domingo, 4 de maio de 2008

«Direi em poucas palavras como Maldoror foi bom...»

Após o excelente espectáculo de Nick Cave And The Bad Seeds, a agenda lisboeta de concertos/espectáculos marcava para o dia 23 de Abril, na Culturgest, a apresentação do espectáculo conceptual - que entretanto resultou em álbum - «Maldoror», dos bracarenses Mão Morta. Seguindo a ideia já explorada pela banda em 1997, com o espectáculo «Müller no Hotel Hessischer Hof» (adaptação de poemas do dramaturgo Heiner Müller), Adolfo Luxúria Canibal e companhia musicam agora textos originais do Conde de Lautréamont (Isidore Ducasse).
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A peça, encenada por António Durães, é assombrosa! Os textos retratam o mal, os vícios, a repugnância, a loucura, o nojo («Estou sujo. Roído de piolhos. Os porcos, quando olham para mim, vomitam»). Os trajes são negros e inacabados e a música cristaliza toda esta anarquia que vive em «Maldoror». Há espaço para o humor negro («Fiz um pacto com a prostituição para semear a desordem nas famílias»), para a crueldade («A Maldade»), para momentos épicos e de pura carnificina («A Cópula») e outros actos mais filosóficos («A Poesia»). Presenciei, desta forma, a uma excelente noite de música sombria na noite de Lisboa, e em que mais uma vez os Mão Morta estão de Parabéns. «Está dito».

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