terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mercury Rev na Aula Magna

Numa das muitas viagens matinais a caminho do trabalho, com o auto-rádio sintonizado na Antena 3, lá conquistei um ingresso para o concerto dos Mercury Rev na Aula Magna e que aconteceu no passado Sábado. Depois de os ter visto no CCB, há alguns anos atrás, voltei a presenciar a pop sonhadora que a banda transfigura ao vivo em experimentalismo indie. Turbilhões de som que em nada se ajustam à harmonia sonora evidenciada em disco. Ritmos acelerados, riffs cortantes, ambientes psicadélicos e uma voz em falsete que estão mais presentes nos primeiros discos dos Mercury Rev que nos mais recentes trabalhos.
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O álbum a apresentar foi «Snowflake Midnight», o qual ainda não tive a oportunidade de conhecer. Porém, os temas que passaram pelo palco da Aula Magna foram, na sua maioria, dos dois álbuns de maior sucesso da banda norte-americana: «Deserter's Songs» (1998) e «All Is Dream» (2001). Os ingredientes não poderiam ser melhores, pensava eu. Ouviram-se «Holes», «You’re My Queen», «Tonite It Shows», «The Dark Is Rising», «Opus 40», «Tides Of The Moon», «The Funny Bird» e «Godess On A Hiway». Canções que cabiam em qualquer compilação do melhor da música indie norte-americana da última década, mas que no concerto da Aula Magna se mostraram mancas. O espectáculo foi non-stop. Sem paragem entre as canções e sempre em busca de picos emocionais. Os vídeos e citações filosóficas não deram descanso ao espectador e as explosões sonoras, alimentadas por uma desorientada bateria, foram uma constante. As músicas eram reconhecíveis, mas viveu-se um estranho sentimento de alienação. O concerto foi bom, mas não foi genial. A banda esteve bem, mas não se apresentou de forma excepcional. As músicas são muito boas, mas no Sábado passado algo lhes retirou o protagonismo. Da postura mais cabotina do vocalista Jonathan Donahue, aos vídeos que passaram pelo palco e passando pela pungente e desconexa bateria. Tudo em prol da exaltação do espectáculo e da banda. No entanto, caso os Mercury Rev tivessem optado por apresentar um espectáculo mais contido, julgo que o público se poderia ter focado mais na música e nas canções e não em aspectos laterais.
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Para terminar escolhi o vídeo realizado por Anton Corbijn para o clássico «Goddess On A Hiway».

1 comentário:

CarmenG disse...

Concordo contigo quando dizes que o concerto poderia assentar num espectáculo mais contido..
Talvez tenha por base aquilo que dizes.. O público teria-se focado mais na música (que é boa) e não tanto em aspectos laterais, que achei um pouco mais "teatrais".

No entanto na minha apreciação global, poderia ter sido melhor. Pelo menos face às minhas expectativas, ficou um pouco àquem.

De qualquer maneira continuo a gostar muito da música, sobretudo, deste tema que escolheste.