segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Cais também mexe


Depois de ter começado a semana no Musicbox e ao som dos Shabazz Palaces, o final de semana reservou-me mais uma excelente noite na caixa de música do Cais do Sodré. Desta feita o programa anunciava a prestação do portuense IVVO “Pantha du Prince” e a estreia em palcos nacionais dos canadianos SUUNS. Juventude sónica com muito sangue na guelra que percorre o trilho do post-punk sem nunca perder de vista a carga mais soturna do indie-stoner-rock (escutem «Gaze» e «PVC»), a exploração prog-rockPie IX») e os ambientes mais hipnóticos que surgem aqui pela mão das electrónicas («Arena» é uma tema excepcional). Música visceral e nervosa que consegue dar espaço ao silêncio e aos ritmos mais lânguidos, criando momentos de pura tensão sonora. Excitação recente, movida pela perspicaz agenda do Musicbox, que subiu ao altar da capela da Rua Nova de Carvalho para incendiar e entusiasmar quem por lá passou na sexta-feira. O quarteto cedo soube seduzir a plateia, com os ambientes a la David Lynch de «Red Song» (single recentemente editado em vinil e que, muito provavelmente, fará parte do segundo álbum da banda) e a efervescência em crescendo de «Arena», canção que nos faz recordar os poucos, mas óptimos, momentos Muse criados em torno das electrónicas. As boas referências continuaram a passar pelo palco do Musicbox: da intensidade At The Drive-In aos riffs temperados por Jimmy Page, passando pelas texturas sonoras de uns Interpol e o brilho ofuscado dos Clinic. No entanto, foram as músicas e a forma apaixonada com que os SUUNS se apresentaram que mais surpreenderam. Fui ao Musicbox com a certeza que os SUUNS eram uma excelente banda em disco, mas o eufórico e fresco concerto que a banda nos ofereceu mostrou que os canadianos são muito mais que isso.

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