sábado, 2 de fevereiro de 2008

Incursões na «selva»

Foquemo-nos, uma vez mais, numa voz feminina, para continuarmos a minha última excursão à Amazon. Rosie Thomas, norte-americana originária do Michigan, começou as suas aventuras musicais com a banda indie Velour 100 (colectivo que contava com o multi-instrumentista Trey Many dos His Name Is Alive). Alguns concertos volvidos, Rosie conhece Damien Jurado que a convida para participar no tema «Parking Lot» do álbum «Ghost Of David» e com quem grava «Wages Of Sin» para a compilação «Badlands: A Tribute To Bruce Springsteen’s Nebraska». Daí até à emblemática editora Sub Pop lhe oferecer um contrato discográfico foi um pequeno passo. «When We Were Small», primeiro álbum de originais, foi editado em 2002 e eu não resisti a mais uma voz inocente e doce como o mel e a uma musicalidade americana na qual o espírito de Joni Mitchell se evidenciava em cada novo saborear.
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«In Between», E.P. de estreia editado em 2001, foi o primeiro manifesto folk de Rosie Thomas. Disponibilizado unicamente nos seus espectáculos ao vivo e no sítio electrónico da Sub Pop, esta «introdução de 5 canções a Rosie Thomas» (palavras da Sub Pop) pode deliciar qualquer fã. Porém, para quem tem coleccionado os vários goodies que momentaneamente surgem nas «tascas» nacionais, «In Between» acaba por saber a pouco. Musicalmente é apresentado um único tema «novo», «Tired», que apesar da «cristalinda» voz de Rosie aparenta uma energia trôpega e «cansada». Adicionalmente, e em contraposição encontramos uma das canções mais requintadas da carreira de Rosie Thomas, a pérola «Leftover Coffee» e a suave e melodiosa «Paper Airplaine» (temas que em 2002 figuraram no alinhamento final do E.P. «Paper Airplaine»). De «When We Were Small» ouvimos ainda a outonal «October» e, em forma de despedida e ao piano, a lullaby «Farewell». Sendo assim, «In Between» recomendar-se-á só para os seguidores habituais de Rosie Thomas.
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Da estreia saltamos já para a mais recente proposta de Rosie Thomas, o álbum «These Friends Of Mine». Composto e gravado em comunhão com os seus músicos amigos Sufjan Stevens, Denilson Witmer e Josh Myers, «These Friends Of Mine» é uma bucólica e delicada viagem pela América contemporânea, na qual a cidade de New York se destaca. Porém, são as referidas comunhão e inocência que acabam por borrar as ternurentas linhas de «These Friends Of Mine». Tudo começa bem com a carinhosa «If This City Never Sleeps», perfeita introdução à musicalidade e envolvência de Rosie Thomas, a despretensiosa «Why Waste More Time?» que recupera o espírito sofrido de Nick Drake para declarar «It’s so hard letting go / Letting go of love / It might cause some pain, I know / But pain is all you’ve got» e a superior interpretação do não menos extraordinário «The One I Love» dos R.E.M.. Excelente presságio pensei logo. No entanto, aos primeiros acordes de «Much Farther To Go» tudo se volta a repetir. Desilusões amorosas que encaixam perfeitamente no frágil mas apurado timbre de voz de Rosie Thomas, melodias simpáticas e canções que não ferindo a sensibilidade de ninguém acabam por não marcar qualquer diferença na já considerável discografia desta singer/songwriter norte-americana. Destaque final para «Songbird», a outra cover aqui documentada (Fleetwood Mac), e o tema título «These Friends Of Mine» que junta nos coros amigos e família para um grandioso final de mais uma regular colecção de temas Rosie Thomas.
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Em jeito de despedida, fica o vídeo de «Pretty Dress», tema extraído de «If Songs Could Be Held», de 2005.
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