segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dois em um

Se a minha presença no concerto dos The National foi decisão de última hora, a comparência na Aula Magna para assistir à estreia de PJ Harvey em Lisboa há muito que estava assegurada. Para além da minha profunda admiração pelo percurso de Polly Jean Harvey, «Let England Shake», o seu mais recente trabalho, merecia-o. A noite tinha, então, tudo para ser histórica, não fossem marcar, para esse mesmo serão, a estreia em palcos lisboetas do projecto Twin Shadow… Ainda assim, o coração levou-me até à Aula Magna, onde PJ Harvey ofereceu um espectáculo irrepreensível. São poucos os concertos em que a sensação de perfeição prevalece. No entanto, foi isso que aconteceu naquela hora e meia. PJ Harvey e respectiva banda suporte, composta por John Parish, Mick Harvey e Jean-Marc Butty (um verdadeiro luxo, senhores), provaram que a sala da Aula Magna tem boas condições para acolher concertos, sejam de rock n’ rollBig Exit», «The Sky Lit Up» e «Bitter Branches»), de registos mais indieC’mon Billy», «Pocket Knife» e «The River»), comprimentos de onda mais etéreos («All And Everyone», «The Devil», «On Battleship Hill», «Silence» e «Angelene»), ou de qualquer outro registo musical. Foi incrível a forma como o som se mostrou tão nítido e se conseguiu compreender todas as palavras que PJ Harvey cantou (já que o contacto com o público foi mínimo). Surpreendentes, a força e o magnetismo de PJ Harvey e, acima de tudo, o seu excepcional reportório. Houve, de certo, quem ficasse desiludido, porque sucessos foram muito poucos e, pasmem-se, PJ Harvey apresentou «Let England Shake» de uma ponta à outra, tendo ainda tempo para mostrar «The Big Guns Called Me Back Again» (lado-b de «The Words That Maketh Murder»). No entanto, a sensação é a de que Polly Jean Harvey continua em excelente forma e, principalmente, continua a merecer o epíteto de «Rainha do Rock». Long live the Queen!
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Terminada a magia na Aula Magna, rapidamente percebo que ainda estava a tempo de fechar a noite da melhor forma… Corro, então, para o Lux, pois, como era de prever, o início do concerto de Twin Shadow estava demorado... O recinto estava composto, é verdade, mas as condições encontradas ficaram aquém do desejado. Se, duas horas antes, o concerto de PJ Harvey se demarcou pela primazia e profissionalismo, a actuação de George Lewis Jr. e companheiros de palco/festa revelou-se despretensiosa e assente no lado mais cool do rock com temperos dos anos 80. Compreendemos que «Forget», debut álbum de Twin Shadow, é um disco tremendamente bem produzido e repleto de excelentes canções. Sonhos pop que resultam muito bem ao vivo, mas que perdem alguma da sua força pela falta de “estrada” do projecto. George Lewis Jr. pode não conseguir controlar a voz que ainda não tem, mas canções como «At My Heels» (momento da noite em que o som se apresentou nas melhores condições), «Slow», «For Now», «Forget», «I Can’t Wait», «Shooting Holes», «Castles In The Snow» e «Tyrant Destroyed» são recompensadoras. Um bom concerto que fechou uma noite em grande.

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