terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Allelujah, Allelujah!

«Allelujah! Don’t Bend! Ascend!», o novo álbum dos Godspeed You! Black Emperor (GY!BE), surge dez anos após «Yanqui U.X.O.» e numa altura em que já nos tínhamos habituado à ausência da banda canadiana. É certo que o colectivo regressou aos concertos em 2010, mas até à edição do disco nada previa a edição discográfica. No entanto, o que realmente interessa é que os GY!BE estão de regresso e continuam em grande forma. O novo disco é composto por quatro temas, sendo que «Mladic» e «We Drift Like Worried Fire», os mais extensos, resultam de regravações de «Albanian» e «Gamelan», duas peças que a banda apresenta ao vivo desde 2003. A música dos GY!BE continua visceral e instrumental. Não há poesia. Não há “cantorias”. Não há palavras mansas. O som é cru e ainda bem. Foi assim que me seduziram em 2000, com o estrondoso duplo álbum «Lift Yr. Skinny Fists Like Antennas to Heaven!» e é do mesmo modo que me continuam a aquecer com este «Allelujah! Don’t Bend! Ascend!». «Mladic» é um dos temas mais pesados e igualmente mais persuasivos dos GY!BE. Rock rude, construído em crescendo, com samples a evocar o genérico da série «Homeland» e uma secção de cordas a levar-nos até ao Médio Oriente. «Their Helicopters' Sing» resulta quase como um carregar de baterias, um interlúdio feito de feedback que nos permite enfrentar mais vinte minutos de riffs e percussões em modo montanha russa, em «We Drift Like Worried Fire». «Strung Like Lights At Thee Printemps Erable», o último momento do disco, é já a fase de descontracção e dos alongamentos. Os GY!BE continuam, portanto, a ser um oásis na música actual. Constroem temas a partir de ondas sonoras, turbilhões de riffs e muito feedback. Musicam um deserto áspero e procuram adicionar-lhe elementos políticos, propagando, ainda que de forma controlada, uma anarquia musical difícil de simular. Os GY!BE estão de regresso aos discos. Allelujah, Allelujah!

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