segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Viagens à tasca

Outra das compilações que decidi adquirir recentemente, aproveitando o preço de ocasião da Amazon, foi «An Introduction To… Elliott Smith». Edição de 2010 que inclui catorze canções de Elliott Smith (1969-2003), o malogrado singer-songwriter norte-americano que nos deixou cedo demais. Catorze soberbas composições que ainda hoje fazem história e, também, as delicias de qualquer geek indie folk com apetite pop. Elliott Smith segue o trilho folk low-fi de Nick Drake e Bob Dylan, enriquecendo a sua textura sonora com a super pop melódica que dominou toda a sua juventude, ao som de Stevie Wonder, The Beach Boys e The Beatles. As catorze canções que compõem esta introdução são extraordinárias, mas quantas outras composições podiam figurar num disco de apresentação do génio de Elliott Smith? Encontramos a love song «Between The Bars», a valsa pensada para a sua mãe «Waltz #2 (XO)», o desencanto de «Angeles», a idiossincrasia de «Ballad Of Big Nothing», «The Biggest Lie» e «Pictures Of Me», a dependência de «Needle In The Hay» e «Last Call» e o hit «Miss Misery» (numa versão caseira e menos pomposa). Ainda assim, sente-se a falta de muitas outras canções, tais como «Condor Ave», «Everything Reminds Me Of Her», «Bottle Up And Explode», «Roman Candle», «Son Of Sam», «Pitseleh», «Say Yes», «Bled White», «Rose Parade», «The White Lady Loves You More», «Junk Bond Trader», «I Didn’t Understand», ou mesmo as covers de «Thirteen» (The Big Star) e «Jealous Guy» (John Lennon). Portanto, mais catorze temas que podiam, perfeitamente, fazer uma bela introdução à obra do cantautor que admirava os The Beatles.

Joseph Arthur é outro dos meus singer-songwriters de preferência. Numa das recentes viagens à FNAC, deparei-me com «The Graduation Ceremony», o seu novíssimo disco de originais. Álbum que sucede à inconsequente aventura com os The Lonely Astronauts e ao projecto Fistful Of Mercy, o qual juntou Joseph Arthur a Ben Harper e Dhani Harrison (filho de George Harrison). Passaram seis anos desde «Nuclear Daydream» (2006), o último trabalho de Joseph Arthur em nome próprio, mas a matriz folk com condimento indie rock mantém-se inalterada. Boas notícias, portanto. Elementos que podemos encontrar na obra de Leonard Cohen, Bob Dylan, Dave Matthews, Elvis Costello, Aimee Mann, etc.. A fórmula pode já estar um pouco gasta, mas há algo na textura acústica e na voz experimentada de Joseph Arthur que me seduz. Elemento que se tinha perdido com «Let’s Just Be» (2007) e «Temporary People» (2008), mas que renasce ao som de canções como «Horses», «Call», «Someone To Love», «Out On A Limb», «Love Never Asks You To Lie» e «Watch Our Shadow Run». Não se tratará do melhor trabalho de Joseph Arthur, mas «The Graduation Ceremony» posiciona-se junto de «Big City Secrets» (1997), «Vacancy» (1999), «Come To Where I’m From» (2000), «Redemption’s Son» (2002) e «Our Shadows Will Remain» (2004).

Sem comentários: