sábado, 5 de maio de 2012

Pop Magnética

Outra das minhas recentes apostas discográficas, com o selo de 2012, passou pelo mais recente trabalho dos The Magnetic Fields. Banda norte-americana que conheci aquando do conceptual e triplo álbum «69 Love Songs» (1999) e da passagem pelo palco do CCB (2001), mas que nunca mais larguei. Ora, apresentadas as suas sessenta e nove variações trovadorescas, Stephin Merrit e os The Magnetic Fields embarcaram em nova etapa, a «no-synth trilogy», da qual resultaram os competentes «I» (2004), «Distortion» (2008) e «Realism» (2010). Chegamos, então, a 2012 e a «Love At The Bottom Of The Sea». Álbum que reabilita os sintetizadores na composição dos The Magnetic Fields, mas que mantem o seu gosto pelo acaso e, principalmente, pelos amores e desamores de Stephin Merritt («A pity she does not exist / A shame he's not a fag / The only girl I ever loved was Andrew in drag»)Canções de dois minutos que confirmam uma das facetas mais naïve na pop da actualidade, que nunca deixa de piscar o olho ao melhor que aí tem surgido nos últimos tempos: se «Born To Love» parece produzida pelo Sufjan Stevens de «The Age Of Adz», «Infatuation (With Your Gyration)» e «The Machine In Your Hand» podem ter-se inspirado em «We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves», de John Maus. Ainda assim, a música de «Love At The Bottom Of The Sea» vive da alma de Stephin Merritt: canções curtas, rimas caprichosas, instrumentação com tempero minimalista, entoação de desencanto, bizarrias e eficácia na hora de construir melodias pop. Dados que fazem de «Love At The Bottom Of The Sea» uma simpática colecção de canções pop que recupera algum do tempo perdido na «no-synth trilogy», enriquecendo ainda mais o legado cancioneiro de Stephin Merritt.

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