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Agora um «disco da casa». As CocoRosie já são quase família e «Grey Oceans» vem, uma vez mais, confirmar o meu gosto pela aparente inocência que percorre as entrelinhas folk da sua música («Lemonade», o primeiro single, é uma verdadeira delícia). Faz, também, esquecer o menor «Coconuts, Plenty Of Junk Food», o EP que foi disponibilizado na última digressão (2009) que passou por Lisboa. «Grey Oceans» é, assim, um disco que mantém viva a identidade das CocoRosie, mas que revela uma clara intenção de ir mais além, mais ao encontro da canção. A dupla continua a utilizar a folk e a sua desafiante criatividade urbana para moldar as composições, mas agora os temas revelam-se mais ricos («Hopscotch», «The Moon Asked The Crow» e «Fairy Paradise» são bons exemplos disso mesmo). Desta forma, e apesar da habitual criancice bucólica («Gallows», «Undertaker», «Grey Oceans» e «R.I.P. Burn Face» recuperam bem esse registo), as CocoRosie mostram sinais de crescimento e amadurecimento, abrindo novos caminhos para a sua música. Exemplos? Enquanto «Smokey Taboo» nos transporta para Marraquexe, a diversidade sonora de «The Moon Asked The Crow» resulta num «je ne sais quois» Gotan Project. «Fairy Paradise» atira as irmãs Casady para a pista de dança e «Hopscotch» é um verdadeiro dois em um: ora uma paródia em estilo cabaret, ora um ritmo galopante capaz de meter inveja a Björk. Resumindo e concluindo, «Grey Oceans» não será um disco para angariar novos adeptos, mas, eventualmente, poderá recuperar algum do público que foi perdendo a esperança na música das irmãs Casady.
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Chegamos à dupla blues-rock The Black Keys e a um dos discos mais cool de 2010. Formados em 2001, por Dan Auerbach (voz e guitarra) e Patrick Carney (bateria), os The Black Keys foram imediatamente catalogados como descendentes directos dos conterrâneos The White Stripes. Na verdade, os factos eram evidentes: uma bateria perspicaz, uma voz penetrante e uma guitarra capaz de acordar para o mundo o Santo Papa Bento XVI. Pessoalmente, os The Black Keys eram, até há bem pouco tempo, mais uma entre muitas bandas «Black... something» com alguns singles interessantes. Porém, «Strange Times» (single do álbum de 2008 «Attack & Release») e, principalmente, «Tighten Up» (primeiro avanço de «Brothers», de 2010) vieram mostrar-me que afinal estava a perder um dos melhores projectos rock da actualidade. Vai daí decidi comprar não um, mas sim os dois últimos álbuns da dupla, entretanto já aqui identificados. Ambos os trabalhos são co-produzidos pelo camaleão Danger Mouse e este facto revela-se uma clara vantagem em relação ao passado garage rock minimalista que foi domi
nando os discos da banda. Ouçam-se, por exemplo, o falsete irresistível de «Everlasting Light», os lânguidos «Too Afraid To Love You» e «Lies», ou os sedutores «So He Won’t Break» e «Things Ain’t Like They Used To Be». Extraordinárias canções rock de uma banda de excepção que, apesar de chegaram tarde, chegam em boa hora.
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O rock nunca pareceu tão cool!
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Para terminar fica um vídeo, recentemente disponibilizado pelos The Black Keys e registado em estúdio, para o soberbo «Too Afraid To Love You» (tema que surge no alinhamento de «Brothers»).
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Para terminar fica um vídeo, recentemente disponibilizado pelos The Black Keys e registado em estúdio, para o soberbo «Too Afraid To Love You» (tema que surge no alinhamento de «Brothers»).
1 comentário:
Grande disco dos Black Keys.
Em permanente rotação cá em casa.
Abraço
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