domingo, 17 de janeiro de 2010

Recordar é viver

Por muito que me custe afirmá-lo, sou da opinião que os franceses Air continuam a gravar discos e a ter visibilidade devido aos louros colhidos aquando dos primeiros trabalhos do duo. Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel conheceram o sabor da fama com «Sexy Boy», um sucesso radiofónico algo improvável que, a par de trabalhos dos conterrâneos Daft Punk e Cassius, assinalou a reentrada em cena de um qualquer french electronic touch no universo pop. «Moon Safari» (1998) é uma autêntica obra-prima que continua a entusiasmar qualquer melómano. Primorosa colecção de canções pop sofisticada que ainda hoje nos faz sonhar e acreditar numa esmerada carreira musical da dupla de Versailles. Acredito, também, que tenha sido, essa, a principal atracção que levou à enchente do Coliseu de Lisboa no passado sábado (há muito que não via um Coliseu esgotado). Razão pela qual o concerto teve duas partes distintas: uma primeira parte mais morna, na qual se ouviram as novas composições de «Love 2» (álbum que não sendo mau, fica longe do melhor dos Air), e uma segunda parte mais festiva e estimulante em que se ouviram alguns dos grandes clássicos da banda. Paralelamente, e apesar dos altos e baixos da actuação do duo (que em palco é trio), este foi um concerto de recordações. Recordei o impacto que é ver um concerto esgotado no Coliseu. Recordei a marcante primeira passagem da banda por aquela mesma sala em 13 de Novembro de 2001 (soberba prestação aliada a um aliciante jogo de luz e som). Recordei a música que tanto me acompanhou e seduziu na passagem do século XX para o século XXI. Recordei, igualmente, algumas das canções que apadrinharam a minha «descoberta» do universo electro-pop sofisticado e, graças à Antena 3, o que é ir a um concerto à borla. Depois de um imenso hiato, devido à cada vez mais intensa actividade profissional, a caminho do Saldanha tropecei num passatempo que me abriu as portas do Coliseu. Fica aqui o meu sincero bem hajam à Antena 3 e aos Air que me continuam a fazer sonhar e a crer que podem voltar a fazer magia, tal como fizeram em «Moon Safari» (1998), «The Virgin Suicides» (2000) e «Talkie Walkie» (2004). No fim, e apesar do imperdoável esquecimento de «All I Need» e «Playground Love», confesso que foi um deleite reencontrar, em palco, canções como «Talisman», «Cherry Blossom Girl», «Highschool Lover», «Venus», «How Does It Make You Feel?», «Alpha Beta Gaga», «Kelly Watch The Stars», «Sexy Boy» e, essencialmente, «La Femme D’Argent» (instrumental que, mais uma vez, encerrou o concerto do Coliseu da melhor forma).
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Para terminar deixo em altíssima rotação «All I Need» (magnífico tema de «Moon Safari» que conta com a participação especial de Beth Hirsch).

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