A noite do passado dia 11 de Maio tinha tudo para ser memorável. Enquanto metade de Portugal palpitava e celebrava as emoções futebolísticas de finais de temporada e de carreira (uma sentida e profunda palavra de apreço para um dos símbolos maiores de futebol português, Rui Costa), uma Aula Magna esgotadíssima ansiava pelo som aveludado dos The National, a banda do Ohio (sediada em Nova Iorque) mais conhecida da actualidade. «Boxer», quarto álbum do colectivo e mote para o concerto em Lisboa, marcou presença em qualquer listagem que se preze entre os melhores de 2007 (para mim foi mesmo o melhor disco de 2007). Como se não bastasse, os bilhetes para esta estreia em nome próprio e na capital portuguesa esgotaram em poucas semanas. Razões pelas quais podemos afirmar que as expectativas eram grandes.
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A euforia começou cedo para quem antecipou a entrada na Aula Magna, pois o vocalista Matt Berninger decidiu confirmar se tudo estava operacional na mesa de som, pelo que a curta e apressada sessão de autógrafos foi inevitável. No entanto, as emoções fortes iniciaram-se ao som de «Brainy», um dos temas mais melodiosos de «Boxer» e uma das canções mais rodadas no meu leitor de MP3 durante 2007. Todavia, a performance vocal de Matt Berninger surgiu fria, o som parecia metalizado e os «altos» ritmos do baixo tornaram-se impróprios para a harmonia patenteada na versão estúdio de «Brainy». «Secret Meeting» seguiu-se-lhe e a desconfiança foi diminuindo, pois Padma Newsome (o sexto elemento do colectivo que se ocupa do violino e keyboards) carregou no acelerador e aqueceu os restantes membros da banda. Aquando de «Mistaken For Strangers», o excelente primeiro single de «Boxer», já tudo corria dentro da normalidade e o público saltou das cadeiras para menear-se ao som sedutor dos The National. «Baby We’ll Be Fine» foi outro dos temas recuperados de «Alligator» (2005). O ritmo abrandou e «Slow Show» comprovou-o, mas «Squalor Victoria» logo alvoroçou os presentes e, principalmente, Matt Berninger que mostrou os primeiros sinais de desatino, berrando alguns dos versos do tema. «Abel», um dos singles essenciais de «Alligator» adensou a entusiasmo vivido que só a sequência «Wasp Nest» (do EP «Cherry Trea»), «Racing Like A Pro» e «Ada» conseguiram aquietar. «Apartment Story» incitou às palmas e «Daughters Of The Soho Riots» surpreendeu os próprios The National, com o público a entoar em uníssono o refrão desarmante no final do tema. Os magníficos «Fake Empire» e «Start A War» fecharam o alinhamento original do espectáculo. Após o ensurdecedor chamamento do público, os The National fecharam esta brilhante noite com a folk melódica de «Green Gloves», a pujança de «Mr. November» (com Matt Berninger tresloucado a invadir os lugares doutrinários da Aula Magna) e a calmaria de «Gospel» e «About Today». Acenderam as luzes e os sorrisos de satisfação eram evidentes na cara de todos.
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