sábado, 25 de setembro de 2010

Domingo em festa

A noite estava há muito reservada para a minha estreia em concertos do talentoso Mark Oliver Everett, a.k.a. Mr. E, com o seu projecto de longa data EELS. Contudo, uma simples mensagem de telemóvel levou-me até ao, então desconhecido, Clube Ferroviário para outra estreia absoluta: B Fachada. Apesar de ainda não ter explorado «Há Festa na Moradia», o mais recente disco de B Fachada, a minha adoração pela obra deste ‘cantautor’, que trocou uma carreira na física pelos palcos, tratou de quase tudo o resto. É certo que o local não podia ser mais apropriado para um concerto íntimo e estival, como se desejaria. Uma esplanada com o Tejo no horizonte e um Bar que, entre outras coisas, me brindou com o saudoso granizado de Açaí, o qual fez maravilhas, em Fevereiro passado, na cidade do Rio de Janeiro. Encontrei amigos de longa data e de outros ‘espectáculos’ para uma verdadeira festa no concorrido terraço do Clube Ferroviário. B Fachada apresentou alguns temas novos, passou pelo mais recente trabalho, pelo importante «Um Fim-de-semana no Pónei Dourado» e, como não podia deixar de ser, recuperou algumas das canções mais aplaudidas do álbum homónimo de 2009. Confesso que me bastaria ouvir «Tempo Para Cantar» e/ou «O Desamor» para enaltecer, uma vez mais, o trabalho de B Fachada. Ambas as canções passaram pelo palco, tal como «A Velha Europa», «Etelvina» (numa versão personalizada do original de Sérgio Godinho) e o já emblemático «». Tudo parecia perfeito! Todavia, para quem ficou mais afastado do palco, como eu, acabou por não entrar verdadeiramente naquela festa de final de tarde. Faltou só um bocadinho mais de som para aprimorar aquela passagem pela Rua de Santa Apolónia.
.Primor era a nova que, entretanto, vinha do Estádio da Luz. Cardozo fazia as pazes com os adeptos benfiquistas e tudo parecia encaminhado para uma noite em beleza. Ora então, se a apresentação de B Fachada pecou pelo fraco som, a dos EELS ofereceu decibéis a rodos e capazes de ferir os ouvidos de qualquer um dos presentes. Dado que chegou a provocar algumas desistências. Quanto a mim, desde a já longínqua descoberta de «Beautiful Freak» (1996) que desejava ver estes EELS ao vivo e nem o facto dos últimos registos estarem um pouco aquém de outros momentos do projecto me fez abdicar deste espectáculo. O certo é que bastaria a Mr. E subir ao palco para que a noite fosse plena de entusiasmo e satisfação. Isto porque Mr. E conquistou-me há muito com o já citado «Beautiful Freak» (1996) e «Electro-Shock Blues» (1998). Todavia, quem se deslocou ao Coliseu para ver e ouvir a pop melancólica de «Novocaine For The Soul» e «Electro-Shock Blues», o suave perfume folk de «Climbing To The Moon» e «Guest List», o “sarcasmo” naïve de «Your Lucky Day In Hell» e «My Beloved Monster», o rock alternativo de «Cancer For The Cure» e «Not Ready Yet», a pop em tons de brincadeira de «I Like Birds» e «Last Stop: This Town», ou o grunge de «Mental» e «Rags To Rags» foi ao engano. Ao vivo. os EELS são uma banda rock & blues de barba rija e, em cima do palco, nem os temas mais ordeiros, alguns dos quais já identificados, se livram da roupagem rock sulista. Não é, de todo, a minha versão preferida dos EELS, a que assisti no passado domingo, mas a noite era de celebração. É certo que Mark Oliver Everett não se mostrou muito comunicativo e o Coliseu esteve a meio gás, mas foi uma excelente noite rock & roll por onde passaram grandes canções dos EELS e versões de «She Said Yeah» (Rolling Stones), «Summer In The City» (The Lovin’ Spoonful) e «Summertime» (George Gershwin). Por fim, e apesar do merchandise já não ser muito (o espectáculo do passado domingo encerrava a digressão de apoio ao mais recente trabalho «Tomorrow Morning»), consegui adquirir o CD + DVD «EELS Live And In Person! - London 2006» (2008), artigo exclusivo para venda nos concertos dos EELS.
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Para terminar deixo em airplay «Baby Loves Me», o mais recente vídeo dos EELS.

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