980-2011)


«To our Fans and Friends: As R.E.M., and as lifelong friends and co-conspirators, we have decided to call it a day as a band. We walk away with a great sense of gratitude, of finality, and of astonishment at all we have accomplished. To anyone who ever felt touched by our music, our deepest thanks for listening.»

Foram estas as palavras que anunciaram a despedida de uma das mais emblemáticas bandas norte-americanas e, também, uma das minhas favoritas. Rude golpe para quem, ano após ano, esperava o melhor de Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills. Isto apesar dos últimos anos terem sido preenchidos por compilações e trabalhos de originais menos importantes. No entanto, e olhando para trás, a verdade é que os R.E.M. sempre por cá andaram. Tendo nascido em 1981, não me recordo de alguma vez ter sentido a falta da banda de Athens, Georgia. Ora, se «Automatic For The People» foi a primeira K7 que comprei (na altura CD era ainda uma miragem nas lojas de discos), «Out Of Time» foi uma das primeiras K7 que gravei no meu velho rádio gravador com duplo deck. Já «New Adventures In Hi-Fi» foi um dos álbuns que mais estranhei e que depois mais se entranhou. «Monster» e «Up» mostraram-me uns R.E.M. diferentes, mas ainda assim muito bons... Bem sei que o legado que deixam persistirá no tempo, mas a verdade é que hoje acordei um pouco mais triste...





segunda-feira, 19 de setembro de 2011

2011 | Viagens à tasca em período de férias IX


Stockholm Stadshuset

Outra descoberta deste Verão de 2011 foi a banda sueca The Amplifetes. Quer dizer, já não foi bem uma descoberta, pois ainda antes de voar para Estocolmo tinha dado com o álbum de estreia do quarteto num dos sítios electrónicos “That-Must-Not-Be-Named”. Ora bem, a história dos The Amplifetes é muito idêntica à dos conterrâneos Miike Snow. Músicos, compositores e produtores que alcançaram o sucesso ao lado de nomes como Kelis, Britney Spears, Kylie Minogue e, claro, Madonna. Quatro elementos que começaram a trabalhar juntos em 2007, editando, em 2008, o primeiro single «It’s My Life». Canção que mistura uma atitude punk com ritmos garage electro pop e que imediatamente me transportou para «Version 2.0» dos saudosos Garbage. Seguiu-se, em 2009, «Whizz Kid» e os ecos de “Swedish Next Big Thing” adensavam-se. «Somebody New» foi o passo seguinte e, com ele, a banda entrou nas principais playlists de França, Alemanha, Suíça e Áustria. Ateado o rastilho, lançam «The Amplifetes», em Setembro de 2010, e «Blinded By The Moonlight» mereceu a edição em single. O disco reúne todos os singles da banda e outros dez temas que andam de mãos dadas com as texturas e atmosferas dos The Electric Light Orchestra, The Ramones, Elvis Costello, Daft Punk, Jean Michel Jarre e David Bowie. Não é nada de novo, é certo, mas podemos encontrar misturas bem engraçadas e temas muito dançáveis («When The Music Died», «Fokker» e «Maxine» são eventuais singles a explorar). No entanto, os Miike Snow mostram-se bem mais interessantes.

Banda, que também já não é nenhuma novidade para mim, são os The (International) Noise Conspiracy. Formaram-se em 1998, em Umeå, e logo deram que falar com a sua música de intervenção e matriz garage punk rock que não deixa ninguém indiferente. Estridência q.b. que dividiu opiniões. Quanto a mim, há algo de glamoroso e excessivo que me atrai desde «A New Morning, Changing Weather» (2001). Música com carácter e cheia de estilo, portanto. Ora, como os discos em Estocolmo são bem mais baratos que em Lisboa (“Live and Learn…”), aproveitei as secções em saldo para adquirir duas das rodelas que me andavam a faltar. O álbum «Survival Sickness» (2000) e o EP «Bigger Cages, Longer Chains» (2002). Trabalhos que antecederam e sucederam, respectivamente, ao boom em torno dos suecos, com a edição de «A New Morning, Changing Weather» e dos seus fortíssimos singles «Up For Sale» e «Capitalism Stole My Virginity». Canções que se posicionaram lado a lado com «Smash It Up» e «The Reproduction Of Death», os singles de «Survival Sickness». Um disco rude e directo que acaba por ser mais consistente que o seu sucessor. Corporação punk entretida com o garage rock de 60, o punk de 70 e os trabalhos dos The Kinks e dos The Who. Relativamente ao EP «Bigger Cages, Longer Chains», tema título originalmente editado em «A New Morning, Changing Weather», os seus cerca de vinte e três minutos mostram que os
The (International) Noise Conspiracy não se encerram na sonoridade garage punk rock. Para o efeito, encontramos a faceta mais funk e mais groovy da banda com «Bigger Cages, Longer Chains», uma curiosa e psicadélica cover de «Babby Doll», original dos N*E*R*D, e o excelente «When Words Are Not Working».

Para terminar esta viagem pela música sueca, volto a chamar Robyn. :) 2010 foi um grande ano para a cantora. Em pouco mais de cinco meses lançou a trilogia «Body Talk» e depois ainda teve tempo para compilar as melhores canções dos três mini-álbums num único disco. «Body Talk» é um verdadeiro best of da colheita de 2010. Um trabalho que reúne a melhor nata do tríptico «Body Talk», acabando por excluir do seu alinhamento as versões acústicas de «Indestructible» e «Hang With Me» e os temas mais experimentais e consequentemente mais fáceis de rotular como lados-b («Cry When You Get Older», «Jag Vet En Dejlig Rosa», «Include Me Out» e «Criminal Intent»). Porém, a história deste capítulo final faz-se com as excelentes músicas que o compõem. Canções não aconselháveis a hiperglicémicos que representam alguns dos melhores momentos pop de 2010. Um disco que combina da melhor forma a pop contemporânea com a música mais dançável e disco. Ecos da década de 80 que caem sempre bem. Synthpop entusiástica e pessoal que fazem de «Body Talk» um dos álbuns mais inspirados e, igualmente, mais ouvidos nos últimos tempos.

sábado, 17 de setembro de 2011

Lana Del Rey


É a excitação do momento! Lana Del Rey, a.k.a. Lizzy Grant, tem 24 anos e prepara-se para editar, a 10 de Outubro e pela Stranger Records, o seu primeiro single. Na verdade trata-se de um double A-side single com os temas «Video Games» e «Blue Jeans». A nova-iorquina define o seu estilo como "Hollywood pop-sad core". No entanto, as influências de Nancy Sinatra, Fiona Apple e Shivaree estão bem presentes.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Battles feat. Gary Numan | My Machines


«My Machines» é já o segundo vídeo dos Battles para promover «Gloss Drop», o mais recente trabalho da banda norte-americana. Tema que conta com a colaboração de Gary Numan. Aviso já que o vídeo é muito bom.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Noite de luxo no Lux


Anna Calvi é, para mim, a grande revelação na música do ano de 2011. Não só pelo homónimo álbum de estreia e sonoridade musculada, mas, também, pela sua vigorosa atitude. Ainda assim, desde os primeiros ecos de «Anna Calvi» que as comparações a PJ Harvey surgiram e, se dúvidas existiam, as mesmas ficaram por terra depois do concorrido espectáculo do passado dia 13 de Setembro, na discoteca Lux Frágil. Da poderosa postura em palco, à portentosa voz e mestria na hora de pegar na guitarra eléctrica e expor-se perante uma plateia, tudo nos remetem para componentes Polly Jean Harvey. No entanto, Anna Calvi não deixa que isso se vire contra ela, pois na hora de cantar adiciona-lhe a paixão desinquietante de Jeff Buckley, a irreverência de Patti Smith, a intensidade de Edith Piaf e um forte cunho pessoal que busca inspiração no deserto Mojave e nos genes musicais dos norte-americanos Calexico. Elementos que me tinham surpreendido aquando da edição de «Anna Calvi» e que, agora, me voltaram a impressionar com o concerto no Lux. O disco, um verdadeiro “must-have”, foi apresentado, de fio a pavio, de uma forma exímia e apaixonada. Lá pelo meio ainda se ouviram «Moulinette» e as covers de «Surrender» (Elvis Prestley) e «Jezebel» (Edith Piaf). Uma performance poderosíssima de Anna Calvi que se revelou num verdadeiro «must-see».

terça-feira, 13 de setembro de 2011

2011 | Viagens à tasca em período de férias VIII


Stockholm

De regresso a Estocolmo e à música sueca para apresentar a grande sensação pop do Verão de 2011 na Suécia. A história discográfica de Veronica Maggio começa em 2006, com a edição dos singles «Dumpa Mig» e «Nöjd?», e do respectivo debut álbum «Vatten & Bröd». Em 2007 é distinguida com o prémio revelação Grammisgalan e 2008 é o ano de mais um álbum com «Och Vinnaren Är…». Com os singles «Stopp», «17 År» e, principalmente, «Måndagsbarn» alcança algum sucesso, também na Noruega e na Dinamarca. A receita é simples: música pop contemporânea com um leve tempero soul e, aqui e ali, alguma produção vintage. Mais uma concorrente no campeonato soul pop female singer-songwriters. No entanto, «Stan I Gatan» é pop, pop e ainda mais pop. Não consegue fazer frente aos excessos synthpop da conterrânea Robyn, mas mostra-nos mais um excelente exemplo de como a pop bem pensada pode desbravar terreno e alcançar o respeito de outros territórios. O soberbo «Jag Kommer», single que marcou presença em todas as tascas visitadas em Estocolmo, é fresco e energético como a Coca-Cola. Já «Välkommen In» será o tema de ligação às apostas iniciais de Veronica Maggio. Ainda assim, descortinamos uma elevada carga emocional em «Satan I Gatan». «Mitt Hjärta Blöder», «Inga Kläder» e «Snälla Bli Min» têm os sentimentos à flor da pele e possuem um forte cunho pessoal. Tenho pena de não entender quase nada de sueco, mas tanto «Satan I Gatan» como «Det Vackra Livet» já mereciam um curso em período pós-laboral.

Outro item com grande destaque nas lojas de Estocolmo era «Wilderness», o mais recente disco dos The Horror The Horror (THTH). Grupo formado em 2005, na província de Södermanland, e identificado na recomendável Bengans Record Store como a melhor banda indie da Suécia. Apesar de não me deixar levar por epítetos e coisas que tais, o meu interesse foi instantâneo, mas o efeito não foi tão imediato. A música dos THTH é fortemente influenciada pelo rock de finais de 60 e inícios de 70, mas também pela pop que fez história nos anos 80, pela mão dos Prefab Sprout. Componentes fortíssimos que, no entanto, integram uma mistura feita com as texturas de uns The Futureheads e/ou Maxïmo Park e a indie-pop sem sabor de uns Razorlight. Encontrei bons temas, é verdade, como são exemplo «Honestly», «Submission», «Vanity» e «Out Of Here», mas é muito pouco para a so-called “melhor banda indie da Suécia”. Já pensei se «Wilderness» não será um passo em falso na carreira dos THTH. Contudo, a vontade de explorar os dois primeiros álbuns destes The Horror The Horror não é muito forte.