quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Lá muito da casa


O disco de 2012 que, até à data, mais tocou por estas bandas foi «Blues Funeral», da Mark Lanegan Band. Porquê? Primeiro porque estamos perante um disco extraordinário de Mark Lanegan, para muitos o Tom Waits do grunge. Depois porque «Blues Funeral» é o primeiro álbum de Lanegan em nome próprio em sete anos e o verdadeiro sucessor de soberbo «Bubblegum» (2004). O disco conta com a colaboração de nomes como Chris Goss, Greg Dulli, David Catching, Martyn LeNoble, Jack Irons e Joshua Homme. «The Gravedigger’s Song», o single de apresentação, nasce da propulsão mecânica e ritmos incansáveis desse marco stoner rock que é «Songs For The The Deaf» (2002), dos Queens Of The Stone Age (banda à qual Mark Lanegan deu o seu contributo entre 2000 e 2005). Portanto, além das ligações artísticas e de executantes com a família QOTSA, estabelece-se também um elo sonoro e atmosférico com a vertente mais melódica do stoner rock. Podemos encontrar momentos bem pesados como são exemplo «Riot In My House» (cadência indie rock emprestada por «E-Pro», de Beck, sobre a qual Joshua Homme conduz a seu belo prazer um esguio riff de guitarra que nos leva até às suas Desert Sessions) e «Quiver Syndrome» (mais um ponto de contacto com os QOTSA). No entanto, é a vertente mais lânguida, mais melódica e electrónica de «Blues Funeral» que marca a diferença. Mark Lanegan encontra-se com os The Velvet Underground («Phantasmagoria Blues»), pisca o olho aos U2 de «Joshua Tree» («Harborview Hospital»), entrega-se ao minimalismo pop em «St. Louis Elegy» e ainda tem tempo para mostrar que as suas experiências em projectos de música electrónica (UNKLE, Bomb The Bass e Soulsavers à cabeça) foram proveitosas para o seu processo de composição («Ode To Sad Disco» é uma excelente canção).

Sem comentários: