sábado, 21 de julho de 2012

Optimus Alive '12: Dia 2

Dia marcado pelos inúmeros sósias de Robert Smith, pela ausência já anunciada de Florence + The Machine e consequente entrada em cena dos amigos de longa data Morcheeba. Contudo, a maratona de concertos começou com a irlandesa Lisa Hannigan. Cantora e compositora que iniciou a sua carreira ao lado de Damien Rice (alguém se recorda da voz feminina que surge em «The Blower’s Daughter» e «9 Crimes»?; e do tema «Silent Night» que encerra o álbum «O»?). O que se ouviu em palco resulta da mistura da sentimentalidade Damien Rice com o éter Holly Miranda e a formalidade Amanda Palmer. Fruto que curiosamente mostrou ter alguns admiradores. A própria Lisa Hannigan mostrou-se surpreendida com a recepção. Mas, do que ouvimos, o nosso afecto até foi merecido. Seguiu-se a dupla Big Deal. Ele (Kacey Underwood) e ela (Alice Costelloe) apresentaram a sua dream pop com rótulo retro, mas o concerto foi anémico e passou-se sem qualquer efervescência. Já os Here We Go Magic, banda de Brooklyn que este ano já nos presenteou com o álbum «A Different Ship», deram conta do recado. Canções com texturas mais ornadas e um sentido de espectáculo ao vivo que tanta falta fizeram aos Big Deal. Simpática prestação que nos fez acreditar numa segunda oportunidade, agora para actuar num recinto mais acolhedor, como o Musicbox.
Sem tempo a perder, os The Antlers sobem ao palco para afinar os últimos pormenores e, sem qualquer pré-aviso, dão início ao seu segundo concerto em Lisboa no espaço de oito meses. A banda de Brooklyn continua a promover o último álbum «Burst Apart», do qual ouvimos temas como «I Don’t Want Love» e «No Widows», e Peter Silberman continua a abusar dos falsetes. Porém, e no seguimento da edição dos recentes EP «(Together)» e «Undersea», pudemos ainda aferir à face mais experimental destes norte-americanos. Não deslumbraram, até porque a música dos The Antlers vive melhor ao frio e na falta de luz do que ao calor que se fazia sentir no Passeio Marítimo de Algés, mas a prestação (a que vi) foi positiva. Sigo, então, para o palco Optimus e dou de caras com outro dos fenómenos dos anos 00, os britânicos Mumford & Sons. Confesso o meu desconhecimento da música destes londrinos, mas o espirito vivido é idêntico ao que se vê em alguns dos Irish Pubs do Cais do Sodré. A diferença residiu no número de assistentes… Quanto aos Morcheeba, detectámos algum nervosismo de Skye Edwards, aquando das primeiras palavras dirigidas ao público. Lamentou-se a ausência de Florence Welch, mas a banda de «Rome Wasn't Built In A Day» não deixou os seus créditos por mãos alheias. Com uma mão cheia de excelentes canções, com o selo de qualidade do trip-hop, os Morcheeba apresentaram-se iguais a si mesmos, ou seja, em forma, mas sem grandes euforias. Decorridos cerca de trinta minutos, durante os quais pude namorar novamente «Otherwise», passo pelo palco Clubbing para apurar o estado da arte dos Art Department (podiam ao menos disfarçar o “just push play”).
Corro para Tricky e o palco Heineken está ao rubro, com o que parece ser um encontro imediato de Tricky Kid com o heavy metal dos Motörhead e algum do público que marcava presença na área. Rebel nineties are back, baby! «Ace Of Spades» soube mesmo bem e a aparente rebeldia / anarquia que se viveu em palco transportou-me para outros tempos e outros quotidianos. A prestação de Tricky não mais atingiu a mesma adrenalina, mas do que se viu e ouviu, o regresso do britânico a Portugal foi bem sucedido. Foi ainda com Tricky em palco que Robert Smith e os seus The Cure me levaram ao palco Optimus. Estão velhinhos, é certo, mas as suas canções permanecem actuais. «Pictures Of You», «Lullaby», «End Of The World», «Lovesong» e «In Between Days» foram algumas das canções que passaram pelo Optimus Alive. É pena que os temas de «Bloodflowers», o subavaliado álbum de 2000, continuem a ser ignorados e «Burn» teimar em esconder-se das multidões. Foi já ao som de «Just Like Heaven», que segui para as concorridas eleições de SebastiAn.
O conceito da sua «Primary Tour» baseia-se na eleição do candidato SebastiAn à governação mundial, ao seu declínio e posterior destruição. Excelente desempenho, que convenceu o eleitorado através de imagens e mensagens de apoio à causa. E nem foram necessários discursos, pois a retórica deste SebastiAn está toda na sua arte “remisturadora”. Terminada a actuação ainda ouvimos ao longe os The Cure, com «Boys Don’t Cry» (impressionante, não?), mas por esta altura o destino já estava traçado e o descanso chamava por mim.

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