quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Com um brilhozinho nos olhos...

I must admit / I can't explain / Any of these thoughts racing / Through my brain / It's true / Baby I'm howlin' for you”. Foram estas as palavras escolhidas pelos The Black Keys para abrir o concerto no Pavilhão Atlântico. O público, que encheu a plateia, uivava pela estreia da banda de Akron, Ohio. Dan Auerbach assumia o papel de salvador do blues-rock. Porém, alguém esqueceu-se de ligar o microfone. Ouviram-se assobios e os “Nana Nana Na, Nana Nana Na” dos coros, mas Dan Auerbach não parou: “There's something wrong / With this plot / The actors here / Have not got / A clue / Baby I'm howlin' for you (...) Nana Nana Na, Nana Nana Na / Nana Nana Na, Nana Nana Na...” Ainda antes do lânguido e poderoso riff de «Next Girl», trocou-se de microfone e as coisas pareciam ter encarrilhado. No entanto, houve sempre uma sensação de desconforto quanto ao som e ao espaço. A música da dupla é grande e incendiária, mas as suas canções pedem proximidade. Factor que nunca existiu na noite da passada terça-feira. Ainda assim, os The Black Keys revelaram mestria na hora de rock n’ rollar. Apresentaram-nos algumas das melhores malhas rock dos últimos anos («Tighten Up» e «Lonely Boy» são magníficas), recuperaram os tempos mais ásperos e de garagem, com «Thickfreakness», «Girl Is On My Mind» e «Your Touch», mostraram estar no auge da sua popularidade com novos sucessos (impressionante o feedback do público a temas como «Little Black Submarines», «Dead And Gone» e «Gold On The Ceiling») e ainda tiveram tempo para inflamar o ambiente com promessas de regresso. Houve espaço para um único encore, composto pelo falsete irresistível de «Everlasting Light» e o portentoso «I Got Mine». Os norte-americanos, que davam o primeiro concerto de uma digressão europeia com treze actos, cumpriram, mas não deslumbraram. Por isso, é com um brilhozinho nos olhos que continuarei à espera de ver Dan Auerbach e Patrick Carney num outro espaço da cidade, com outras condições.





sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Bright soul

Jessie Ware deu os primeiros passos na música ao lado de Aaron Jerome, o músico, produtor e DJ britânico que está por detrás do projecto SBTRKT. Se em 2010 a ouvimos no single «Nervous», em 2011 juntou-se a Sampha, o “outro” elemento da equação SBTRKT, para gravar «Valentine» e colaborou ainda com Joker (produto dubstep da 4AD) em «The Vision». Posteriormente, e ainda antes da estreia a solo com o single «Strangest Felling», participou no homónimo debut álbum dos mesmos SBTRK, emprestando a voz a um par de canções e co-escrito «Right Thing To Do». Os dados estavam lançados e, já em 2012, Jessie Ware começa a mostrar os primeiros dados de «Devotion», o álbum de estreia que chegou à rua em Agosto passado. «Running», o single de apresentação, revelava uma singer-songwriter com queda para a soul e para o smooth jazz, seguindo de perto Sade Adu e Lisa Stansfield. Seguiu-se «110%» e, a par das produções laboratoriais a la SBTRKT, vislumbrámos a interessante aproximação a Janelle Monáe, de «The ArchAndroid». «Wildest Moments», a canção que Katy Perry “promoveu” via Twitter, dando mais visibilidade a Jessie Ware, pisca o olho à definição pop dos The xx. Já «Night Light», o último single, resulta num exercício de pop sofisticada com bases R&B e na melhor sombra de Florence And The Machine. «Devotion» é soul, mas não se esgota aí. Há espaço para a pop e para o pormenor. Produções bem condimentadas e, essencialmente, canções, ou seja, a base para podermos ter um bom disco pop.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cowboys & Aliens

Gorada a audição de «Battle Born», o último e inenarrável disco de 2012 dos norte-americanos The Killers, viro-me para «The 2nd Law», o mais recente trabalho dos britânicos Muse. O disco já deu muito que falar, devido à anunciada entrada em cena do dubstep na música da banda (dizem que por influências Skillex) e à fraquinha canção oficial dos Jogos Olímpicos de 2012 («Survival»). Percorridos os cerca de cinquenta e três minutos de «The 2nd Law», notamos a tentativa dos Muse em aproximar-se de novos mercados e novas ideias pop. Isto sem nunca perder de vista o prog-pop-rock e os Queen. «Supremacy», o tema de abertura, dispara em todas as direcções e conceitos já explorados pelos Muse, mas a sensação é a de estarmos perante uma versão cinematográfica e mais calórica de «Apocalypse Please», a extraordinária canção que abre «Absolution» (2003). Em «Madness», «The 2nd Law: Unsustainable» e «The 2nd Law: Isolated System» conferimos a referida aproximação ao mundo do dubstep, em três dos momentos mais interessantes do álbum. «Panic Station», não lhes fica atrás, recuperando um je ne sais quoi de 80, criado em torno do funk Red Hot Chili Peppers e da pop INXS. «Animals», por sua vez, cola-se à estrutura notável de «Endlessly», outra canção marcante de «Absolution», adicionando-lhe o momento alto que nunca chegou a existir em 2003. Ainda assim, «Animals» é um dos exercícios chave de «The 2nd Law». Os Muse mostram-se mais acessíveis, continuando a sua caminhada em direcção a batalhas intergalácticas, western futuristas e disputas entre o bem e o mal, em realizações, sempre triunfantes, de Matthew Bellamy.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mama Said

«Come Home To Mama», o terceiro álbum de originais de Martha Wainwright, não é um disco fácil. «Proserpina», o seu primeiro single e a última composição conhecida de Kate McGarrigle, a Mãe de Martha e Rufus Wainwright que faleceu em Janeiro de 2010, proporciona-nos um momento raro na discografia da canadiana. O tema evoca a relação entre Mãe e Filha (Proserpina é filha de Júpiter e Ceres e é raptada por Plutão para ser sua esposa), por isso é impossível não notar a emoção que percorre na voz de Martha. A sua interpretação visceral, ainda o elemento diferenciador na música de Martha Wainwright, e as texturas clássicas da canção aproximam-na do cancioneiro do irmão Rufus. Porém, «Proserpina» parece ter sido escrita para a sua voz grave e feminina. Até esse momento, «Come Home To Mama» mantém os parâmetros habituais em Martha Wainwright, combinando construções folk com estruturas pop-rock e atitude singer-songwriter irreverente. No entanto, na segunda metade de «Come Home To Mama», Martha Wainwright perde essa postura e, apesar de nos mostrar afinidades com ferramentas mais electrónicas, em «Four Black Sheep», canções atraentes, como «Leave Behind», e confissões maternais, em «Everything Wrong», o facto é que o disco não se segura em pé. «Come Home To Mama» não desilude, mas o resultado seria bem melhor se Martha Wainwright optasse por apresentar um EP.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Best of revisitado

Se há um ano, com «Night Of Hunters», senti estarmos perante a melhor Tori Amos dos últimos dez anos, agora, com a edição de «Gold Dust», a sensação renova-se. O novo trabalho é uma celebração dos vinte anos sobre a estreia a solo de Tori Amos, com o importante «Little Earthquakes», sendo o seu formato idêntico a «Night Of Hunters». Produzido pela própria Tori Amos e com arranjos do colaborador de longa data John Philip Shenale, «Gold Dust» mantém o trabalho com a orquestra e revisita catorze canções do vasto reportório da singer-sonwriter. A ideia surgiu depois de um convite da Metropole Orkest para um concerto conjunto com o universo cancioneiro de Tori Amos. A norte-americana viu-se, então, a reinventar canções que conhecia de trás para a frente. Foi através desse processo de recriação e reinterpretação que surgiram novas imagens e novos caminhos para algumas das suas composições. Temas que vão de «Little Earthquakes» (1992) a «Midwinter Graves» (2009). Momentos que, no passado, marcaram a história discográfica de Tori Amos, voltando a fazê-lo agora, num ambiente sinfónico e mais próximo do universo do musical. Este é um dos melhores discos de Tori Amos.

domingo, 18 de novembro de 2012

The Black Keys | Little Black Submarines


Os norte-americanos The Black Keys têm novo vídeo. «Little Black Submarines» é mais um single retirado de «El Camino», o último trabalho de originais da dupla. O vídeo é realizado por Danny Clinch.

R.E.M. | Blue


Os R.E.M. anunciaram o fim da banda há mais de um ano, mas acaba de ser revelado um vídeo para «Blue». Canção que conta com a colaboração de Patti Smith e encerra o alinhamento de «Collapse Into Now», o último trabalho de originais dos norte-americanos, editado em 2011. O vídeo é realizado pelo actor James Franco.

sábado, 17 de novembro de 2012

Fragrância nova-iorquina

Há algo de empolgante e contagiante na música dos norte-americanos Yeasayer. Às primeiras audições podemos estranhar a sofisticação sonora, mas as suas composições atmosféricas e multicolor acabam sempre por se entranhar. Foi assim com o debut «All Hour Cymbals» (2007), com o seu sucessor «Odd Blood» (2010) e agora com «Fragrant World», o disco de 2012. Cada álbum tem a sua própria identidade e todos eles cresceram à medida que os formos ouvindo. O resultado não é imediato, mas é eficaz. Nem todos os temas convencem («No Bones», por exemplo, parece piscar o olho à idiossincrasia M.I.A. e às produções THEESatisfaction, mas resulta num valente tiro ao lado). No entanto, voltamos a obter daqui algumas das melhores canções pop do ano («Reagan's Skeleton», uma mistura da visão rock musculado e tribal do tempo de «All Hour Cymbals» e as electrónicas adubadas da era «Odd Blood», é excelente). A banda estica a corda mais uma vez e dá um novo e importante passo na sua discografia. Ouvem-se aproximações ao R&B (exemplos de «Henrietta» e «Devil And The Deed»), experimentações rock psicadélico («Folk Hero Shtick») e pop nova-iorquina de primeira linha («Fingers Never Bleed», «Longevity» e «Blue Paper», os três temas que abrem «Fragrant World», são extraordinários).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Sonata de Outono

Ainda há pouco tempo aqui falei de «An Argument With Myself», o EP do sueco Jens Lekman editado em 2011. Um conjunto de cinco canções, construídas com a ligeireza singer-songwriter habitual em Jen Lekman, apostado em funcionar como aperitivo para o novo «I Know What Love Isn’t». O objectivo foi conseguido. No entanto, percebemos agora a necessidade de Jen Lekman separar as composições de «An Argument With Myself» das que compõem «I Know What Love Isn’t». Identificamos a génese crooner de Jens Lekman em ambos os registos, mas cada um vive na sua própria estação. Se no EP de 2011 nos víamos em pleno Verão, entre ritmos quentes do tropicalismo e cadências tribais, o disco agora apresentado respira melhor no Outono. Existem também momentos quentes, como «Erica America», mas as cores aqui são acinzentadas e o assunto é desgostos sentimentais. Há violinos, flautas, saxofones, harpas e pianos prontos para nos conquistar. Composições que nunca tiram os olhos da pop saborosa dos Belle & Sebastian, nem do romantismo apurado de Stephin Merritt e Neil Hannon. «I Know What Love Isn’t» não será o melhor disco de Jens Lekman, mas é mesmo assim uma boa colecção de canções pop de um dos melhores singer-songwriters do velho continente.

Beach House | Wild


Os norte-americanos Beach House têm novo vídeo. «Wild» é retirado de «Bloom», o mais recente trabalho da banda. O vídeo é realizado por Johan Reneck.

Chromatic synthpop

Não há volta a dar. «Kill For Love», o novo trabalho dos Chromatics, é um dos grandes discos de 2012 e um artigo difícil de apanhar nos escaparates de Lisboa. A banda de Portland, Oregon, continua a apostar em produções retro e texturas synthpop para compor temas lânguidos e extremamente sensuais. Canções que perseguem ecos Joy Division e New Order, mantendo, contudo, a sua identidade dream pop. Elementos que podemos encontrar, por exemplo, em «Into The Black», uma extraordinária versão de «Hey Hey, My My (Into The Black)», de Neil Young, e o tema que abre «Kill For Love». As vocalizações de Ruth Radelet, apesar de indolentes, insistem em catalisar as sedutoras produções de Johnny Jewel, o nosso guia aqui, como, também, nos projectos Glass Candy, Desire e Symmetry. O resultado é sexy e irresistível («Lady» é um dos melhores singles do ano). O álbum acaba, assim, por se revelar num valente sucessor de «Night Drive» (2007). As premissas não mudaram muito, mas a música dos Chromatics está mais apurada e completa. Se em «Night Drive» identificávamos alguns pontos altos (recordo «I Want Your Love», «Night Drive», «Tick Of The Clock» e, claro, a belíssima cover de «Running Up That Hill», original de Kate Bush), «Kill For Love» não desarma e mantém o nível elevando em todos os seus setenta e sete minutos. Há momentos serenos («Running From The Sun», «Candy» e «The River» são deliciosos), canções etéreas (ouçam-se «Lady», «Birds Of Paradise» e «There's A Light Out On The Horizon»), temas mais ligados à new-wavePage») e outros mais apostados na pop com sabor vintage Kill For Love» e «These Streets Will Never Look The Same»), episódios nineties Dust To Dust»), músicas astronáuticas («Broken Mirrors») e ainda existe tempo e espaço para menear a anca («Back From The Grave»). Um disco obrigatório, resgatado na Flur.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

www.casadecalexico.com

Agora os Calexico. Banda de Joey Burns e John Convertino, que desde os anos 90 me convence com música americana e aventuras mariachi. A história da dupla iniciou-se nos Giant Sand, outra banda de Tucson, Arizona, com queda para o alternative country, quando os músicos ainda apoiavam o mentor Howe Gelb na secção rítmica. Daí, e ainda antes de se tornarem Calexico, formaram os Friends Of Dean Martin (mais tarde Friends Of Dean Martinez, pois o comediante Dean Martin não lhes terá achado piada). Em 1997, editaram o debut álbum «Spoke», uma boa colecção de gravações caseiras, mas foi com os três trabalhos seguintes («The Black Light», «Hot Rail» e «Feast Of Wire») que Joey Burns e John Convertino se revelaram. Música com alma latina e muitos quilómetros percorridos no deserto californiano. Uma fusão que se apresentou na sua máxima força em 2003, com o soberbo «Feast Of Wire». Desde então, os Calexico editaram o aprovado EP «In The Reins» (resultado do trabalho conjunto com Iron & Wine), bandas sonoras, discos exclusivos para as suas digressões e os álbuns «Garden Ruin» (2006) e «Carried To Dust» (2008). Trabalhos que dão continuidade ao culturalismo Calexico e à mágica fusão de linguagens musicais, mas que acabaram ignorados pelo público em geral. «Algiers», a mais recente aposta da banda, tem tudo para lhes seguir os passos. Voltamos a encontrar belíssimas canções pop com travo alternative country (ouçam-se «Epic», «Para», «Hush» e «The Vanishing Mind»), momentos ora mais latinos («Splitter» e «Puerto»), ora mais folkFortune Teller»), texturas mais intensas («Sinner In The Sea» e «Maybe On Monday») e, contando que «Algiers» foi gravado em Algiers, zona de Nova Orleães, uma agradável entrada em cena do jazz local que quase parece resultar numa morna cabo-verdiana («Algiers», o tema título, é delicioso). Esperemos que este disco tenha melhor sorte.

domingo, 11 de novembro de 2012

Sufjan Stevens | Silver & Gold

Sufjan Stevens prepara-se para editar nova caixa com cinco discos de formato EP sobre o Natal. «Silver And Gold» dá seguimento ao projecto iniciado em 2006, com «Songs For Christmas». Da nova colecção de canções alusivas ao Natal já existem dois vídeos: depois de «Mr. Frosty Man», surge agora a vez de «Silver & Gold».

sábado, 10 de novembro de 2012

Baralhar e voltar a dar

Yet again we’re the only ones, No surprise this is often how it’s done”. Os Grizzly Bear, em «Yet Again», single do mais recente disco «Shields», parecem referir-se a relações interpessoais, mas é quase impossível não transportarmos os seus versos iniciais para outro contexto. Isto porque a banda de Brooklyn continua a ser um caso único na pop dos anos 2000. «Veckatimest», disco de 2009 e o ponto de viragem na história dos Grizzly Bear, mostrou ao mundo pop um grupo de músicos com um apurado sentido de melodia e o gosto pela definição sonora (o mesmo que encontramos, por exemplo, na música dos The xx). Estruturas clássicas e produções que nos permitem identificar o delicioso dedilhar da guitarra em «Sleeping Ute», os depurados arranjos de Daniel Rossen e Chris Taylor em «Speak In Rounds», «Yet Again», «A Simple Answer» e «Gun-Shy», a simplicidade de processos em «The Hunt», ou o magnífico jogo de vozes de «Yet Again» e «Sun In Your Eyes». Elementos e canções que facilmente se conectam com o brilho de «Veckatimest». Porém, «Shields» tem a sua própria força. «Sleeping Ute», o primeiro tema a ser revelado do álbum, acusa a procura de texturas clássicas, mas, também, o apreço pelos The Beatles (fase «Abbey Road»), pela atitude rock de Neil Young e psicadelismo Pink Floyd. «Speak in Rounds» aposta em trilhos Calexico e «Gun-Shy» (muito provavelmente o tema mais acessível do disco) tresanda a produções Danger Mouse, via Broken Bells. Tudo isto compactado em canções de matriz Grizzly indie Bear. Portanto, «Shields» é mais um excelente trabalho destes nova-iorquinos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Chan Power

A vida não tem corrido de feição a Chan Marshall, a norte-americana que se esconde por detrás do título Cat Power. Se mesmo antes de «Sun», o trabalho editado este ano, a singer-songwriter se viu a braços com dificuldades financeiras e problemas de saúde, a verdade é que apresentadas as novas canções o cenário não parece ter melhorado. Ainda recentemente foi obrigada a adiar a digressão europeia devido à falta de verbas e, também, a um angioedema. Contudo, o novo álbum mostra que Chan Marshall não se deixa abater facilmente. «Sun» é o primeiro disco de originais desde «The Greatest», de 2006. «Jukebox», a entrega de 2008, era uma sequela do excelente «The Covers Record», de 2000, ou seja, uma colectânea de boas covers. Já este «Sun» é uma notável colecção de canções pop. Composições com heranças folk, mas apontadas às electrónicas e a episódios pop-rock. Momentos radiosos na discografia de Cat Power que contam com a colaboração de Philippe Zdar, dos Cassius, na mesa de misturas. Notamos, também, a presença de nomes como Jim White, o baterista dos Dirty Three, Gregg Foreman, membro dos The Delta 72 e Pink Mountaintops, e Iggy Pop. O irreverente cantor norte-americano empresta a voz em «Nothin But Time», tema de onze minutos e uma verdadeira elegia à vida e à condição humana (ao nível de um «Heroes» de David Bowie). Mas «Sun» tem mais sumo, feito do balanço e atitude conquistadora de «Ruin», das electrónicas e cadências de «Human Being» e «Manhattan», dos ares estivais de «Sun» e «3, 6, 9», do blues-rock gingão de «Silent Machine», da atitude punk-rock de «Peace And Love» e da franqueza / frontalidade singer-songwriter de «Cherokee». Enorme regresso este, de Cat Power.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Tame Impala | Feels Like We Only Go Backwards


«Feels Like We Only Go Backwards» é o segundo single a ser extraído de «Lonerism», o mais recente álbum dos australianos Tame Impala. O vídeo é realizado por Joe Pelling e Becky Sloan.

Foals | Inhaler


«Inhaler» é o primeiro avanço para o novo disco dos Foals. O terceiro álbum da banda de Oxford, sucessor do excelente «Total Life Forever» (2010), será editado em 2013, com o título «Holy Fire».

Feist | Graveyard


Leslie Feist tem um novo vídeo. «Graveyard» é retirado de «Metals», o quarto álbum de originais da canadiana, editado em 2011.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

The xx²

Continuo a minha pesquisa pela pop de 2012 e pelas recentes apostas na hora de comprar música. Faço-o, agora, com um dos produtos que mais me impressionou nos últimos tempos. Os The xx, banda de miúdos ingleses que mostram gosto pela melodia e pela definição do tempo e espaço numa canção, editaram este ano «Coexist», o seu segundo álbum e o sucessor do aplaudido «xx» (o vencedor do Mercury Prize de 2010). As espectativas eram grandes, para saber como é que o, agora, trio ia dar seguimento à fórmula que tanto nos deu e que encontra inspiração no modus operandi Young Marble Giants e sonoridades Cocteau Twins Vs. Siouxsie and the Banshees. Receita sombria e minimalista que mistura o dubstep com o R&B, explorando o jogo de voz e registo “boy meets girl”. «Coexist» é «xx»². O novo disco solidifica o minimalismo noctívago e o gosto pela definição. As suas canções são mais trabalhadas e mais focadas no pormenor. Notamos, também, algumas tentativas da banda dar novos passos. Jamie “xx” Smith introduz novos ritmos e beats que mostram os The xx num novo patamar (em «Reunion» e «Sunset» vemo-los apostados em chegar às pistas de dança). Mas o resultado volta a ser melancólico, sedutor e até viciante («Chained», «Fiction» e «Missing» são canções belíssimas). Música solene, intima e de cadência lânguida que até parece de fácil construção. E com isto os britânicos The xx seguem criando uma discografia ímpar para os dias de hoje.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

The Walkmen de volta a Lisboa


Não aprecio o espaço TMN ao Vivo. A sala é incaracterística e é habitual vermos o público dispersar-se do palco para beber um copo e pôr a conversa em dia com aquele amigo(a) que se encontra só em concertos. Ultimamente esta prática até é habitual em qualquer sala lisboeta, mas no TMN ao Vivo o local é propício a isso. Porém, com os norte-americanos The Walkmen foi diferente. A banda cedo captou a atenção («Line By Line», «The Love You Love» e «Heartbreaker», temas do mais recente disco «Heaven», assim o obrigaram na abertura do concerto), desfilando energia e magia no malfadado palco do TMN ao Vivo. O som, regularmente mau para aquela sala, esteve no ponto certo (há sempre uma primeira vez). O público deixou a conversa para o fim e, assim, pudemos desfrutar de algumas das melhores canções da discografia dos The Walkmen. Das composições mais serenas como são «Line By Line», «Woe Is Me» e «I Lost You», passando pelas suas canções mais conhecidas (julgo já ser impossível para a banda não apresentar «The Rat» e «In The New Year»), algumas preferências pessoais («All Hands And The Cook» e «We Can’t Be Beat») e acabando nos temas de balanço e matriz The Walkmen como são «On The Water», «Blue As Your Blood», «Dónde Está La Playa», «Heaven» «Everyone Who Pretend To Like Me Is Gone» e «Another One Goes By» (original dos Mazarin e uma verdadeira pérola incluída em «A Hundred Miles Off», de 2006). Enfim, este foi mais um excelente concerto de um grupo excepcional de músicos, facto que fica evidenciado ainda mais no formato live. Foi preciso ver os The Walkmen no TMN ao Vivo para mudar a opinião quanto àquele espaço. Abençoada banda! Louvadas canções!

sábado, 3 de novembro de 2012

And the Mercury Prize goes to...


Os Alt-J (∆) são os grandes vencedores da edição 2012 do Mercury Prize. «An Awesome Wave», o debut álbum da banda de Leeds, ganhou a corrida a discos como «Home Again» de Michael Kiwanuka, «Plumb» dos Field Music, «Given To The Wild» dos The Maccabees, «Django Django» dos Django Django e «Devotion» de Jessie Ware.