sábado, 27 de outubro de 2012

“Foi tão bom para ti como foi para mim”



Já no terceiro e último encore, e num tom quase de desafio, Manel Cruz exalta “Deus nos guie para a luz / porque eu não creio ser capaz / qual de nós vai ter uma missão / tu tens a vida que eu quis ter / eu, eu não / pára-me agora”. Os Ornatos Violeta consumavam o primeiro de três concertos no Coliseu dos Recreios (aos que se seguem outros tantos a realizar no Coliseu do Porto) e faziam-no de uma forma íntima e extraordinariamente natural. Custa acreditar que esta banda, causa do maior caso de culto na música portuguesa, esteja separada dos palcos e dos discos desde 2001. No entanto, e apesar do hiato de mais de dez anos, a música dos Ornatos Violeta nunca nos deixou e isso ficou bem patente no palco do Coliseu de Lisboa. Testemunhou-se o sentido de comunidade e culto em torno da banda do Porto e das suas canções. Foi «Tempo de Nascer» a celebração, do público e da própria banda, da comunhão que vinha sendo alimentada, pela ausência, desde o início do fim dos Ornatos Violeta. O sentimento era geral e “foi tão bom” ver e ouvir todo o Coliseu a entoar “dá-me a tua mão e vamos ser alguém a vida é feita para nós!”. Raros foram os momentos, vividos naquele mesmo palco, em que o público e a banda se mostraram e colocaram no mesmo estado e comprimento de onda. Ambas as partes desfrutaram ao máximo o reencontro com «Cão!» e «O Monstro Precisa de Amigos», havendo, também, espaço para inéditos e raridades (extras à própria colectânea «Inéditos / Raridades», de 2011). Uns riram e outros emocionaram-se, mas “foi uma noite do caralho”, voltar atrás e reencontrar «Mata-me Outra Vez», «Chaga», «Coisas», «Bigamia», «Nuvem», «Ouvi Dizer», «Capitão Romance», «O.M.E.M.», «Punk Moda Funk» e «Tempo de Nascer». Lá pelo meio a banda ainda aceitou o pedido dum “tipo com tomates” para subir ao palco e tocar com a banda «Deixa Morrer», tema dedicado à Beatriz. “São só coisas”, mas “foi tão bom” ver o emocionante reencontro com os Ornatos Violeta. “O amor é isto e nada mais!



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