quinta-feira, 15 de março de 2012

Dream in colours


Era a primeira grande noite de 2012, no que a concertos diz respeito, na cave da discoteca Lux. A sala esgotou e Anthony Gonzalez, o francês que se esconde por detrás do projecto M83, cumpriu com rigor e elevada “nota artística” as expectativas que se iam anotando no recinto, oferendo um espectáculo cheio de cor, suor, entusiasmo, canções dignas de uma “primeira liga” e a irresistível cadência pop que me tem acompanhado desde 2003. «Hurry Up, We’re Dreaming», o álbum de 2011, que se mantém na minha playlist quotidiana, resistindo às propostas de 2012, era o mote para o concerto e cedo se notou a maior cumplicidade entre o público e a banda quando as suas canções subiam a palco. Por algumas ocasiões se tomou o caminho pré-2011 dos M83 e ainda houve tempo para revisitar os conterrâneos Daft Punk, com «Fall». O resultado agradou, mas o entusiasmo intensificou-se mesmo quando se ouviram temas como «Reunion», «Intro», «Steve McQueen» e «Midnight City». Sonhos pop feitos de padrões rock minimalistas, aos quais se vão adicionando camadas de intensidade etéreo-shoegaze e cânticos merecedores de rotação massiva no canal MTV. Texturas indie e electrónicas vibrantes, conduzidas pelo guitarrista, cantor, programador e produtor Anthony Gonzalez e compassadas por um baterista com o diabo no corpo (Loïc Maurin), que nos puseram a sonhar em cores na cave do Lux. O som esteve, surpreendentemente, irrepreensível e nem os ares condicionados condicionaram a celebração da música dos M83. Houve quem reclamasse a ausência de temas como «Wait» e «Kim & Jessie», mas para mim este foi um concerto perfeito. Situação que relativizou a positiva prestação de Porcelain Raft, projecto do italiano Mauro Remiddi. O autor de um dos discos mais interessantes de 2012 optou por recorrer ao método de actuação mais económico, do “just push play”, e saiu-se muito bem. É sempre preferível ter uma banda em palco, mas também já comprovámos que nem sempre o resultado final é o melhor (recordo a desordem que marcou a estreia do projecto Washed Out, naquela mesma sala do Lux).

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