sexta-feira, 20 de julho de 2012

Optimus Alive '12: Dia 1

As expectativas eram altas. Os Radiohead regressavam a Portugal dez anos depois da última visita, na altura para promover «Hail To The Thief»; os The Cure prometiam uma maratona de êxitos e estórias temperadas com a new wave dos eighties; os Mazzy Star quebravam o silêncio que durou mais de uma década, durante os quais Hope Sandoval partilhou o palco e as suas canções com os The Warm Inventions; os The Stone Roses regressavam também aos grandes palcos para ganhar umas coroas; os The Kills estreavam-se em palcos da capital; os franceses Justice e Sebastian prometiam festa até ao amanhecer; e nomes como Santigold, Metronomy, Tricky, Caribou, SBTRKT e The Antlers ofereciam muita e boa música para animar quem quisesse passar um bom bocado. No entanto, e como é habitual nestas ocasiões, a correria entre palcos e entre universos cancioneiros foram uma constante. Não deu para ver tudo o que se desejava, principalmente na derradeira noite do festival, mas deu para assistir a belos momentos em palco.

Efectuado o reconhecimento ao recinto e explorado o ambiente criado pelos Aeroplane no palco Clubbing, fixo-me no palco Heineken para dar as boas vindas às Dum Dum Girls. Iguais a si mesmas, a banda norte-americana deu voz à pop solarenga de tempero retro que percorre os seus discos. Concerto competente, mas morno para um final de tarde quente. Seguiu-se a Miúda de que todos falam e o factor histeria, sem fundamento, deu os seus primeiros sinais de vida. Com uma atitude de “miúda” que tenta seguir a moda e a boleia do hype Lana Del Rey, Mel, Pedro Puppe e Tiago Bettencourt deram cara ao hit de verão «Com Quem Eu Quero». O público gostou, mas a sensação de desequilíbrio ficou patente. Desequilíbrio que continuou com os LMFAO. Ainda hoje estou para tentar perceber o fenómeno. O concerto foi uma verdadeira festa, com zebras e palmeiras insufláveis, bolas de praia e confettis aos molhos, leggings e sungas, danças paródicas e uma quantidade imensa de música descartável. Porém, o histerismo aliado à velocidade com que os acontecimentos se iam desenrolando em palco animou, e muito, o espaço Heineken. Ultrapassada a histeria metade do público saiu em debandada. Melhor ficámos para receber de braços abertos a pop travestida de Santi White, a.k.a. Santigold.

A norte-americana regressava a Lisboa, depois da actuação no Super Bock em Stock de 2008, para mostrar o mais recente e excelente «Master of My Make-Believe». Apesar de este ano ter trazido consigo uma banda suporte, relembro que na estreia a música era dada por um DJ, o espectáculo Santigold continua muito parecido ao de 2008, no Teatro Tivoli. Canções pop que continuam a inspirar-se no melhor que se vai ouvindo por aí: se «Go», um dos singles de «Master of My Make-Believe» e o tema que abriu o concerto, percorre os caminhos (des)torcidos do punk, «Disparate Youth», outro single, encontra no reggae a sua maior força e «Big Mouth», tema que fechou a actuação, descobre o kuduro dos nossos Buraka Som Sistema. Ainda assim, parece que a retraída prestação de Santi White corta um pouco o entusiasmo que o próprio espectáculo propõe. Julgo que com uma atitude mais expansiva o concerto de Santigold atingiria novos e melhores patamares. Porém, são as canções que aqui fazem a diferença e essas ofereceram-nos um excelente espectáculo. Seguimos, depois, para o palco Optimus para ver uns The Stone Roses, indolentes e enferrujados, a expedir clássicos para uma multidão. Passámos, então, pelo palco Clubbing para sondar o DJing de Miss Kittin. Seguiram-se os franceses Justice e apesar do excelente início, o último álbum «Audio, Video, Disco» cedo nos cortou a elevação criada. O palco pareceu grande demais para a ocasião e, por isso, acabamos a noite ao som da norte-americana Zola Jesus. Pop industrial, meio gótica, meio experimental, que tanto pisca o olho à música clássica, com a sua voz operática, como se atira de corpo e alma à electrónica mais negra (dark wave). Do pouco que se viu e ouviu, descortinámos a tal energia que faltou a Santi White e ouvimos boas canções pop. Óptimo momento que encerrou o meu primeiro dia do Optimus Alive 2012.

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