domingo, 4 de setembro de 2011

2011 | Viagens à tasca em período de férias VII

Próximo destino: Estocolmo. Despeço-me das straβen berlinenses e atiro-me às gator da capital da Suécia. A oferta discográfica local despertou o meu interesse e, acima de tudo, saciou a minha sede de pop. Ora, se em Berlim foram as propostas internacionais a brilharem, em Estocolmo a minha atenção recaiu preferencialmente pelas ofertas locais. Não é novidade que a Suécia continua a produzir alguma da música mais apetecível da actualidade.


Stockholm

A primeira proposta-surpresa chegou de Gotemburgo, dos irmãos Philip e Henrik Ekström, dos The Mary Onettes. O duo Det Vackra Livet, ou se preferirem La Dolce Vita em sueco, formou-se em 2010 e o seu debut álbum homónimo era um dos grandes destaques nas lojas de discos. Synth pop resgatada aos The Cure, sem nunca esquecer os contributos de New Order e Echo & The Bunnymen. Portanto, cadência retro e excelentes melodias pop condimentadas pelo rock de 80. Foi assim que me apresentaram «Det Vackra Livet», na excelente loja de discos Pet Sounds, e bastou-me ouvir «Viljan», o single de apresentação, para me convencerem. Ritmos e riffs new wave que os irmão Ekström já exploraram nos The Mary Onettes. No entanto, as canções destes Det Vackra Livet, além de cantadas em sueco, são mais uplifting. «Det Vackra Livet» foi inspirado nas memórias das avós de Philip e Henrik e em obras literárias do psiquiatra, poeta e político Claes Andersson e é um disco radioso. Canções emotivas e melodias retiradas do baú dos Ekström. Temas nocturnos, mas, igualmente celebrativos. «Kristallen», «Barn Av En Istid», «Genom Sprickorna», «Askan», «Skammen» e, claro, «Viljan» conquistaram-me, animando e de que maneira a minha primeira passagem por Estocolmo.

Continuo na Pet Sounds, mas agora ao som de El Perro Del Mar, o projecto pessoal de Sarah Assbring, também originário da cidade de Gotemburgo. El Perro Del Mar é uma das muitas boas propostas Made in Sweden que teimam em não conseguir o seu espaço em Portugal. Não é fácil encontrarmos por cá os discos do projecto e quando acontece os preços são proibitivos. Por isso, aproveitei a estadia para comprar dois dos seus trabalhos: «Look! It’s El Perro Del Mar!» (2005) e «Love Is Not Pop» (2009). Se o primeiro reúne os vários singles e EP que marcaram o início de carreira de Sarah Assbring na editora Hybris, «Love Is Not Pop» é já o último trabalho conhecido do projecto, este editado pela independente Licking Fingers. No entanto, e apesar das melodias etéreas e das heartbreaking stories de Sarah Assbring percorrerem ambos os discos, cada um dos trabalhos apresenta a sua própria identidade. Enquanto «Look! It’s El Perro Del Mar!» exibe uma melancolia nórdica num registo despido e até mesmo descontraído, «Love Is Not Pop» mostra-nos uma fase já mais madura da composição de Sarah Assbring.
Etapas que se complementam, pois tanto morro de amores pelo childish lo-fi melódico de «This Loneliness», «Party», «Sad» e «Dog» como pelo requinte de «L Is For Love» e «Change Of Heart». Lá pelo meio ainda encontramos duas covers: «Here Comes That Feeling» (Brenda Lee) e «Heavenly Arms» (Lou Reed).

Sem comentários: