terça-feira, 24 de julho de 2012

Optimus Alive '12: Dia 3

O derradeiro dia da edição 2012 do festival Optimus Alive, o mais forte do cartaz, foi mesmo o mais concorrido. Jornada destinada, também, aos fenómenos, com os Radiohead a mostrarem-se como o principal factor desestabilizador. As T-shirts alusivas à causa e os "Radiohead freaks" eram mais que muitos.
Foi com a power soul do norte-americano Eli “Paperboy” Reed, uma mistura de James Brown com o swing de Mayer Hawthorne, que a música começou. Interessante prestação e uma voz que não esqueceremos tão facilmente. O Sr. abusou dos Yeahs, mas a festa estava montava. Por isso, dou um salto ao espaço Clubbing para abraçar um pouco da pop, com temperos electrónicos e melodias sedutoras, do duo Best Youth. No entanto, os PAUS já chamavam pelo público e, aproveitei, para conferir a versão live do excelente single «Deixa-me Ser». Não cativaram muito, confesso, e acabo por regressar ao palco Heineken para assistir à calorosa prestação das norte-americanas Warpaint. Banda que continua a apresentar o álbum de estreia «The Fool» e a apoiar-se em êxitos como «Stars», «Bees», «Elephants», «Composure» e, claro, «Undertow». Canções com ADN indie e texturas dream pop. Melodias irresistíveis que funcionaram muito bem e, não fosse o feedback irromper por duas ou três vezes, o concerto teria sido perfeito. The Maccabees foi a banda que se seguiu e o espaço Heineken encheu para ver o grupo londrino apresentar o mais recente álbum «Given To The Wild». Não conheço a carreira destes The Maccabees, mas a sua prestação no Optimus Alive já me fez correr o Youtube em busca das suas canções. Porém, nova pesquisa levou-me também ao palco principal para ver algumas das composições camaleónicas de Dan Snaith, a.k.a. Caribou. Canções elegantes e para headphones que não encaixaram muito bem no palco Optimus. Quanto aos Mazzy Star, e do que deu para ver, pois havíamos que assegurar o lugar para o concerto dos Radiohead, vislumbrou-se a negra melancolia que tanto me marcou nos anos 90. O concerto foi sombrio e Hope Sandoval assumiu a habitual postura blasé, a imagem de marca dos Mazzy Star. Não se criou empatia com o público e por isso, comenta-se, o espaço foi ficando cada vez mais desocupado.
À hora marcada, os Radiohead subiram ao palco principal para tocar «Bloom», o tema que abre também o último registo «The King Of Limbs». Álbum de 2011 que a banda ainda anda a promover e que passou quase todo pelo Optimus Alive (só «Little By Little» e «Codex» decidiram não aparecer). Ouviu-se, também, grande parte de «In Rainbows», o trabalho de 2007, e para compor o acontecimento recuperaram-se alguns dos melhores momentos de «Hail To The Thief», «The Bends», «Kid A», «Amnesiac» e, evidentemente, «OK Computer». Thom Yorke dançou, saltou e até desafinou (em «Climbing Up The Walls» fez tudo para estragar o momento), mas este era um concerto ganho. Bastava aos Radiohead subirem ao palco para o público rejubilar. Portanto, se adicionarmos a esta equação canções como «Pyramid Song», «Exit Music (For A Film)», «There There», «Nude», «Lucky», «Idioteque», «Paranoid Android», «Street Spirit (Fade Out)», «I Might Be Wrong», «Lotus Flower» e «Reckoner», o resultado será a exaltação de uma das maiores entidades criativas da pop. O desfile durou cerca de duas horas, com dois encores incluídos, encerrando ao som de «Street Spirit (Fade Out)». A adrenalina atingia, por esta altura, os seus píncaros.
Dirijo-me para o espaço Heineken, onde os SBTRKT estavam a dar o seu melhor, com «Hold On». Foi pena a prestação do londrino Aaron Jerome estar a entrar nos seus derradeiros momentos, mas o que se passou no palco obriga-me a marcar presença numa próxima visita a Lisboa do projecto SBTRKT. Canções de laboratório que soam muito bem ao vivo. Portanto, Aaron Jerome convence, também, no formato live. Quem não precisava de me convencer era a dupla The Kills. Há anos que esperava pelo momento de os ver em palco e essa sede foi finalmente saciada. Alison “VV” Mosshart e Jamie “Hotel” Hince começaram por anunciar “This ain’t no wow now / … / This ain’t no wow no more”, mas a cumplicidade entre ambos os protagonistas apaixonou-nos e o single «Future Starts Slow» logo repôs os níveis de adrenalina. O público respondeu ao desafio e foi um gozo tremendo ouvir temas como «Kissy Kissy», «Satellite», «Tape Song», «Baby Says», «Last Day Of Magic» e, claro, «Fuck The People». Lá pelo meio, e aquando de «The Last Goodbye», Alison interrompeu tudo para pedir assistência a alguém que sucumbia na plateia.
Ultrapassada a contrariedade seguiram-se «Pots And Pans» e os portentosos «Fuck The People» e «Monkey 23». I say that this deserves a fuckin’ wow!!! Entretanto, a festa dos Metronomy estava prestes a começar e, apesar de já passarem das três da manhã, o fim do festival ainda estava longe. Música electrónica com pinta de pinga amor que nos deixa a menear o corpo continuamente. Foi o encerramento perfeito ao som de «The Bay», «Corinne», «She Wants», «Heartbreaker», «Everything Goes My Way» «Radio Ladio» e «The Look». Não sei o que sentem, mas há muito tempo que eu não saía tão cheio de um dia de festival.

Sem comentários: