terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Super Bock em Stock II

O roteiro para a segunda edição do Super Bock em Stock passava por assistir aos concertos de Wild Beasts, The Legendary Tigerman, Beach House, Little Joy, Patrick Watson e tentar espreitar as actuações de Voxtrot, Os Golpes, Ebony Bones, The Invisible e Wave Machine.
.
Na primeira noite os britânicos Wild Beasts apresentaram o magnífico «Two Dancers» (segundo álbum da banda, editado este ano) e saíram claros vencedores deste primeiro tomo Super Bock em Stock de 2009. Incrível como a singularidade do falsete de Hayden Thorpe se mantém em formato live e a envolvência da sonoridade de «Two Dancers» sobrevive às fracas condições que a sala 1 do cinema São Jorge oferece. O público reagiu muito bem e deu a entender que canções como «The Fun Powder Plot», «We Still Got The Taste Dancin’ On Our Tongues», «All The King’s Men», «The Devil’s Crayon» e «Hooting & Howling» constam da actual playlist da maioria dos presentes. Actuação que, a meu ver, merecia uma nova visita ao nosso país, mas agora em nome próprio e numa sala como o Lux. Terminada a actuação dos Wild Beasts atravessámos a Avenida da Liberdade para assistir à salganhada funk pop rock tribal urbana da britânica Ebony Bones que muito tem dado que falar. Ebony Bones é uma mistura de Santigold, Karen O (Yeah Yeah Yeahs) e Skin (Skunk Anansie). Muita energia em palco, mas canções menores (muito menores) que qualquer composição das senhoras supracitadas. O espectáculo é empolgante, mas revela-se, igualmente, inconsequente e inconsistente (aproximação falhada aos Buraka Som Sistema). Seguiu-se The Legendary Tigerman que trouxe consigo algumas vozes femininas para apresentar «Femina», mas cedo se viu que esta não era a noite do Homem Tigre. O próprio, a determinada altura, e apercebendo-se da monotonia que estava a assolar a sua prestação, atirou com a guitarra ao chão e deu inicio à fase rock n’ roll blues que tanto o identifica. De louvar a metamorfose, mas para mim já era tarde e acabei por ir descansar de mais uma longa semana de trabalho…
.
Na segunda noite a primeira cerveja teve o selo do Cabaret Maxime. Porém, rapidamente percebi que a música de Mocky resultaria muito melhor na sexta-feira, após uma intensa semana de trabalho e já em fase de descompressão, que no sábado. Segui para o Teatro Tivoli e aguardei pela estreia em palcos nacionais do duo norte-americano Beach House. Dream pop com travo melancólico que encontra nas entrelinhas da sonoridade dos conterrâneos Mazzy Star (de Hope Sandoval) o segredo do seu «aparente» sucesso. Temas simples e certeiros que cativaram uma sala muito perto de esgotar e justificou o agendar de novo concerto para Março de 2010 (dia 17 no Lux e dia 18 no Centro Cultural Vila Flor). Registe-se que Victoria Legrand e Alex Scally editam já no final de Janeiro «Teen Dream», o terceiro álbum de originais. Com mais uma caminhada até ao outro lado da Avenida da Liberdade espreitámos a competente actuação dos The Invisible. Já ouvi uma ou outra coisinha do novo álbum deste trio que soa a TV On The Radio, mas que aposta mais num experimentalismo indie pop ambiental enraizado na sonoridade dos Sonic Youth e que conta com o precioso auxílio de Matthew Herbert. Voltamos ao Tivoli para assistir ao concerto mais festejado do festival. Os Little Joy, banda que nasceu em Lisboa e que reúne Rodrigo Amarante (Los Hermanos), Frabrizio Moretti (The Strokes) e Binki Shapiro, mostraram ter uma forte legião de seguidores em solo português. A sala estava a abarrotar e o público celebrou cada tema como se tratasse do último single de sucesso que tanto nos seduziu nas últimas semanas. Confesso que o álbum é simpático e o concerto também o foi. Tanto o público como a banda estavam bastante contentes por ali estar a comemorar a música do homónimo álbum de estreia do trio que em palco é octeto. Tudo corria bem, mas eu saí de mansinho para conferir o concerto de Patrick Watson. O músico/banda, que ainda em Março de 2008 nos ofereceu um magistral concerto na Aula Magna, estava de regresso ao nosso país para apresentar «Wooden Arms», terceiro álbum de originais que se revela menos apelativo (entenda-se pop) e mais destinado a musicar qualquer película cinematográfica rodada no deserto norte-americano. Pois é, novo concerto, novo momento para ficar registado na memória. Patrick Watson é um músico de excepção e é autor de algumas das melhores canções editadas nos últimos anos. Canções acima da média e de um nível superior a qualquer uma das bandas presentes no festival da passada semana. Facto que ficou comprovado no momento em que músico e banda subiram ao palco da sala 1 do cinema São Jorge. É pena que o recinto não tenha estado à altura dos acontecimentos. O som foi abaixo umas três ou quatro vezes, o jogo de luz foi uma vergonha (incrível como Patrick Watson esteve completamente às escuras durante «The Great Escape») e quando os músicos se aventuraram a fazer o habitual número de «Man Under The Sea», ou seja, subir à plateia para tocar e cantar com o público, não houve ninguém que se lembrasse de ligar as luzes da sala… Peripécias que não impediram Patrick Watson de oferecer mais um magnífico espectáculo, mas que acabaram por manchar o festival e nos fazem pensar se será mesmo bom promover esta tipo de iniciativas quando os recursos são escassos.

1 comentário:

CarmenG disse...

E eu consegui perder o melhor da noite, o concerto de Patrick Watson, por ter ficado colada à alegria estontiante do som dos Little Joy.
Pode ser que nos brinde em 2010 numa sala à altura, quem sabe na aula magna.. :)

Feitas as contas,o saldo do festival foi positivo. Para o ano há mais..