sábado, 24 de março de 2012

Ai se eu te pego...



Podia 2012 ser o mesmo sem a música das Pega Monstro? Poder, podia, mas não era a mesma coisa. O duo, formado pelas irmãs Maria e Júlia Reis, surgiu de rompante e sem pedir licença, com a atitude certa e na melhor altura. Uma guitarra, uma bateria e muita conversa de rua («há gajas que gostam de levar na boca», em «Dom Docas»). Tudo gravado num 4 pistas por B Fachada (o Tio B para as manas Reis). Espontaneidade e urgência que nos estavam a fazer falta. Música directa e sem vergonha. Canções sujas e estridentes que se aproximam de Kurt Cobain, Pixies e Vivian Girls. Electricidade crua e melodias incríveis que parecem de fácil composição. «Pega Monstro», sucessor do EP de 2011 «O Juno-60 Nunca Teve Fita», é já um fenómeno da música portuguesa. Um produto que foi crescendo à boleia do “passa a palavra” e do hype em torno da novidade e excitação que foi ouvir cantar «hoje em dia tudo faz tão mal / não comas carne, peixe ou vegetal / porque nada faz bem / porque nada faz bem / porque nada faz bem», em «Carocho», ou mesmo, «eu já não quero ir ao cinema / cheira a pipoca (…) eu já não quero ir mais à escola / é sempre a mesma merda», em «Akon». Linguagem punk rock que percorre tudo o que há em «Pega Monstro», afamando o feito das irmãs Reis e da editora Cafetra em colocar na rua um disco que todos gostaríamos de ter escrito ou ajudado a criar.

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