quinta-feira, 22 de março de 2012

O bom trovador


Os sons de 2012 levaram-me até «Break It Yourself», o mais recente trabalho de Andrew Bird. Disco que mantém a toada folk em canto trovadoresco do singer-songwriter norte-americano. Canções bucólicas e extremamente saborosas, a que o músico já nos habituou. Composições que mantêm o rumo do antecessor «Nobel Beast», caminhando por trilhos mais pop, mais directos e cada vez mais solarengos e acessíveis. «Eyeoneye», o primeiro single de «Break It Yourself», é bem capaz de ser o tema mais radio-friendly do compositor, numa cruzada entre Neil Young e os R.E.M.. Ainda assim, o disco vive de uma folk virtuosa criada em torno do violino e da capacidade de Andrew Bird em engendrar melodias, ambientes, ritmos e paisagens “cristalindas”. Ouça-se, por exemplo, o elegante tema de abertura «Desperation Breeds…». Sedução melódica construída a partir do violino de Andrew Bird e polida com arranjos indie folk e o já característico assobio do multi-instrumentalista de Chicago. Por sua vez, «Danse Caribe» leva-nos para os mares quentes das caraíbas, mas o violino, esse, remete-nos para a cultura festiva celta. Já «Lusitania», tema que conta com a colaboração de Annie Clark (a.k.a. St. Vincent), junta a graciosidade de Gillian Welch ao onirismo desvelado de Andrew Bird. «Hole In The Ocean Floor», canção de oito minutos, é mais um exemplo do admirável mundo cancioneiro de Andrew Bird. Portanto, «Break It Yourself» não quebra com nada. Demonstra, sim, que o singer-songwriter norte-americano continua a fazer boa música, a qual merece muito ser ouvida.

Sem comentários: