domingo, 20 de janeiro de 2008

Incursões na «selva»

Continuo as minhas navegações amazónicas para falar de uma das muitas vozes femininas que me têm acompanhado nos últimos tempos, Martha Wainwright.
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Apesar do debut só ter surgido em 2005, Martha já anda no mundo da canção há muito. O longínquo ano de 1999 marcou a sua estreia discográfica com um homónimo E.P. de 6 temas, entre os quais «G.P.T.» e «Don’t Forget» que surgiram no alinhamento final de «Martha Wainwright», o álbum. Em 2002 é editado o E.P. «Factory», outro dos grandes temas incluídos no debut álbum de Martha. Ambos os registos não estavam disponíveis para entrega no país periférico que era Portugal. Porém, «Bloody Motherfucking Asshole», de 2004, e «I Will Internalize», de 2005, chegaram cá e intensificaram a admiração por esta singer/singwriter canadiana (os outros dois ficam para os próximos episódios). «Bloody Motherfucking Asshole» é visceral e um dos temas mais fortes da «musicografia» de Martha Wainwright. «Oh I wish, I wish, I wish I was born a man / So I could learn how to stand up for myself / Like those guys with guitars / I've been watching in bars / Who've been stamping their feet to a different beat / To a different beat» reclama Martha, transmitindo uma aparente revolta que se dissipa com os primeiros acordes do espacial «I Will Internalize». «When The Day Is Short», numa versão mais curta que o single extraído de «Martha Wainwright», é exercício pop solarengo e banda sonora para um agradável final de tarde na companhia de alguém especial («And I don’t care if you / If you love me tomorrow just / Love me tonight & I / I will be all right / I’ll be all right / Until tomorrow night»). Em «It’s Over» descobrimos a presença de uma Sheryl Crow ébria e mais acessível para ouvidos indie e «How Soon», a terminar, é uma autêntica lullaby que se desenvolve ao som de uma caixinha de música e que representa uma despedida perfeita para este E.P..
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Mudamos de E.P., mas continuamos de ouvidos bem colados às histórias que Martha Wainwright nos tem para contar. «I Will Internalize» é outro E.P., editado em 2005 e em exclusivo para o mercado canadiano, a figurar na discografia de Martha. A simplicidade/minimalismo dos teclados iniciais confere uma ambiência mais etérea à música de Mrs. Wainwright. A voz apresenta-se na máxima força e o tema é acompanhado por uma discreta e compassada guitarra acústica. «Baby», «Bring Back My Heart» (que conta com a presença de Rufus Wainwright) e «Dis, Quand Reviendras-Tu?» (cover de um tema de Barbara, com Kate McGarrigle no piano) são os extras da edição especial do debut «Martha Wainwright». «Baby» é uma autêntica declaração de amor musicada e centrada na voz da intérprete: Edith Piaff meets Nick Drake dirão muitos. «Bring Back My Heart» junta os manos Wainwright para um delicado momento no qual é impossível não comparar vozes, interpretações, colocação de voz, etc. Se Rufus segue o caminho de um persuasivo falsete, Martha surge num registo mais habitual e igual a si mesma, mas não menos proveitoso. «Dis, Quand Reviendras-Tu?», original de Barbara, é uma estupenda interpretação de Martha que conta com a ajuda de Kate McGarrigle ao piano e que não envergonharia a própria Barbara. E em «New York, New York, New York» julgamos ver e ouvir no mesmo palco o smooth-jazz de Norah Jones e os excessos sedativos de Tori Amos. Razões mais que suficientes para estarmos atentos a esta senhora.

Em forma de despedida e a aguçar o apetite para o novo álbum que chegará ao mercado ainda este ano fica o vídeo de «When The Day Is Short».

1 comentário:

Anónimo disse...

conheço ainda mt pouco da martha, tenho mesmo de a decobrir como deve ser.