terça-feira, 17 de junho de 2008

Viagens à tasca

Para a presente postagem optei por efectuar um apanhado de alguns dos artigos adquiridos em longínquas viagens às tascas de Lisboa e arredores. Os locais escolhidos foram: a Fnac de Almada, onde descobri a colectânea «HELP: A Day In The Life» e o aditamento, em formato Maxi-Single, a «The Immaculate Collection» de Madonna através do EP «The Holiday Collection»; e aquando da abertura da nova tasca de Alfragide «alegrei-me» com os € 7,00 de «Pocket Symphony» dos franceses Air e com duas memórias dos norte-americanos !!! (Chk Chk Chk).
.
Numa altura em que se comemoram os dez anos de «Moon Safari», o fantástico debut dos Air (facto que resultou numa edição ampliada do álbum), trago a este espaço «Pocket Symphony», a proposta de 2007 do duo francês. Após terminada a empreitada «5:55», de Charlotte Gainsbourg, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel entraram em estúdio para gravar o sucessor do elegante «Talkie Walkie» (2004). Da experiência com Charlotte Gainsbourg os Air trouxeram Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (The Divine Comedy), que escrevem e cantam dois dos temas apresentados. Das restantes experiências musicais recuperam as electrónicas idealistas e, por vezes, «sonâmbulas» de início de carreira para nos oferecerem um disco introspectivo e muito atmosférico. É certo que para muitos fãs esta poderá ser a faceta mais apelativa da banda: temas como «La Femme D’Argent» e «Talisman», de «Moon Safari», ou mesmo «Alone In Kyoto», de «Talkie Walkie», continuam a merecer nota máxima. Contudo, apesar da qualidade indiscutível dos citados temas, em «Pocket Symphony» estas mesmas electrónicas andam à deriva e apesar de sonhadoras em muitos casos percorrem terrenos maçadores e redundantes, saindo poucas vezes do ponto de partida. Excepções para «Mer Du Japon» e «Photograph», os melhores temas aqui apresentados e pedaços da melhor pop oferecida pela equipa Nicolas Godin, Jean-Benoît Dunckel e Nigel Godrich.
.
Seguimos na novíssima Fnac de Alfragide para falarmos do dance-punk dos !!! (Chk Chk Chk). Foi através do empolgante «Louden Up Now» (2004) que iniciei a dança ao som destes norte-americanos. Movimentações que entretanto se intensificaram com «Myth Takes» (2007). Por isso, foi um regalo encontrar o debut «!!!» e o EP «Take Ecstasy With Me/Get Up». Por incrível que pareça, as labaredas !!! incendeiam os ouvidos de muito melómano desde o longínquo ano de 2000. A estreia homónima contabiliza quarenta e cinco minutos repartidos por sete estruturas abrasadoras. «The Step», tema de abertura, é um autêntico manifesto à folia que corre nas veias desta banda: «There ain't no givin' up, we're just now movin' on up / Straight to the top» canta Nic Offer; para mais tarde se demarcar: «They used to say we were crazy / Well look at us now, we’re amazing / And the best is still to come». «Louden Up Now» é de facto um dos discos mais marcantes e ímpares da década de 2000. Porém, o mesmo não faria tanto sentido sem estes primeiros quarenta e cinco minutos dopados de energia e não só (ouça-se, por exemplo, «Storm The Legion», no qual se ouve «LSD taught me a lot about me» e/ou «I learned a lot from smokin' pot»). Hedonismo à séria em música não aconselhável a menores de idade. Menções finais para a autêntica montanha russa de ritmos e emoções que é «There’s No Fucking Rules, Dude» e a quase brincadeira «Feel Good Hit Of The Fall» (descansem pois não se trata de nenhuma reinvenção do greatest hit «Feel Good Hit Of The Summer» dos stoner-rockers Queens Of The Stone Age).
.
O EP «Take Ecstasy With Me/Get Up» (2005) é um autêntico achado. Já aqui mencionei várias vezes a minha admiração pelas covers. Ora bem, este disco com cerca de vinte minutos de música é composto por duas versões: a primeira originalmente editada em 1994 pelos The Magnetic Fields, de Stephin Merritt, e a segunda de Nate Dogg (2003). «Take Ecstasy With Me» é shoegaze incandescente embebido em sintetizadores Kraftwerk, ritmos e coros Happy Mondays e ambientes Stone Roses. Simplesmente perfeita. Relativamente a «Get Up», a outra metade desta proposta !!!, encontramos a banda numa encruzilhada entre a soul de um Marvin Gaye e uma mistura R&B com o melhor hip-hop norte-americano. Todavia, os seus dez minutos de duração e a psicadélica segunda metade do tema dissipam algum do entusiasmo sentido no início, mas o espírito, esse é: «Twist and twist / And turn and turn / Got my, got my body burning».
.
Mudamos de tasca, de distrito e de bebidas. Na margem sul os copos começaram a rolar ao som de Madonna, que surge aqui com o EP «The Holiday Collection». Pequena compilação, em formato Maxi-Single, que resulta de uma autêntica adenda ao greatest hits «The Immaculate Collection» (1990). A ideia para esta edição surgiu após os protestos dos fãs de Madonna sobre a não inclusão de alguns dos maiores hits da cantora no alinhamento final da primeira compilação da sua carreira. Vai daí a Warner Bros. junta a versão original de «Holiday» a «True Blue», «Who’s That Girl» e a Silver Screen Single Mix de «Causing A Commotion» (original editado na banda sonora de «Who’s That Girl»). O disco não traz nada de novo, registe-se que o grafismo é idêntico ao utilizado na «obra-mãe» «The Immaculate Collection», mas é, hoje em dia, uma edição muito procurada pelos sempre sedentos seguidores da rainha da pop. Contudo, e no final parece-me que continuam a faltar alguns hits.
.
Mantenho as atenções nas compilações para destacar o álbum «HELP: A Day In The Life». Editado em 2005, esta iniciativa de alguns dos nomes mais importantes da música contemporânea celebra os dez anos sobre o lançamento do álbum «HELP Album». Ambas as colectâneas serviam para «combater» o flagelo que ainda hoje marca a vida de muitos países: a guerra. Do alinhamento final constam nomes como os Radiohead (mais um bom exercício de Thom Yorke e companhia em «I Want None Of This»); os Gorillaz (pop world music de primeira linha com o soberbo «Hong Kong», posteriormente utilizado em «D-Sides»); os Coldplay (num verdadeiro lado-b de «A Rush Of Blood To The Head», com «How You See The World N.º 2»); os The Kaiser Chiefs (através duma interessante revisitação a «I Heard It Through The Grapevine», tema notabilizado por Marvin Gaye); os The Magic Numbers (com uma das melhores propostas aqui apresentadas em «Gone Are The Days»); os Bloc Party (sentimos que «The Present» mostra-se ainda numa fase embrionária, mas a imagem de marca da banda de Kele Okereke está lá e não se saem nada mal); a dupla Keane & Faultline (com uma simpática a cover de «Goodbye Yellow Brick Road» de Elton John); e os The Go! Team (apropriação do mundo Tarantino pela banda, em «Phantom Broadcast»). Encontramos ainda faixas dos Razorlight, Emmanuel Jal, The Manic Street Preachers, Damien Rice, Tinariwen, The Coral, Mylo, Maxïmo Park, Elbow, Hard-Fi, Babyshambles e uma colaboração entre George e Antony. Contudo, o todo acaba por se superiorizar à própria soma das partes e «HELP: A Day In The Life» além de representar uma importante causa humanitária revela-se numa excelente colheita musical.
.
Para terminar da melhor forma apresento «Lucky» dos Radiohead, um dos temas que compunham o original «HELP Album» de 1995.
.

2 comentários:

bitsounds disse...

O "Pocket Symphony" a 7 € ???

é caro :)

grande desilusão, a primeira, dos Air

Shumway disse...

O EP dos !!! - Take Ecstasy With Me/Get Up - foi uma grande aquisição.
Já ando atrás dele à algum tempo.

Abraço